sexta-feira, 14 de junho de 2024

Eric (2024)

 

Eric (2024). Dir: Lucy Forbes. Netflix. "Eric" é uma minissérie em seis capítulos que é tão ambiciosa quanto decepcionante. A princípio, "Eric" trata do desaparecimento de um menino de uns dez anos, Edgar (Ivan Howe), na Nova York de 1985. O pai, Vincent (Benedict Cumberbatch) é um "bonequeiro" estilo Jim Henson que tem um programa infantil de sucesso na televisão educativa. Vincent é um gênio na criação de bonecos, mas é um "mala" profissional. Insuportável, ele briga com tudo e com todos, dos companheiros de trabalho à esposa, Cassie (Gaby Hoffmann), com quem tem um relacionamento conturbado. Uma manhã o menino vai sozinho à escola e desaparece no caminho.

O que parece ser o início de uma série sobre o sequestro de uma criança, estilo "O Resgate" ou "Os Suspeitos", acaba se transformando em várias outras coisas. Entra o personagem do policial Ledroit (McKinley Belcher III), um detetive negro que esconde um segredo (ele é homossexual); nos EUA dos anos 1980, Ledroit esconde a vida privada, que divide com um namorado à beira da morte (é o auge da epidemia de AIDS) e vive culpado por não ter encontrado outro garoto perdido, que sumiu há quase um ano.

As tramas, ao invés de trabalharem juntas, por vezes competem entre si e parece que estamos vendo séries diferentes. Em uma, Cumberbatch procura pelo filho, mas também quer lançar um personagem novo no programa infantil, quer tentar salvar o casamento e batalha com o alcoolismo. Há também uma trama envolvendo a relação difícil dele com o pai, um rico empreendedor imobiliário. Na outra trama, o policial Ledroit procura pelo garoto branco, investiga policiais corruptos, tenta lidar com a mãe do outro garoto desaparecido e ainda tem que lidar com a própria identidade. Há também outra trama lidando com um político corrupto e o combate aos moradores de rua no submundo de Nova York. A série, de seis capítulos, tenta equilibrar todos esses temas mas nem sempre consegue.

Destaque para a ótima reconstituição de época, que mostra Nova York nos anos 1980 em bela fotografia e efeitos visuais. A série, na verdade, foi rodada em estúdios em Budapeste, mas você acredita que está na "Big Apple" o tempo todo. Tá na Netflix. 

Maratona da Morte (Marathon Man, 1976)

Maratona da Morte (Marathon Man, 1976). Dir: John Schlesinger. Antes tarde do que nunca? Eu com certeza vi partes deste filme na TV em algum "Corujão" da Globo, mas só hoje posso dizer que o assisti "de verdade". Filmão anos 1970 clássico, cru, bem filmado e editado, com crédito extra a Garrett Brown, o inventor da "steadycam", que deve ter corrido um bocado para acompanhar Dustin Hoffman por Nova York. O grande Laurence Olivier está ótimo, claro, como um nazista fugido que vota à "big apple" atrás de uma fortuna em diamantes. E o que dizer do sempre competentíssimo Roy Scheider, que fez nos anos 70 filmes como "Operação França", "Tubarão", "Marathon Man", "Comboio do Medo" e "All that Jazz", entre outros?


O roteiro de William Goldman tem cenas como a clássica sessão de tortura usando instrumentos de dentista e a ótima sequência em que Olivier, um nazista em Nova York, se vê em pleno bairro judeu tentando avaliar uns diamantes. Onde assistir: tem uma cópia porca no canal Looke, da Amazon, mas achei uma muito mais decente na internet.