Ripley (2024). Direção: Steven Zaillian. Ótima minissérie em oito capítulos baseada em um série de livros escritos por Patricia Highsmith entre os anos 1950 e 1980. O primeiro livro teve várias adaptações, a mais famosa talvez seja "O Talentoso Ripley", dirigido por Anthony Minghella e estrelado por Matt Damon, Jude Law e Guinneth Paltrow. Esta nova versão da Netflix é esteticamente bastante diferente da do cinema. A série é filmada em belíssimo preto e branco com direção de fotografia de Robert Elswit, que fez vários filmes de Paul Thomas Anderson (Magnólia, Sangue Negro, etc). Steven Zaillian, que é um dos roteiristas mais ocupados de Hollywood (ganhou o Oscar com "A Lista de Schindler", de Spielberg), dirige "Ripley" como um filme dos anos 1950 e 1960. A câmera é quase sempre fixa e o movimento é dado pelos personagens, em tela. A edição também não é o corta/corta/corta das produções atuais.
Tom Ripley é interpretado por Andrew Scott, que já brilhou em séries como "Sherlock" e "Fleabag" anteriormente. Seu Ripley talvez seja mais velho do que o ideal, mas Scott está ótimo, sutil e quase sempre calado. Quando seu personagem fala, porém, é quase sempre uma mentira. A série tem um prólogo em Nova York e parte para as belas paisagens da Itália do pós guerra. Tom Ripley é enviado para lá para tentar convencer Robert Greenleaf (Johnny Flynn) a retornar aos EUA. O pai, construtor de navios, o quer de volta. Greenleaf, porém, quer distância da família, mas não do dinheiro deles. Ele diz que é "artista", mas pinta muito mal alguns retratos e paisagens. A namorada, Marge (Dakota Fanning), também tem dinheiro e diz que está escrevendo um livro. O personagem de Tom Ripley escancara a hipocrisia dessas pessoas, conquistando a amizade de Greenleaf e, aos poucos, criando raízes na Itália.
Há mortes e bastante suspense, mas Ripley não é exatamente um super vilão. Há um episódio inteiro dedicado a mostrar como é complicado se livrar de um corpo em Roma, por exemplo. Imagino que Ripley seria preso em questão de dias se vivesse na sociedade de hoje, com exames de DNA e técnicas forenses. Na época da série, um bom pano de chão resolvia bastante coisa. Os roteiros (todos adaptados por Zaillian) cobrem o primeiro livro e dá pistas para os seguintes. Eu li os dois primeiros e, além do filme com Matt Damon, vi também uma versão interpretada por John Malkovitch ("Ripley´s Game", de 2002), mas diria que esta minissérie traz a melhor versão do personagem. Tá na Netflix.