American Fiction (2023). Dir: Cord Jefferson. Ótima sátira, com doses de drama, a respeito de um escritor negro de Los Angeles chamado Monk (Jeffrey Wright). Monk é um escritor que não vende muito. "Seus livros não são 'negros' o suficiente", diz seu editor. "Eu sou negro, então meu livro é um 'livro negro'", ele retruca. Aparentemente, não é assim que o mercado vê. Uma escritora jovem, Sintara (Issa Rae), está fazendo sucesso com um livro, que, na opinião de Monk, está cheio de estereótipos do que os brancos imaginam ser a "luta negra". Em uma brincadeira, ele resolve então escrever um "livro negro" para satisfazer o mercado, cheio de clichês e gramática errada. Para sua surpresa, o livro se torna um sucesso.
Há um lado dramático que mostra a família de Monk, composta por uma irmã médica (Tracee Ellis Ross) e um irmão cirurgião plástico (Sterling K. Brown). Eles têm recursos, moram em Boston e têm uma casa na praia. Monk se vê cuidando da mãe com Alzheimer e tendo que lidar com a família, da qual se distanciou. Há também espaço para um romance com Coraline (Erika Alexander), uma vizinha. O filme mostra o contraste entre essa família negra de classe média alta, lidando com seus problemas, e os negros retratados pela mídia, geralmente como criminosos ou vítimas a serem salvas pelos brancos.
A mistura entre drama e sátira nem sempre funciona. Há algumas questões levantadas pelo roteiro que poderiam ser melhor trabalhadas (a escritora negra jovem, por exemplo, porque ela escreveu aquele livro? Foi só pelo dinheiro?), e o final, bastante satírico, deixa algumas pontas soltas. "American Fiction" está indicado a vários Oscars importantes, como melhor filme, ator (Jeffrey Wright), ator coadjuvante (Sterling K. Brown), trilha sonora (Laura Karpman) e roteiro adaptado (Cord Jefferson). A produção é da Amazon, mas ele ainda não está disponível no streaming.
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