Priscilla (2023). Dir: Sofia Coppola. A história de Priscilla Presley parece feita sob medida para o cinema de Sofia Coppola. Um cinema às voltas com personagens meio perdidas, procurando a aprovação e/ou atenção de um personagem mais velho ("Encontros e Desencontros"), ou mesmo do pai ("As Virgens Suicidas", "Um Lugar Qualquer" e "On the Rocks"). Aqui, Coppola aponta suas lentes para uma menina de 14 anos chamada Priscilla Beaulieu. Ela morava na Alemanha em uma base militar na mesma época em que Elvis Presley estava no exército. Priscilla é interpretada por Cailee Spaeny como uma garota solitária e com saudades dos EUA. Um amigo de Elvis a convida para uma festa da casa do "rei" e é amor à primeira vista.
Ao contrário da biografia exagerada feita por Baz Luhrmann em 2022, este é um filme quieto e calmo. O foco aqui não é Elvis, mas a menina que ele levou para os EUA e colocou sob uma redoma de vidro em Graceland, o rancho dos Presley. Elvis é interpretado por Jacob Elordi, que não se parece muito com Elvis, mas convence bastante. A relação entre ele e a garota mistura um conto de fadas com uma história de terror. Apesar de ficar com muitas mulheres estrada afora, em casa Elvis é um cavalheiro que diz à jovem namorada que eles não podem "se deixar levar pelos desejos". Ao mesmo tempo, ele a vicia em vários tipos de remédios (para dormir, para ficar acordado) e a leva a lugares não apropriados à idade dela (como Las Vegas).
O filme tem boa recriação de época mas a trilha sonora tem vários momentos anacrônicos, com músicas modernas tocando por cima de montagens dos anos 1960. Li uma entrevista de Coppola em que ela dizia que não queria pintar Elvis como um "vilão", mas ele é mostrado, no mínimo, como um idiota. Carente, narcisista e controlador, ele trata a garota como um bibelô, enquanto está sempre cercado de vários "amigos" puxa-sacos que fazem todas as suas vontades. O roteiro é baseado nas memórias da própria Priscilla Presley. Nos cinemas.
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