Império da Luz (Empire of Light, 2022). Dir: Sam Mendes. Star+. Superficialmente, "Império da Luz" é um filme belíssimo. Passado, em grande parte, em um luxuoso cinema, a direção de arte de Mark Tildesley e a fotografia de Roger Deakins transformam cada plano em uma pintura. Tudo isso embalado por uma bela trilha de Trent Reznor e Atticus Ross. A grande Olivia Colman encabeça um elenco que ainda conta com Colin Firth e Toby Jones, entre outros. Tudo é ricamente mostrado, interpretado e bonito de se ver.
No entanto, nem tudo funciona direito. O roteiro de Sam Mendes atira para todos os lados. O filme lida com vários assuntos relevantes como saúde mental, racismo e feminismo. No meio destes assuntos pesados, tenta também encaixar uma "carta de amor ao cinema" aos moldes de "Cinema Paradiso" (Giuseppe Tornatore, 1981) ou, talvez, "A Rosa Púrpura do Cairo" (Woody Allen, 1985). O resultado, no entanto, soa artificial. Colman interpreta Hillary, a gerente de um cinema em uma cidade costeira da Inglaterra. Ela é solitária, toma ansiolíticos e tem um "relacionamento" com o dono do cinema (Colin Firth), que mais parece uma série de abusos sexuais.
Um dia começa a trabalhar no cinema um rapaz negro e bonito chamado Stephan (Micheal Ward). Hillary se apaixona pelo moço, que corresponde, mas fica difícil entender a relação entre os dois. É amor? Carência? Há uma cena (até bonita) envolvendo um pombo com a asa quebrada que carrega demais no simbolismo. O fato de Stephan ser negro rende algumas cenas de racismo, mas o filme não perde o tom de um belo cartão postal nem em uma cena que deveria ser violenta. Há subtramas que não vão a lugar algum (como uma ex-namorada de Stephan que aparece e desaparece sem efeito nenhum). Há alguma cenas melodramáticas quando Hillary para de tomar os remédios.
No meio de tudo isso ainda há o "amor pelo cinema", em sequências perdidas como uma premiere de "Carruagens de Fogo" (Hugh Hudson, 1981) ou quando Hillary assiste, sozinha, a "Muito Além do Jardim" (Hal Ashby, 1979). Enfim, um filme tecnicamente belíssimo mas, ao contrário da fotografia do mestre Roger Deakins, bastante sem foco. Disponível na Star+.
Nenhum comentário:
Postar um comentário