A Grande Virada (The Company Men, 2010). Dir: John Wells. Netflix. Um daqueles filmes que podem ser classificados como "problemas de primeiro mundo", "A Grande Virada" tem grande elenco e é entretenimento competente, embora bastante raso. Ele se passa depois da crise financeira nos EUA no final da primeira década dos anos 2000. Um filme muito melhor chamado "Margin Call" (J. C. Chandor, 2011) foi feito mais ou menos na mesma época, e é muito menos televisivo e mais realista a respeito.
"A Grande Virada" lida com diversos personagens que trabalhavam em uma empresa chamada GTX, que costumava fabricar navios em grandes estaleiros, contratando milhares de pessoas. Com o tempo, a empresa foi mudando para a exploração financeira e, na época em que se passa o filme, está mais preocupada em "manter os acionistas felizes" e render milhões em bônus para os fundadores do que em produzir alguma coisa. Isso significa que milhares de pessoas devem ser demitidas, em todos os cargos hierárquicos, mas o filme parece mais preocupado com a "nata", gente como o personagem de Ben Affleck, que ganha "só" 150 mil dólares por ano, ou com o personagem de Tommy Lee Jones, que ganha milhões. O filme mostra como Affleck, que dirige um Porshe (não quitado), tem uma casa enorme e joga golfe semanalmente, de repente se vê desempregado aos 37 anos e sem muitas expectativas. Rosemarie DeWitt faz aquelas esposas fiéis e dedicadas, que de vez em quando tem que puxar a orelha do marido porque ele ainda quer pagar o country club, mesmo desempregado e a ponto de perder a casa.
O elenco ainda conta com Kevin Costner como um trabalhador "comum", um homem com um trabalho "real" de construir casas com as próprias mãos, em contraste com o personagem de Affleck, que apenas especula com o dinheiro dos outros. Claro que após meses desempregado, Affleck vai ter que engolir o orgulho e "bater laje" com Costner, aprendendo uma valiosa lição.
O filme é escrito e dirigido por John Wells, que veio da TV americana de séries de prestígio como "The West Wing" ou "E.R.". A direção é competente e o filme conta com a fotografia de Roger Deakins (é o segundo filme em seguida de Deakins que eu vejo, curiosamente), mas o roteiro parece ter sido cortado em algumas partes. A personagem de Maria Belo passa de amante a segunda esposa de Tommy Lee Jones sem muita explicação, para depois ter uma conversa com ele em que, pelo jeito, eles se separaram, mas isso não foi mostrado no filme. O final (a "grande virada" do título nacional) parece ter sido decidido no par ou ímpar. Tá na Netflix.
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