domingo, 23 de abril de 2023

Deixe-o Partir (Let him go, 2020)

Deixe-o Partir (Let him go, 2020). Dir: Thomas Bezucha. Netflix. Pelo título, capa e sinopse, "Deixe-o partir" parece uma daqueles dramalhões para se assistir em um sábado à noite, cheio de lágrimas e lições de vida. Na verdade, o filme é uma espécie de Western moderno, passado nos anos 1960, com um elenco encabeçado por um sóbrio Kevin Costner e por Diane Lane (curiosamente, os dois interpretaram os pais adotivos do Superman de Henry Cavill). Costner e Lane são um casal entrando na terceira idade que têm um rancho onde criam cavalos. O filho mais velho morre em um trágico acidente, deixando uma jovem esposa e um garotinho, Jimmy, para trás.

Alguns anos depois, a viúva se casa de novo com um rapaz chamado Donnie Weboy (Will Brittain), que não é coisa boa. O rapaz bate na esposa e no enteado pequeno, para desespero de Diane Lane, avó do menino. Um dia ela vai visitá-los e descobre que eles desapareceram sem dar notícia. Lane volta para casa, arruma uma mala grande para ela e para o marido. "O que você pretende fazer?", pergunta Costner. "Vou pegar meu neto", responde a mulher. Começa assim um "road movie" em que o velho casal vaga pelo meio oeste americano em busca da nora e do neto. As poucas notícias que eles encontram sobre a família Weboy não são boas. Costner tenta dissuadir a mulher, alegando que a mãe do menino nunca vai deixá-lo partir. Ela é irredutível.

Não vou revelar o que acontece depois, mas o filme se torna cada vez mais sombrio e pesado. A atriz Lesley Manville está ótima com uma matriarca que parece ter saído de algum Western antigo. Há ecos de John Ford e dos irmãos Coen. A fotografia é sombria e o filme tem boa trilha sonora de Michael Giacchino. Kevin Costner e Diane Lane estão ótimos como o velho casal. Tá na Netflix.

sábado, 22 de abril de 2023

Os Três Mosqueteiros: D´Artagnan (Les trois mousquetaires: D'Artagnan, 2023)

Os Três Mosqueteiros: D´Artagnan (Original title: Les trois mousquetaires: D'Artagnan, 2023). Dir: Martin Bourboulon. Filme de aventura francês à moda antiga, baseado no livro popular de Alexander Dumas (lançado em 1844). "Os Três Mosqueteiros" teve dezenas de versões para o cinema, começando com o cinema mudo, animações, comédias e até uma versão americana "teen" com Kiefer Sutherland, Charlie Sheen e Chris O´Donnell, nos anos 1990. Os espadachins do rei voltam agora às telas na versão original francesa, na primeira de duas partes que vão contar a história dos heróis.

É um filme de "capa e espada" legítimo, com bastante ação mas não só isso; há também espaço para intrigas palacianas, romance (e "bromance") e várias cenas de esgrima, filmadas com uma câmera que balança demais em longos planos sequência. Ao contrário do figurino colorido geralmente mostrado nas versões americanas, este filme francês é um pouco mais realista e mostra os mosqueteiros como homens com roupas escuras (e sujas), mulherengos e rápidos em desafiar alguém para um duelo. A cena em que o jovem D´Artagnan (François Civil) chega a Paris e, em poucas horas, acaba ofendendo e sendo desafiado por Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris) é famosa e engraçada.

A trama é um pouco confusa e envolve uma conspiração dos protestantes para derrubar o Rei da França, Luís (Louis Garrel) e caluniar a Rainha Anne (Vicky Krieps, de "Trama Fantasma"); embora "caluniar" talvez não seja a palavra certa, porque a Rainha tem culpa no cartório, um romance secreto com um Príncipe da Inglaterra. Eva Green (de "Cassino Royale") é uma misteriosa Milady que está envolvida em várias tramas com o Cardeal Richelieu (Eric Ruf). Há várias cenas de lutas de espadas intercaladas por conspirações na corte e tentativas de D´Artagnan em conquistar uma criada da Rainha, Constance Bonacieux (Lyna Khoudri). A segunda parte foi filmada junto e, creio, ainda será lançada este ano. Nos cinemas. 

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Kill Boksoon (2023)

 
Kill Boksoon (2023). Dir: Sung-hyun Byun. Netflix. Há um bom filme de 90 minutos dentro deste loooongo filme de ação coreano de 137 minutos. Estrelado por Jeon Do-yeon (de "The Housemaid") como uma assassina profissional, "Kill Boksoon" é muito bem feito, bem interpretado e tem um roteiro que seria ótimo com, no mínimo, 30 minutos a menos (mas eu tenho achado isso da maioria dos filmes ultimamente, então talvez o problema seja eu?).


Gil Boksoon (Jeon Do-yeon) é uma assassina de elite de uma "empresa" coreana chamada MK. Veterana, ela está no fim do seu contrato e pensando em parar. O motivo seria a filha adolescente, Gil Jae Yeong, que está em uma fase difícil. Como uma jogadora de xadrez, Boksoon tem a habilidade de ver vários movimentos à frente quando enfrenta um adversário. Assim, diversas vezes a vemos sendo morta por alguém... aí a cena volta para o início e ela tenta uma manobra diferente. O mesmo acontece quando ela tem que lidar com a filha (para ver como ela tem dificuldades em ser mãe, já que encara a filha da mesma forma como seus alvos). Já vimos antes no cinema histórias de assassinos que têm que manter uma fachada quando em suas vidas "normais", e aqui não é diferente.

As boas cenas de ação e luta corpo a corpo são bem poucas quando comparadas a intermináveis cenas em que se discute de tudo; há cenas intermináveis em um bar em que assassinos de "classes" diferentes conversam. Há cenas intermináveis em "reuniões de diretoria" das empresas de assassinos. Há cenas intermináveis em que os irmãos (homem e mulher, que mais parecem amantes) donos da MK tentam decidir o que fazer com Boksoon, que nunca segue as regras. Em meio a tudo isso, como disse, há um bom filme de ação e um bom filme da relação entre uma mãe e sua filha (assunto de vários filmes ultimamente, como o também interminável "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo"). Tá na Netflix. 

Irmãos de Honra (Devotion, 2022)

 Irmãos de Honra (Devotion, 2022). Dir: J.D. Dillard. Amazon Prime Video. Filme super comportado que nem dá para ser chamado de "filme de guerra". É passado um pouco antes da Guerra da Coréia, chamada de "a guerra esquecida", nos anos 1950. Em um ano em que foi lançado "Top Gun: Maverick", "Irmãos de Honra" parece um filme da Sessão da Tarde.

O que não significa que seja ruim. As poucas cenas de batalhas aéreas (e terrestres) são bastante bem feitas. O ritmo lento parece vir de um cinema à moda antiga; é longo, duas horas e vinte minutos, para contar uma história de camaradagem entre aviadores que, de novo, parece velha em ano de reprise de Top Gun. Um dos atores, inclusive, está nos dois filmes, Glen Powell, que interpreta o tenente Tom Hudner. O parceiro é vivido por Jonathan Majors, que interpreta o primeiro aviador negro da Marinha americana, Jesse Brown.

Acompanhamos um grupo de aviadores enquanto eles treinam com um caça novo (o Corsair), aprendem a pousar em um porta-aviões, são enviados à Europa, passeiam por Cannes (em uma sequência de meia hora que, sinceramente, poderia ter sido cortada, mesmo eles tendo encontrado Elizabeth Taylor), e finalmente chegando à fronteira entre a Coréia e a China. Há momentos de camaradagem, há cenas de racismo enfrentado pelo aviador negro, há boas sequências aéreas. Nada de memorável. Disponível na Amazon Prime Video.