O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone (The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone, 2020). Dir: Francis Ford Coppola. Netflix. Para começo de conversa, eu nunca achei o terceiro filme da saga "O Poderoso Chefão" ruim. Não estava no mesmo nível dos dois filmes lançados nos anos 1970, mas era uma boa conclusão aos épicos sobre a Máfia dirigidos por Coppola (baseados no livro de Mario Puzzo). A crítica foi de morna a selvagem. Foi considerado um filme "menor" e a presença de Sofia Coppola no papel da filha de Michael Corleone, desastrosa (de novo, também não achei a interpretação dela ruim; é claramente uma atriz amadora, chamada às pressas para substituir Winona Ryder, que desistiu do papel no ultimo minuto).
Trinta anos depois do lançamento, Francis Ford Coppola resolveu lançar esta nova versão, chamada de "Coda: The Death of Michael Corleone". "Coda" significa epílogo, conclusão. É como que um pedido de desculpas de Coppola, apresentando uma edição reeditada e melhorada. Curiosamente, é um filme mais curto do que o original (as "edições especiais" costumam ter cenas a mais, não a menos). Este filme é uns quinze minutos mais curto do que o original, e realmente me pareceu mais fluido. Ele já começa com Michael Corleone (Al Pacino) negociando com o Arcebispo Gilday (Donal Donnelly); ele pagaria 600 milhões de dólares ao Vaticano em troca do controle de uma empresa multinacional que o tornaria o homem mais rico do mundo. Não só isso... a negociação precisaria do apoio do próprio Papa, o que traria, aos olhos de Michael Corleone, "absolvição" por uma vida de crimes e pecados.
"Absolvição", aliás, é o tema deste desfecho. Ou a tentativa de absolvição. Michael Corleone nunca quis seguir os passos do pai (interpretado por Marlon Brando no primeiro filme e De Niro no segundo), mas as circunstâncias o tornaram um dos homens mais poderosos e temidos do mundo. Esta versão, além de mais curta, troca algumas cenas de lugar e deixa a trama mais clara. Coppola trabalhou novamente com o mágico Gordon Willis na direção de fotografia, com seus claros e escuros, e direção de arte deslumbrante de Dean Tavoularis. O elenco traz Andy Garcia como Vincent, o provável herdeiro do império Corleone (por anos se falou em filmes com seu personagem, mas eles nunca aconteceram). Diane Keaton, Talia Shire, Eli Wallach, George Hamilton, Bridget Fonda, Joe Mantegna, entre dezenas de outros, completam o elenco.
Há uma mudança sutil na última imagem do filme (que não vou revelar), que a deixa ainda mais trágica. Acho que Al Pacino deveria ter levado um Oscar só por aquela cena, incrível, um pouco antes, em que ele dá um grito silencioso (ideia do editor Walter Murch), terrivelmente desesperado, em frente à Ópera de Palermo. Tá na Netflix.
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