terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
Se estas paredes cantassem (If these walls could sing, 2022)
domingo, 19 de fevereiro de 2023
O Fio Invisível (Distancia de rescate, 2021)
O Fio Invisível (Distancia de rescate, 2021). Dir: Claudia Llosa. Netflix. Suspense psicológico que estaria mais à vontade em um festival do que perdido nas telas da Netflix, "O Fio Invisível" fascina mas deixa a desejar. Bem feminino, mostra a ligação das mães com seus filhos, misturando delírios, feitiçaria e, estranhamente, um final bastante ligado à realidade.Amanda (María Valverde) vai para uma casa no interior chileno para passar o verão e esperar pelo marido. Ela tem uma filha pequena, Nina (Guillermina Sorribes Liotta) à qual é muito ligada. Ela então conhece uma mulher chamada Carola (a argentina Dolores Fonzi), uma vizinha sexy com quem começa uma amizade. Só que Carola tem um filho "estranho" chamado Davi (Marcelo Michinaux), de quem ela claramente tem medo.
A trama é contada de forma fragmentada, através de um diálogo interno entre Amanda e Davi. Amanda está claramente doente (morrendo?) e é vista sendo arrastada por uma floresta. O garoto Davi pede que ela se lembre de todos os detalhes desde que conheceu Carola, para que ela (e o espectador) possa entender o que a levou até onde está agora. Confuso? Sim. "Artístico"? Bastante. Vale a pena? O filme é bem bonito, com bela fotografia de Oscar Faura e trilha sonora de Natalie Holt. Como disse, parece mais um "filme de festival" do que um lançamento da Netflix. É cheio de suspense e nem tudo é feito para ser entendido. Há uma explicação final que me pareceu simplória (tudo isso para isso?). É melhor do que ver "Na sua casa ou na minha" (este sim, um Netflix Movie típico)? Com certeza. Tá na Netflix.
sábado, 11 de fevereiro de 2023
Os Banshees de Inisherin (The Banshees of Inisherin, 2022)
sábado, 4 de fevereiro de 2023
O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone (The Godfather Coda: The Death of Michael Corleone, 2020)
Trinta anos depois do lançamento, Francis Ford Coppola resolveu lançar esta nova versão, chamada de "Coda: The Death of Michael Corleone". "Coda" significa epílogo, conclusão. É como que um pedido de desculpas de Coppola, apresentando uma edição reeditada e melhorada. Curiosamente, é um filme mais curto do que o original (as "edições especiais" costumam ter cenas a mais, não a menos). Este filme é uns quinze minutos mais curto do que o original, e realmente me pareceu mais fluido. Ele já começa com Michael Corleone (Al Pacino) negociando com o Arcebispo Gilday (Donal Donnelly); ele pagaria 600 milhões de dólares ao Vaticano em troca do controle de uma empresa multinacional que o tornaria o homem mais rico do mundo. Não só isso... a negociação precisaria do apoio do próprio Papa, o que traria, aos olhos de Michael Corleone, "absolvição" por uma vida de crimes e pecados.
"Absolvição", aliás, é o tema deste desfecho. Ou a tentativa de absolvição. Michael Corleone nunca quis seguir os passos do pai (interpretado por Marlon Brando no primeiro filme e De Niro no segundo), mas as circunstâncias o tornaram um dos homens mais poderosos e temidos do mundo. Esta versão, além de mais curta, troca algumas cenas de lugar e deixa a trama mais clara. Coppola trabalhou novamente com o mágico Gordon Willis na direção de fotografia, com seus claros e escuros, e direção de arte deslumbrante de Dean Tavoularis. O elenco traz Andy Garcia como Vincent, o provável herdeiro do império Corleone (por anos se falou em filmes com seu personagem, mas eles nunca aconteceram). Diane Keaton, Talia Shire, Eli Wallach, George Hamilton, Bridget Fonda, Joe Mantegna, entre dezenas de outros, completam o elenco.
Há uma mudança sutil na última imagem do filme (que não vou revelar), que a deixa ainda mais trágica. Acho que Al Pacino deveria ter levado um Oscar só por aquela cena, incrível, um pouco antes, em que ele dá um grito silencioso (ideia do editor Walter Murch), terrivelmente desesperado, em frente à Ópera de Palermo. Tá na Netflix.
Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness, 2022)
Quando achamos que o filme vai ser só sobre esses dois, há uma segunda parte passada em um iate de luxo, com a "nata" dos super ricos a bordo. O filme tem várias cenas satíricas envolvendo os ricaços, como quando uma mulher exige que toda a tripulação desça pelo tobogã, por exemplo. O clímax, no entanto, é uma longa e desconfortável sequência que envolve tempo ruim, muito vômito e esgoto literalmente saindo pelas privadas. Ah, e Woody Harrelson faz uma participação especial.
Há uma terceira parte que me pareceu baseada no livro "O Senhor das Moscas". Há uma curiosa inversão de papéis mas acho que funcionaria melhor se tivéssemos conhecido a personagem da faxineira antes. Resumindo, acho que "Triângulo da Tristeza" é mais longo do que deveria (como muitos filmes ultimamente), com 147 minutos, e vale mais por momentos isolados do que no geral.
Certas Pessoas (You People, 2023)
Certas Pessoas (You People, 2023). Dir: Kenya Barris. Netflix. O tipo de filme que, pelas pessoas envolvidas, deveria ter sido muito mais engraçado. Eddie Murphy, Jonah Hill, Julia Louis-Dreyfuss, David Duchovny (completamente desperdiçado), em uma comédia romântica que tinha tudo para render mais.
É aquele tipo de filme do tipo "meet the parentes" ("conhecendo os pais"). Johan Hill é um podcaster branco que se apaixona por uma figurinista negra, Amira (Lauren London); os dois têm boa "química", mas o filme parece com pressa e você mal os vê se conhecendo e já há um pulo no tempo para seis meses no futuro, com planos de casamento. Estranhamente, em seis meses as famílias ainda não haviam se conhecido. Os pais de Amira são o grande Eddie Murphy e Nia Long. Os pais e Jonah Hill são David Duchovny e Julia Louis-Dreyfuss. Além da questão racial, há outra ainda mais complicada: os brancos são judeus e os negros são muçulmanos. Há um monte daquelas cenas desconfortáveis que você imagina e, sim, há uma "mensagem" interessante tentando ser passada pelo filme.
Só que nada se aprofunda muito. Pior, tudo se resolve em um final bobinho, bobinho. Eddie Murphy, um dos melhores comediantes de todos os tempos, está preso sendo o "pai chato" e quase não muda de expressão. David Duchovny mal aparece. Julia Louis-Dreyfuss é a que mais se destaca. Não é um filme ruim, mas não sabe direito a que veio. Tá na Netflix.
The White Lotus - 2ª Temporada (2022)
The White Lotus - 2ª Temporada (2022). Dir: Mike White. HBO Max. "The White Lotus" retorna à HBO com sua mistura de paisagens maravilhosas, hotéis de luxo e pessoas podres. Enquanto a primeira temporada se passava no Havaí, esta segunda acontece no "velho mundo", a Europa, em um hotel paradisíaco na costa da Sicília, Itália.
Apenas uma personagem principal retorna da temporada anterior, a milionária sem noção Tanya (Jennifer Coolidge). O resto dos personagens inclui um trio de Los Angeles que está à procura de sua raízes, interpretados por um patriarca mulherengo (o grande F. Murray Abraham), seu filho produtor de cinema (Michael Imperioli, o Christopher da série "The Sopranos") e o neto, Albie (Adam DiMarco). Há também dois casais (Meghann Fahy e Theo James; Aubrey Plaza e Will Sharpe), novos ricos do ramo da tecnologia e finanças que vieram passar uma semana na Itália. Jennifer Coolidge traz junto sua assistente, Portia (Haley Lu Richardson), que quer viver "uma grande aventura" na Itália (ela consegue).
São sete episódios mostrando a relação dessas pessoas entre si, com um complicador: duas jovens prostitutas italianas (Simona Tabasco e Beatrice Grannò) que estão à caça de um(a) estrangeiro(a) rico(a) e se envolvem com vários dos hóspedes do hotel. Os roteiros e direção são de Mike White, que não se cansa de mostrar o lado "sombrio" de cada personagem. Assim como na primeira temporada, há um contraste interessante entre as paisagens belíssimas e a constante falta de noção destes personagens ricos, egocêntricos e perdidos. Aybrey Plaza, que geralmente interpreta personagens soltas e desencanadas, surpreende aqui como uma mulher reprimida que é ótima em achar o problema dos outros, mas não nela mesma. O trio de Los Angeles não consegue quebrar um padrão de comportamento misógino que envolve traições e problemas conjugais. O rapaz mais novo tenta ser diferente e ser "bonzinho", mas todo mundo sabe o que acontece com pessoas "boazinhas".
Há também um núcleo italiano representado, além das jovens prostitutas, pela gerente do hotel, Valentina (Sabrina Impacciatore, ótima), e outros empregados. É tudo muito bem filmado nas paisagens da Sicília, com suas belas praias e palacetes centenários. Há um bocado de cenas de nudez tanto masculina quanto feminina. E, claro, várias referências a "O Poderoso Chefão". Disponível na HBO Max.