sábado, 14 de janeiro de 2023

As Linhas Tortas de Deus (Los renglones torcidos de Dios, 2022)

 
As Linhas Tortas de Deus (Los renglones torcidos de Dios, 2022). Dir: Oriol Paulo. Netflix. Se eu tivesse ganhado um real para cada pessoa que me falou deste filme eu estaria rico, rs. "As Linhas Tortas de Deus" é mais um filme do espanhol Oriol Paulo, especialista em suspenses confusos e cheios de reviravoltas como "Um Contratempo", "O Corpo" e a série "O Inocente". Ele dirige bem e sabe criar suspense; o problema é que suspense pelo suspense, sem uma conclusão, é masturbação cinematográfica; não é porque você não entendeu um filme que ele necessariamente tenha um roteiro inteligente... enfim.

Alícia (Bárbara Lennie) é uma mulher bonita que é internada em um sanatório. A chegada dela é acompanhada de uma carta do médico dizendo que ela é extremamente inteligente e ardilosa. Quando pega na mentira, ela rapidamente sabe criar uma explicação. Ela é acusada de tentar envenenar o marido, mas ela diz que ele só se interessa pela fortuna dela. Alícia então começa a dizer que, na verdade, é uma detetive particular que está ali para desvendar a morte de um interno. O diretor do sanatório (Eduard Fernández) diz que ela é perigosa e está mentindo. Os outros médicos e enfermeiros não têm tanta certeza.
Tudo isso é contado em uma série de sequências que incluem longos flashbacks (reais ou não) de Alícia investigando o caso. Já outras sequências mostram as mesmas cenas, mas do ponto de vista de uma Alícia doente, com problemas mentais. Há clara influência de "Ilha do Medo", de Martin Scorsese, em que Leonardo DiCaprio vai investigar o desaparecimento de uma mulher em um sanatório. Muita gente adorou "As Linhas Tortas de Deus", o que é ótimo, mas confesso que não é meu tipo de filme. Oriol Paulo é mestre em criar belos castelos de cartas que parecem bonitos e intrigantes, mas que podem cair em um sopro. O final pode querer dizer várias coisas, dependendo do que você acredita que aconteceu (isso depois de duas horas e trinta e cinco minutos de filme). Afinal, ela é maluca ou não? Depende. E é isso. Tá na Netflix.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Os Fabelmans (The Fabelmans, 2022)

 
Os Fabelmans (The Fabelmans, 2022). Dir: Steven Spielberg. Por muitos anos, o diretor Steven Spielberg foi considerado um cineasta puramente técnico, alguém focado só em efeitos especiais e em grandes bilheterias. Com o tempo, porém, percebeu-se que por trás de filmes como "E.T. - O Extraterrestre", "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" se escondia alguém contando a própria história. A história de um garoto judeu em uma família dividida pela traição e pelo divórcio.


Após anos "se escondendo" atrás de metáforas, Spielberg resolveu contar sua vida de forma mais direta; o estopim foi a pandemia, quando o diretor se viu preso em casa. Ele e o co-roteirista Tony Kushner escreveram o filme em uma série de sessões de conversas pelo "Zoom". O resultado é extremamente pessoal, claro, e mais franco do que eu imaginava. Como alguém que não só assistiu aos seus filmes como leu todas as entrevistas e biografias que conseguiu encontrar, o filme também foi estranhamente familiar para mim.

A versão de Spielberg em "Os Fabelmans" é um rapaz chamado Sam (Mateo Zoryan, quando criança, e Gabriel LaBelle quando adolescente). Sam foi levado pelos pais para assistir ao filme "O Maior Espetáculo da Terra" (1952), de Cecil B. de Mille, quando pequeno, e ficou obcecado por uma cena em que um trem atropela um carro. O garoto tentou reproduzir a cena diversas vezes, em casa, com um trem de brinquedo, para desespero do pai (Paul Dano). A mãe (Michelle Williams, ótima) então deu ao garoto uma câmera amadora de 8mm, com a qual ele recriou a cena vista no cinema. Este foi o início de uma vida dedicada a criar e reproduzir (e manipular) imagens. Com o passar dos anos, o jovem Sammy estaria sempre com uma câmera na mão, fazendo filmes amadores de guerra, westerns e ficção científica com as irmãs ou com colegas da escola e escoteiros.

O filme, porém, não é somente sobre o surgimento de um cineasta, mas o modo como ele interpretava a vida por detrás das lentes. O pai era um homem extremamente técnico, um dos primeiros especialistas em computadores; o trabalho o obrigava a mudar frequentemente de cidade em cidade com a família. A mãe era pianista clássica, uma pessoa sensível e volúvel. Havia outra pessoa nessa dinâmica, um amigo pessoal do pai chamado Bennie (Seth Rogen, surpreendente), que se tornou um "amigo" especial da mãe. Esse triângulo amoroso era visto, mas inicialmente não percebido, por Sammy e pelas irmãs.

Spielberg lentamente introduz o conceito da traição através de imagens que acontecem às margens da ação principal. De forma genial, ele também mostra como Sammy só se dá conta do que está acontecendo ao editar um filme caseiro de uma viagem em família (mais o "amigo" Bennie). É bem típico de Spielberg que a cena não tenha diálogos, só imagens do jovem olhando, assustado, para os trechos de filme Super8 que ele está editando.

Curioso como, apesar da infidelidade ter partido da mãe, Spielberg tenha culpado o pai em seus filmes. Em "ET", é o pai que "está no México com a Sally"; em "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", é o pai que abandona a família e parte para o espaço com os aliens. Separações apareceriam também em trechos de "Império do Sol", "Inteligência Artificial", "Guerra dos Mundos", "Prenda-me se for capaz", entre vários outros filmes da carreira do diretor. Em "Os Fabelmans", o jovem Sammy resolve esconder a traição da mãe tirando fora os trechos comprometedores do filme caseiro que mostra à família (assim como ele faria, depois, em sua carreira).

É um filme e tanto, um prato cheio para cinéfilos (há uma ótima cena que mostra o diretor John Ford) e fãs de Spielberg. O último plano é genial. Nos cinemas.

Aftersun (2022)

Aftersun (2022). Dir: Charlotte Wells. "Aftersun" é uma pequena joia de um filme. Passado em um hotel à beira-mar na Turquia, a trama acompanha alguns dias de férias de um pai e sua filha. Ele é Calum (Paul Mescal) e ela é Sophie (Frankie Corio, uma extraordinária atriz de 12 anos). Não sabemos muito da história dos dois... apenas que são pai e filha e o pai não mora com a mãe da garota. Os dois alternam cenas de extrema proximidade com outras em que há "algo" errado entre eles; há uma sensação estranha de que alguma ameaça pairando no ar, mas você nunca sabe exatamente porquê. Quem é pai vai reconhecer o sentimento de medo de que alguma coisa vai acontecer com os filhos, e vice versa. O filme brinca com essa sensação em várias cenas, como uma vez que o pai faz um mergulho no mar e não o vemos surgir de volta à superfície. Em outro momento, ele passa atrás de um ônibus e escutamos uma buzina. A garota entra na piscina, sozinha, e achamos que ela está em perigo. Interessante como o filme "brinca" com a plateia. Como já vimos muitos filmes antes, achamos que alguma coisa TEM que acontecer; na vida, geralmente, nada acontece, mas quem nunca ficou apreensivo sem motivo? (não vou dar SPOILER sobre se, ou quando, algo acontece, mas a sensação está sempre presente).

Outro tema recorrente é o da memória. Imagens em vídeo, de uma câmera que os dois usam, frequentemente aparecem na tela. São ângulos diferentes ou conversas entre os dois gravadas em estilo amador, e o pai revê várias cenas da filha quando esta está dormindo, como que tentando passar ainda mais tempo com ela. A garota, pré-adolescente, observa à distância a interação entre rapazes e moças mais velhas, flertando, bebendo, se beijando. A atriz que faz a garota é tão boa que vemos as dúvidas, confusões e expectativas que passam pela cabeça dela. Paul Mescal também está muito bem como um pai separado, claramente tentando compensar a falta com a viagem com a filha, se desculpando o tempo todo, gastando além do que pode e tentando preencher o espaço entre os dois. Fica a sensação de que tudo tem um fim (o que é verdade), tudo passa, e pai e filha tentam aproveitar ao máximo o tempo que têm juntos. Belíssimo. Disponível nos cinemas ou no Mubi (serviço de streaming)

domingo, 8 de janeiro de 2023

Click (2006)

Click (2006). Dir: Frank Coraci. Netflix. Como é? Eu assistindo a uma comédia com Adam Sandler? Não é segredo que eu abomino o cara, mas tanta gente falou bem deste filme que resolvi dar uma olhada. A premissa do filme não é ruim, embora a ideia central não seja nada original (homem dá mais atenção ao trabalho do que à família, e se arrepende por isso). O maior problema, claro, é Sandler. Toda vez que o filme se torna um pouco mais sério e até emocionante, Sandler quebra o clima com alguma "piada" bizarra.

Vamos lá...ele tem um controle remoto que permite que ele acelere as partes ruins da vida, dê "pause" na mulher quando está brigando com ele, abaixe o volume do cachorro e até lhe permite acessar o "menu". Em vários momentos ele descobre que perdeu partes importantes da vida pois o controle acelerou para frente; o que o impede de apertar o botão de "voltar"? Em outra cena, os filhos reclamam que ele não tem tempo para terminar a casinha na árvore, ou para acampar com eles; por que ele não usa o "pause" para controlar melhor o tempo? Como é um filme de Adam Sandler, o controle remoto é usado para cenas "engraçadas" como quando ele pausa o chefe, sobe na mesa e fique peidando na cara dele. Ou então quando desacelera uma mulher bonita para vê-la correr em câmera lenta. Por que não usar essas funções com os filhos? Com a esposa? Para arrumar mais tempo para lidar com trabalho e família? Melhor mostrá-lo com 200 quilos, brincando com a própria barriga. Ok. Tá na Netflix.

A Rede Social (The Social Network, 2010)

A Rede Social (The Social Network, 2010). Dir: David Fincher. Netflix. Resolvi rever os primeiros quinze minutos deste filme e acabei vendo até o final, de madrugada. É até melhor do que eu me lembrava. A mistura dos diálogos rápidos de Aaron Sorkin com a direção precisa de David Fincher conseguem passar uma quantidade enorme de informação em duas horas de filme.

O roteiro malabarista mostra como Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) enfrenta dois processos simultâneos; um do ex-melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), e outro de irmãos gêmeos que o acusam de ter roubado a ideia para o Facebook. Flashbacks explicam como a maior rede social do planeta foi criada por um nerd arrogante e antissocial. Fincher faz tanta mágica por trás das câmeras que nem notamos que os gêmeos são interpretados por um ator só, Armie Hammer (desconhecido no lançamento do filme). Tudo embalado pela trilha sonora pulsante de Trent Reznor e Atticus Ross. Filmão. Tá na Netflix.

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, 2022)

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, 2022). Dir: Scott Cooper. Netflix. Suspense histórico que vale mais pelo elenco e pela atmosfera sombria do que pelo desfecho. Em 1830, Christian Bale é chamado à academia militar de West Point para investigar a morte de um soldado que havia sido encontrado enforcado na floresta. O "detalhe" macabro é que o corpo havia sido violado... alguém havia retirado o coração do rapaz.

O personagem de Bale é auxiliado na investigação por um soldado da academia que é um poeta chamado Edgar Allan Poe (sim, aquele Edgar Allan Poe), interpretado muito bem por Harry Melling. O elenco ainda conta com bons nomes como Lucy Boynton, Charlotte Gainsbourg, Toby Jones, Timothy Spall, Simon McBurney.... um monte de atores britânicos se passando por americanos. Há também a participação de Robert Duvall e de Gillian Anderson.

Roteiro e direção são de Scott Cooper, que já trabalhou com Christian Bale antes em "Tudo por Justiça" (2013) e "Hostis" (2017). O filme tem uma atmosfera sombria e fria, em boa direção de fotografia de Masanobu Takayanagi, acompanhada pela trilha sonora de Howard Shore. Pena que o desfecho, cheio de "plot twists", seja um tanto decepcionante, mas não é um filme ruim. Tá na Netflix.

O Amor Custa Caro (Intolerable Cruelty, 2003)

O Amor Custa Caro (Intolerable Cruelty, 2003). Dir: Joel e Ethan Coen. Netflix. Nunca havia visto este filme dos irmãos Coen que, com razão, é considerado um dos mais fracos da dupla. É uma comédia romântica com bom elenco e alguns momentos engraçados (a cena do assassino asmático é sensacional), mas nada memorável.

George Clooney é um advogado especialista em divórcios. Catherina Zeeta-Jones é especialista em se divorciar de homens ricos. O roteiro é bem episódico e mostra como Clooney a derrota em um caso impossível de vencer, no tribunal; em seguida, Zeeta-Jones dá o troco se casando (e se divorciando) de um milionário do ramo do petróleo. Clooney fica obcecado por ela e, claro, se apaixona. Ela também se apaixona por ele... ou será que não? O final deixa bastante a desejar. Fotografia do grande Roger Deakins, colaborador habitual da dupla. Esquecível. Tá na Netflix.

Robert Downey Sr. (Sr., 2022)

Robert Downey Sr. (Sr., 2022). Dir: Chris Smith. Emocionante documentário sobre o pai do Homem de Ferro, ou melhor, Robert Downey Jr. Cineasta alternativo (e meio maluco), Downey Sr. começou a fazer filmes nos anos 1960, com quase nenhum dinheiro, sem roteiro e com atores amadores. O primeiro filme, baseado no mito de Édipo, era sobre um cara que se casava com a própria mãe. Ele ganhou fama de cineasta "cult" e viveu de filme em filme, chegando a fazer longas metragens em 35mm que renderam algum dinheiro e público. Em meio a isso tudo havia um garoto chamado Robert Downey Jr., que cresceu em sets de filmagens, foi apresentado à bebida e drogas cedo e se tornaria um dos maiores exemplos de "volta por cima" do cinema.

Tudo isso é mostrado, meio aos trancos e barrancos, em um documentário com uma estrutura bem livre (assim como os filmes de Downey Sr.). O ator mais bem pago do cinema, Robert Downey Jr. resolveu tentar conhecer melhor o pai colocando uma equipe de filmagem atrás dele por três anos. "É assim que sempre fizemos na minha família", ele explica ao psicólogo em uma cena. "Havia sempre uma câmera 16mm na nossa cara e, 40 anos depois, tentávamos dar algum sentido àquilo". O resultado é um documentário que, aos poucos, vai te conquistando. O velho é uma figura, sempre com um sorriso maroto e imaginando a próxima cena. Downey Jr., um dos caras mais carismáticos do planeta, se torna meio garoto quando está perto do pai (como todos os filhos), e tenta não só contar a história do velho como entender a própria.

O filme toma ares mais sérios conforme a doença do pai (mal de Parkinson) vai se agravando e fica claro que ele não vai viver por muito tempo. O documentário é uma mistura de cine verdade com terapia familiar, entrecortado por cenas dos filmes (malucos) do pai e entrevistas com algumas pessoas de fora (como o ator Alan Arkin e o produtor Norman Lear, que está com 100 anos). Tudo em belo preto e branco. Tá na Netflix.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

O Amante de Lady Chatterley (Lady Chattlerley´s Lover, 2022)

 
O Amante de Lady Chatterley (Lady Chattlerley´s Lover, 2022). Dir: Laure de Clermont-Tonnerre. Netflix. Connie Chatterley (Emma Corrin) recebe o marido de volta após ter sido ferido na I Guerra Mundial. Ele tem que se locomover em uma cadeira de rodas e, na cama, diz não poder fazer mais nada com ela. Ainda assim, Connie está sempre presente, colocando-o na banheira ou o empurrando em estradas enlameadas. Um dia, o marido resolve dizer à mulher que ela deve "providenciar um herdeiro"; ele só quer que ela seja discreta, não se envolva e não lhe diga o nome do pai. Não só é um convite à infidelidade mas, após tudo que ela havia passado para ajudá-lo, ele a via como uma simples parideira. É a partir daqui que, lentamente, entra em cena o "amante" do título, Oliver Mellors (Jack O'Connell), um empregado da propriedade dos Chatterleys.


Baseado no livro de D.H. Lawrence, essa história já foi adaptada em vários filmes, peças e séries de TV. Esta versão da Netflix ganhou destaque por causa de algumas cenas de sexo consideradas "quentes". A censura é 18 anos e, a princípio, achei a reação exagerada. Há, de fato, algumas cenas mais quentes do que o usual (no nível de algumas séries da HBO) e bastante nudez. A cena mais longa de nudez, porém, acontece em um momento inocente em que o casal é visto correndo pelados na chuva (mas talvez não seja um filme para se assistir com a família).

Polêmicas à parte, é um bom filme. Emma Corrin (que fez a Princesa Diana em "The Crown") está muito bem aqui, uma mulher que não é apenas uma garota deslumbrada com sexo, mas alguém que se sacrificou pelo marido, foi colocada de lado e encontrou amor em outro lugar. Jack O´Connell também está bem (ele me lembra uma mistura de Jamie Dornan com o finado Anton Yelchin). A direção feminina é delicada e o filme tem bela fotografia de Benoît Delhomme e trilha de Isabella Summers. Tá na Netflix.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once, 2022)

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once, 2022). Dir: Dan Kwan e Daniel Scheinert. Escolha bem maluca para inaugurar o ano, mas vamos lá. Este filme foi um sucesso inesperado em 2022, feito com um orçamento (relativamente) pequeno (25 milhões de dólares), "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" desbancou outro filme sobre "multiversos", "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", que deve ter custado umas dez vezes mais. Não há dúvidas de que ele é bem melhor do que o mastodonte da Marvel (o que não quer dizer muita coisa).


"Tudo em Todo Lugar..." traz a grande Michelle Yeoh como Evelyn, a simples dona de uma lavanderia, nos EUA. Ela tem um marido "fofo", Waymond (Ke Huy Quan, de "Indiana Jones e o Templo da Perdição" e "Os Goonies", lembram dele?), uma filha que ela considera problemática, Joy (Stephanie Hsu), que tem uma namorada, Becky (Tallie Medel). A lavanderia está passando por problemas com o imposto de renda. Para complicar, o pai de Evelyn, interpretado pelo grande James Hong, está na casa de Evelyn e traz a tona vários traumas do passado. Tudo isso é pano de fundo para a maluquice que acontece em seguida: Evelyn é visitada por "outra versão" do marido que diz que é de outro Universo. Ele lhe diz que todos estão em perigo por causa de um grande mal que surgiu no multiverso e que ela, Evelyn, é a única que pode salvar a todos.

Lembra alguma coisa? Pois é, é basicamente "Matrix", mas ao invés de estarem todos vivendo uma simulação de computador, o filme mostra como todos vivem em Universos paralelos. O conceito não é novo (e está na moda ultimamente), mas o roteiro mirabolante (e a brilhante edição) conseguem manter as coisas relativamente fáceis de entender. A personagem de Yeoh é vista como uma simples mãe, ou como uma cantora lírica, ou como uma estrela de cinema, ou como uma mestre de kung-fu, entre várias outras versões diferentes. No centro disso tudo há uma história bem simples que, a propósito, também está na moda ultimamente: o conflito entre uma mãe chinesa e sua filha (isso foi visto nas animações "Red: Crescer é uma Fera" e em "A Caminho da Lua" e no filme "A Despedida", entre outros). Em todos estes multiversos há a preocupação da personagem de Yeoh com a segurança da filha, Joy. O final, a bem da verdade, é até piegas (embora bem intencionado). "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" figurou em várias listas de melhores do ano de 2022 e há até um burburinho sobre sua presença no próximo Oscar. Disponível, para alugar, em vários serviços de streaming. PS: desnecessário dizer que ele tem vinte minutos a mais do ideal, mas isso tem sido regra ultimamente, rs.