O Desconhecido (The Stranger, 2022). Dir: Thomas M. Wright. Netflix. Bom filme de suspense australiano lançado na Netflix esta semana, "O Desconhecido" não está interessado em pegar o espectador pela mão e explicar tudo. Pelo contrário, leva um bom tempo para você entender o que está acontecendo, e porquê. Baseado em um crime real ocorrido na Austrália em 2003, o filme tem um quê de David Fincher, um clima pesado, bastante lento e introspectivo.
Fica até difícil fazer uma sinopse ou evitar spoilers, mas a trama envolve um homem chamado Henry (Sean Harris, excelente) que entra para um grupo criminoso ao voltar para o oeste da Austrália. Ele conhece Mark (Joel Edgerton, igualmente excelente), que o apresenta a seus superiores e fica responsável por ele. Há várias cenas em que Henry é levado de um lado para outro dentro de um carro, conhece pessoas, recebe envelopes e (assim como o espectador) tenta entender o que está acontecendo. Aos poucos percebemos que as coisas não são como parecem, e a trama tem a ver com o desaparecimento e morte de um garoto ocorrida oito anos antes.
Imagino que este tipo de crime seja raro na Austrália, porque a escala da operação policial é enorme. Leva um bom tempo para você entender quem é quem e como eles planejam revelar o culpado. Tudo isso, porém, acaba sendo secundário em um filme mais interessado em desenvolver um angustiante clima de suspense através das boas interpretações, fotografia e trilha sonora. Joel Edgerton, quase monossilábico, lida mal com a pressão do trabalho e tem pesadelos frequentes com o suposto assassino. O fato de que ele tem que cuidar de um filho pequeno alguns dias da semana só aumenta sua angústia.
Não espere um filme policial com perseguições e tiroteios. "O Desconhecido" está mais para "Mindhunter" e "Zodíaco" do que para "Resgate" (filme de ação com Chris Hemsworth). Tá na Netflix.
Um comentário:
Também gostei. O filme é lento mas faz muito bom uso dessa narrativa mais lenta. Não chega a ser uma tensão exasperadora mas chega num nível que a gente aguarda a resolução.
Postar um comentário