Argentina, 1985 (2022). Dir: Santiago Mitre. Amazon Prime Video. Filme argentino novo com Ricardo Darín? Pois é, ele está de volta. Darín interpreta um promotor chamado Julio César Strassera que, em 1985, atuou em um dos julgamentos mais importantes da história argentina. Finda a ditadura militar, o país passou a ser governado por Raúl Alfonsín em 1983; dois anos depois, nove comandantes militares foram acusados de violação dos direitos humanos, assassinato, sequestro e tortura de centenas de pessoas durante a ditadura.
Darín, que está com 65 anos, foi envelhecido para o papel e faz um homem que, a princípio, não acreditava que o julgamento pudesse dar em alguma coisa. O filme faz uma bela recriação de época, mostrando Buenos Aires nos anos 1980 com ótima fotografia de Javier Julia. O roteiro humaniza a figura do promotor mostrando cenas da sua vida familiar; preocupado com o namoro da filha adolescente, Strassera pede ao filho mais novo (um competente Santiago Armas Estevarena) que siga a irmã e relate seus passos. Essas cenas bem humoradas contrastam com o peso das cenas de tribunal; o filme recria depoimentos pesados de pessoas que passaram por tortura ou tiveram familiares sequestrados e mortos. Promotor e equipe são frequentemente ameaçados por telefonemas anônimos ou por "recados" mais claros, como uma bala de revolver supostamente enviada pela Marinha ao promotor.
Darín está ótimo, como sempre, e brilha tanto nas cenas familiares como na cena em que ele lê a acusação aos militares. "Argentina, 1985" foi escolhido pelo país como o representante para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Falando em Oscar e em História argentina, não deixa de ver (na Netflix) "A História Oficial" (1985), belo filme sobre desaparecidos políticos que ganhou o Oscar de filme estrangeiro. "Argentina, 1985" está disponível na Amazon Prime Video.
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