Light & Magic (2022). Dir: Lawrence Kasdan. Disney+. Maravilhosa minissérie documental sobre a "Industrial Light & Magic", empresa de efeitos especiais criada por George Lucas, nos anos 1970, para fazer Star Wars. Já li livros a respeito e sou muito nerd cinematográfico, então muita coisa não foi novidade pra mim; de qualquer forma, a série trás depoimentos atuais de pessoas lendárias no ramo como Denis Muren, Phil Tippett, Joe Johnston, Richard Edlund, John Dykstra, Lorne Peterson, Ken Ralston, Harrison Ellenshaw e muitos outros contando a história da empresa. George Lucas, claro, também fala bastante sobre a ILM e sobre sua visão do cinema que, para o bem ou para o mal, ele mudou completamente. Pessoalmente não sou muito fã de Lucas como pessoa; ao contrário do colega (que também aparece no documentário) Steven Spielberg, que claramente AMA cinema e está sempre animado e energético nas cenas de bastidores, Lucas é um "mala" que nunca está satisfeito. Ele não gosta de dirigir filmes (nem é muito bom nisso) e sempre achou que a tecnologia do cinema era arcaica e atrasada. Dessa insatisfação, muito dinheiro e a capacidade de escolher as pessoas certas saíram a edição eletrônica, o cinema digital e a computação gráfica (e uma pequena empresa chamada PIXAR).
Dividida em cinco capítulos, a série mostra desde os primórdios, quando um grupo de nerds foi chamada à costa Oeste dos Estados Unidos para trabalhar em Star Wars. John Dykstra desenvolveu uma câmera computadorizada que conseguia trazer realismo às ideias de Lucas para o filme; ao contrário das naves lentas e majestosas de "2001 - Uma Odisseia no Espaço", Lucas imaginou lutas espaciais rápidas e energéticas como as batalhas aéreas da 2ª Guerra Mundial. Ao contrário do que muitos imaginavam, "Star Wars" não só foi um campeão de bilheteria como se tornou um fenômeno cultural, e Lucas tinha ainda mais dinheiro para investir da continuação; O Império Contra Ataca, provavelmente o melhor Star Wars de todos, tinha efeitos ainda mais desafiadores. A ILM começou a se diversificar e fazer filmes "de fora" como "Star Trek II", "Cocoon", "Caçadores da Arca Perdida", "ET" e dezenas de outros.
No final dos anos 1980 e começo dos 1990, outra revolução: a computação gráfica, inicialmente usada em algum planos de "Willow", "O Enigma da Pirâmide" e "O Segredo do Abismo", assombra o mundo com o robô de metal líquido de "O Exterminador do Futuro 2". Então chega "Jurassic Park" e o jogo muda completamente. O veterano Phil Tippett, que havia sido contratado por Spielberg para fazer os dinossauros com bonecos de stop motion, foi colocado para escanteio por dois técnicos da ILM que criaram o primeiro T-Rex completamente feito em computação gráfica. Foi uma revolução (muito embora grande parte dos efeitos eram práticos, criaturas robóticas enormes criadas por Stan Winston). A série mostra como os computadores acabaram tirando o emprego de dezenas de artistas, criadores de maquetes, modelos em escala, diretores de fotografia, etc. O doc termina com a mais nova invenção da empresa, um cenário virtual chamado de "O Volume", criado para a série "The Mandalorian".
O documentário é um pouco "chapa branca" e, sem dúvida, não mostra os problemas e "podres" que devem existir na empresa. Há apenas uma menção ao fato de que John Dykstra, que havia chefiado a equipe em Star Wars, não foi convidado a continuar na empresa depois disso (ele e Lucas se desentenderam feio). Há uma quantidade enorme de imagens de bastidores que nunca havia visto e ótimas entrevistas. É uma homenagem ao passado e uma espiada no futuro. Imperdível. Disponível na Disney+.
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