Casa Gucci (House of Gucci, 2021). Dir: Ridley Scott. Amazon Prime Video. Tragicomédia de Ridley Scott baseada em uma história real, este filme foi bastante criticado pelo exagero nas interpretações, pelos sotaques italianos em atores americanos e ingleses e pela ridícula interpretação de Jared Leto. Tudo isso, de fato, existe em "Casa Gucci", mas o filme está longe de ser ruim. Pelo contrário, diria que são essas coisas que fazem o filme mais interessante.
Ridley Scott é um mestre visual. Ao adaptar a história real de uma empresa ícone da moda, envolvendo intrigas familiares, personagens histéricos, traições e crimes, Scott resolveu apresentá-la como uma ópera cômica, uma farsa. Veja como Lady Gaga está ótima como Patrizia Reggiani, a filha do dono de uma empresa de caminhões, que se apaixona pelo refinado Maurizio Gucci (Adam Driver, ótimo). Patrizia é um furacão, sempre vestida com roupas provocantes e a certeza de que veio ao mundo para vencer. Scott recria o final dos anos 70 em Milão, Itália, com belíssima fotografia, direção de arte e sucessos da época na trilha sonora. O elenco é uma surpresa atrás da outra, Jeremy Irons como o pai de Maurizio, Al Pacino como um tio. Salma Hayek é uma trambiqueira que "vê o futuro" de Patrizia e alimenta seus sonhos. Jared Leto está irreconhecível como Paolo, um designer de moda incompetente que sonha em criar uma linha de roupas para a Gucci. Leto está tão exagerado e ridículo que, estranhamente, até funciona para seu personagem.
O maior problema com "Casa Gucci" é a duração, longa demais. Não há razão para esta estranha comédia de erros ter duas horas e trinta e oito minutos de duração. Os exageros, que no começo são divertidos e bem vindos, com o (longo) tempo se tornam irritantes e fora de lugar. A paródia acaba se tornando uma tragédia e a graça termina. O filme, porém, nunca perde a beleza visual e o apuro técnico. Teria sido muito melhor com quarenta minutos a menos. Disponível na Amazon Prime Video.
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