sábado, 30 de julho de 2022

Sem Limites (Sin Limites, 2022)

Sem Limites (Sin Limites, 2022). Dir: Simon West. Amazon Prime Video. Minissérie histórica de seis capítulos que fala sobre a expedição de Fernão de Magalhães em busca de um novo caminho para as "Índias Ocidentais". Magalhães é interpretado por Rodrigo Santoro, que tem feito boa carreira internacional. A produção é espanhola e britânica e dirigida pelo inglês Simon West (que tem no currículo vários filmes de ação como "Con Air" e "Tomb Raider", que não são grande coisa). Santoro interpreta em espanhol e em português (de Portugal) e está bem no papel. Ele é acompanhado pelo espanhol Álvaro Morte (de Casa de Papel), que interpreta o piloto Juan Sebastian Elcano.

O roteiro toma algumas liberdades com a História, mas a série vale a pena pelo ar de aventura de quando o mundo ainda era inexplorado (pelos Europeus, pelo menos). Magalhães é visto, no início, sendo desprezado pela corte portuguesa, o que o força a procurar patrocínio na vizinha Espanha. Seu plano é encontrar uma ligação entre o Oceano Atlântico e o "grande mar" que havia do outro lado das Américas (que ele viria a batizar de Oceano Pacífico). Ele parte com cinco naus e quase 250 pessoas para encontrar o tal "estreito" que, hoje, leva seu nome.

Há cenas de batalhas navais com os Portugueses, problemas com a tripulação, calmarias e lutas com os "selvagens" que eles encontram pelo caminho. A produção é bastante boa, dá para ver que gastaram bastante dinheiro aqui com cenários, navios, figurino e locações (apesar de algumas cenas com fundo verde). Magalhães pode não ser tão "famoso" quanto Cristóvão Colombo, mas seu nome se tornou sinônimo de explorações, sendo usado pela NASA e comunidade científica para nomear espaçonaves e crateras na Lua e em Marte. Claro que, homem da sua época, ele ajudou na difusão do colonialismo e submissão de povos indígenas, o que é mostrado pela trama, o que não desmerece suas descobertas. Disponível na Amazon Prime Video.

domingo, 24 de julho de 2022

As Últimas Estrelas de Cinema (The Last Movie Stars, 2022)

As Últimas Estrelas de Cinema (The Last Movie Stars, 2022). Dir: Ethan Hawke. HBO Max. Belíssimo documentário idealizado pelo ator Ethan Hawke sobre a vida, obra e casamento (não necessariamente nesta ordem) do casal formado por Paul Newman e a atriz Joanne Woodward. Só o primeiro episódio (de seis) está disponível na HBO Max, mas já é interessante o suficiente para render uma resenha. Hawke foi convidado por uma filha de Newman e Woodward para fazer o documentário, que é baseado em centenas de horas de gravações feitas por Newman, amigos, empresários, ex-esposa e vários outros. Só que havia um problema: Newman havia destruído todas as fitas, deixando para trás apenas as transcrições. Ethan Hawke resolve a situação de modo interessante; em plena pandemia, ele entrou em contato com atores e amigos como George Clooney, Laura Linney, Vincent D'Onofrio, Sam Rockwell, Karen Allen, entre outros, para gravar trechos dessas transcrições. Estas vozes, gravadas via Zoom, são ilustradas com dezenas de imagens de arquivo, fotos e cenas dos filmes de Paul Newman e Joanne Woodward. O resultado é não só um retrato da vida das "últimas estrelas do cinema" como é também uma metalinguagem sobre como fazer um documentário.

Newman e Woodward foram casados por cinquenta anos, fizeram grandes filmes e doaram milhões de dólares para a caridade. Eram bonitos, talentosos e, também, ativistas políticos. No começo, Newman parecia que ia ficar eternamente na sombra de astros como Marlon Brando, com quem era frequentemente comparado, e James Dean. A morte prematura de Dean deu a Newman a chance de bilhar e tentar sair da sombra de Brando. Nem tudo eram flores na relação do casal. Newman era casado e tinha três filhos quando começou um tórrido caso com Woodward, que durou cinco anos. Ethan Hawke entrevista uma das filhas dele com a esposa anterior e ela diz que o divórcio acabou com a vida da mãe dela. O documentário também mostra os bastidores do famoso Actor´s Studio, que formou toda uma leva de lendas do cinema. Pena que a HBO Max não lançou todos os episódios ao mesmo tempo.

Agente Oculto (The Gray Man, 2022)

 
Agente Oculto (The Gray Man, 2022). Dir: Joe e Anthony Russo. Netflix. Este é supostamente o filme mais caro produzido pela Netflix, coisa de 200 milhões de dólares. O elenco é bom, Ryan Gosling, Ana de Armas, Chris Evans, Alfre Woodard, Billy Bob Thornton... até nosso Wagner Moura aparece em uma sequência. Se gastaram 200 milhões de dólares mesmo não sei, só sei que o resultado parece muito mais barato. Este é daqueles filmes em que, de dez em dez minutos, aparece um título na tela dizendo coisas como "Bangkok", "Langley", "Praga", "Croácia", e assim por diante, dando a impressão de ser mais um filme de turismo do que de espionagem. A direção é dos irmãos Russo, responsáveis por vários filmes da Marvel como "Capitão América: Guerra Civil" e os últimos dos "Vingadores". O problema é que, naqueles filmes, eles eram só uma pequena engrenagem em um grande universo da Marvel, controlado a mão de ferro pelo produtor Kevin Feige. Sozinhos, eles não são grande coisa.


Então "Agente Oculto" é ruim? Não exatamente, o elenco é bom e carismático o suficiente para manter a atenção e há algumas boas cenas de ação mas, no geral, é aquela correria de sempre. Há vários daqueles clichês como uma luta no compartimento de carga de um avião militar, em pleno voo, resultando em explosões e queda de pressão da aeronave. Há também a obrigatória sequência em um trem, com direito a ver Ryan Gosling correndo em cima dos vagões e saltando para uma Ferrari em movimento. Ana de Armas, que recentemente esteve em um filme de James Bond, faz o que pode aqui em uma versão B deste tipo de filme. Há diversos planos feitos por um drone que voa a toda velocidade, circulando em volta dos atores ou cenas de explosões. A trama? Bom, não importa muito, é só algo que acontece entre uma cena de ação e outra. A Netflix tem enfrentado perdas constantes no número de assinantes e está apelando para fiscalizar (e cobrar) compartilhamento de senhas e até estuda colocar propagandas na programação. Poderia, talvez, parar de gastar 200 milhões de dólares em filmes clichês como este. Tá na Netflix.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Passado Violento (Clean, 2022)

 
Passado Violento (Clean, 2022). Dir: Paul Solet. Netflix. O filme é o típico "vanity project", aquele tipo de projeto feito por algum ator para exibir seu talento ou mostrar como é sério e relevante. Adrien Brody, no caso, assina interpretação, roteiro, produção e, vejam só, até a trilha sonora deste filme sombrio e violento. Brody é conhecido como Clean ("limpo"), um cara que trabalha como lixeiro (entendeu?) durante a noite. Quieto e com a cara fechada, ele esconde um passado violento (como explica o título) e um lado de bom samaritano; ele usa as horas vagas para pintar e limpar as casa abandonadas da vizinhança. Também é o protetor de uma garota negra chamada Dianda (Chandler DuPont), para quem cozinha e leva para a escola. Todos os dias ele acorda do mesmo pesadelo/flashback, em que o vemos mais novo, abraçado a uma garotinha negra, sua filha.


Como se vê, o filme é cheio de clichês. A inspiração óbvia é "Taxi Driver", de Scorsese; Brody até narra algumas partes, enquanto dirige pelas ruas desertas (dá quase para escutar De Niro falando sobre como ele deseja que, um dia, uma chuva lave toda a sujeira da cidade). Outra inspiração é aquele filme com Joaquin Phoenix em que ele também parte para a violência para proteger uma garota, "Você nunca esteve realmente aqui" (2017). Reconhecendo tudo isso, até que não é um filme ruim. A direção de fotografia (de Zoran Popovic) faz bom uso das sombras. A sequência final é um banho de sangue que, também, faz referência a Scorsese. Tá na Netflix.

domingo, 17 de julho de 2022

Casa Gucci (House of Gucci, 2021)

 
Casa Gucci (House of Gucci, 2021). Dir: Ridley Scott. Amazon Prime Video. Tragicomédia de Ridley Scott baseada em uma história real, este filme foi bastante criticado pelo exagero nas interpretações, pelos sotaques italianos em atores americanos e ingleses e pela ridícula interpretação de Jared Leto. Tudo isso, de fato, existe em "Casa Gucci", mas o filme está longe de ser ruim. Pelo contrário, diria que são essas coisas que fazem o filme mais interessante.

Ridley Scott é um mestre visual. Ao adaptar a história real de uma empresa ícone da moda, envolvendo intrigas familiares, personagens histéricos, traições e crimes, Scott resolveu apresentá-la como uma ópera cômica, uma farsa. Veja como Lady Gaga está ótima como Patrizia Reggiani, a filha do dono de uma empresa de caminhões, que se apaixona pelo refinado Maurizio Gucci (Adam Driver, ótimo). Patrizia é um furacão, sempre vestida com roupas provocantes e a certeza de que veio ao mundo para vencer. Scott recria o final dos anos 70 em Milão, Itália, com belíssima fotografia, direção de arte e sucessos da época na trilha sonora. O elenco é uma surpresa atrás da outra, Jeremy Irons como o pai de Maurizio, Al Pacino como um tio. Salma Hayek é uma trambiqueira que "vê o futuro" de Patrizia e alimenta seus sonhos. Jared Leto está irreconhecível como Paolo, um designer de moda incompetente que sonha em criar uma linha de roupas para a Gucci. Leto está tão exagerado e ridículo que, estranhamente, até funciona para seu personagem.

O maior problema com "Casa Gucci" é a duração, longa demais. Não há razão para esta estranha comédia de erros ter duas horas e trinta e oito minutos de duração. Os exageros, que no começo são divertidos e bem vindos, com o (longo) tempo se tornam irritantes e fora de lugar. A paródia acaba se tornando uma tragédia e a graça termina. O filme, porém, nunca perde a beleza visual e o apuro técnico. Teria sido muito melhor com quarenta minutos a menos. Disponível na Amazon Prime Video.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Louca Obsessão (Misery, 1990)

 
Louca Obsessão (Misery, 1990). Dir: Rob Reiner. Amazon Prime Video. A notícia da morte de James Caan me fez procurar este filme, que achei na Prime Video. É um bom suspense de Rob Reiner baseado em um livro de Stephen King (os dois já haviam colaborado no ótimo "Conta Comigo", de 1986). James Caan é Paul Sheldon, um escritor que ficou famoso por uma série de livros sobre uma personagem chamada Misery; só que ele estava cansado da personagem e resolveu "matá-la" em seu livro mais recente. Dirigindo durante uma nevasca, Sheldon sofre um acidente e é resgatado, vejam só, por sua "fã número um", Annie, interpretada por Katy Bates.

A não ser por pequenos papéis secundários, o filme é quase todo dos dois atores. A mulher leva o escritor para a casa dela e o mantém em cárcere privado. Ela quer que ele escreva outro livro ressuscitando a personagem de Misery. Katy Bates ganhou um Oscar pelo papel de Annie, o tipo de fã que é o pesadelo de todo escritor. O filme é de 1990 mas é curioso como ela se parece com a maioria dos fãs "tóxicos" que existem hoje na internet, falando mal de seus ídolos e ficando bravos quando suas franquias favoritas não seguem seus desejos.

James Caan, que morreu hoje, está muito bem como Paul Sheldon, que provavelmente é baseado em alguma história pessoal de Stephen King (ele deve ter alguns fãs bem estranhos). Assim como James Stewart em "Janela Indiscreta", de Hitchcock, Caan passa grande parte do filme preso a uma cadeira de rodas ou deitado em uma cama. O final é bastante violento. O roteiro é do veterano William Goldman, de clássicos como "Butch Cassidy" e "Todos os Homens do Presidente". Disponível na Amazon Prime Video.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Arremessando Alto (Hustle, 2022)

 
Arremessando Alto (Hustle, 2022). Dir: Jeremiah Zagar. Netflix. Não é segredo que eu abomino Adam Sandler, mas reconheço que o cara é bom quando ele quer. O que dá ainda mais raiva quando se lembra das comédias preguiçosas que ele faz. Em filmes mais dramáticos, no entanto, ele se dá muito bem. É o caso deste "Arremessando Alto", filme de basquete que é bastante "assistível", principalmente pela boa direção, visual e edição. Há um bocado daquelas montagens mostrando treinos de basquete, mas não só isso.

Há três editores listados nos créditos e eles mantém a trama sempre em movimento; Sandler é visto pulando de avião em avião ou entrando e saindo de hotéis enquanto viaja pelo mundo atrás do próximo astro da NBA. Ele acredita que achou o "cara" na Espanha, na figura de um rapaz chamado Bo Cruz (Juancho Hernangomez). Ele leva o grandalhão para os EUA mas tem que enfrentar não só a oposição do dono do time (Ben Foster, sempre competente) como também o temperamento explosivo do espanhol. Há várias sequências clichês mostrando o rapaz correndo pelas ruas da Filadélfia (só falta a trilha de "Rocky" ao fundo) ou treinando nas quadras, mas a energia do filme é boa e, reconheço, Adam Sandler está honesto no papel. O elenco é completado por Queen Latifah e o grande Robert Duvall aparece nos primeiros dez minutos. Tá na Netflix.