Deserto Particular (2021). Dir: Aly Muritiba. HBO Max. Filme brasileiro que foi o escolhido pelo país para tentar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Internacional, mas não conseguiu (dizem que a falta de apoio e campanha atrapalharam bastante). É um filme com um belo visual (direção de fotografia de Luis Armando Arteaga), edição (Patricia Saramago), bom elenco e um tema que pode incomodar alguns, mas feito com sensibilidade.
Daniel (Antonio Saboia) é um policial de Curitiba que está afastado da corporação por ter agredido um recruta. Ele cuida do pai, que também havia sido militar e sofre de uma doença degenerativa. Daniel tem aquele jeitão rígido de policial, mas sofre de amores por uma mulher chamada Sara, com quem ele nunca se encontrou mas se comunica via Whatsapp; de uma hora para outra, Sara para de responder as mensagens de Daniel e desaparece. O rapaz resolve jogar tudo para o alto, entra no carro e parte para o nordeste, em uma longa viagem, em busca do amor da sua vida.
É um filme de vários silêncios e belas paisagens. O diretor gosta de fazer alguns takes longos, com a câmera fixa, em que os atores interpretam por vários minutos, sem corte. Um desses planos longos, passado em uma barcaça entre Sobradinho e Juazeiro, me lembrou o famoso plano sequência que Spielberg fez em "Tubarão", também passado em uma balsa entre dois portos. Há um aspecto da trama que pode se considerado um SPOILER, então esteja avisado caso queira parar por aqui. Não é muito difícil perceber que há algo "diferente" com relação a Sara e seus segredos. Daniel acaba tendo que entender os próprios desejos e lidar com seus preconceitos, e o filme vai para um lugar que eu não esperava. As interpretações são boas, embora, por vezes, soem teatrais.
"Deserto Particular" foi exibido no Festival de Veneza, onde ganhou o prêmio de público. Disponível na HBO Max.
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