Belfast (2021). Dir: Kenneth Branagh. Belo filme do ator, diretor, roteirista e produtor Branagh, que ganhou fama produzindo filmes de Shakespeare (e dinheiro dirigindo filmes por encomenda como "Thor" ou "Cinderella"). É, sem dúvida, seu trabalho mais pessoal. "Belfast" se passa em 1969, ano em que começou um conflito na Irlanda do Norte que durou quase 30 anos. Vizinhos que por anos eram amigos se viram divididos por uma disputa politico/religiosa entre católicos e protestantes.
Branagh era um garoto na época e faz um filme bastante autobiográfico, em que os personagens principais sequer tem nomes (há apenas "Pai", "Mãe", "Vô", "Vó"); até o protagonista é um garoto de nove anos chamado de "Buddy" (um ótimo estreante, Jude Hill). É pelos olhos dele que vemos a tranquila rua em que a família vivia se transformar em um campo de batalha. Assim como Alfonso Cuarón fez em "Roma", Branagh retrata sua infância em maravilhosa fotografia em preto e branco. O pai (Jamie Dorman), passa várias semanas fora, trabalhando na Inglaterra. A mãe (Caitríona Balfe, da série "Outlander", excelente) se vê dias a fio sozinha, tendo que tomar conta da casa e dos filhos. Ciarán Hinds e Judy Dench são os avós amorosos do garoto.
Em meio ao caos do mundo adulto, Buddy devota sua atenção a uma garota que se senta na sua frente, na sala de aula, e se apaixona por ela. Há também menções ao pouso na Lua pelos astronautas americanos. E há, claro, o cinema, onde Buddy vai com a família sempre que pode (em um toque genial, Branagh mostra os filmes em colorido, contrastando com o preto e branco da vida real). Com todos os problemas acontecendo em Belfast, a família fica em um dilema: ficar no lugar em que amam ou partir para procurar uma vida melhor? O filme é dedicado aos que ficaram, aos que partiram e aos que morreram no caminho. Belíssimo. (indicado aos Oscar de Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Ator e Atriz Coadjuvantes, Melhor Som e Melhor Canção (de Van Morrison). Nos cinemas.
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