Mães Paralelas (Madres Paralelas, 2021). Dir: Pedro Almodóvar. Netflix. Belo filme do espanhol Almodóvar, um delicado conto que mistura maternidade, guerra civil, memórias, escavações, segredos, vida e morte. Parece muito, mas o espanhol sabe equilibrar como poucos tantos temas em um melodrama que beira o exagero, mas é dirigido e interpretado com tanto talento que tudo parece honesto.
Penélope Cruz, excelente, é Janis Martínez, uma fotógrafa de Madrid que está para dar à luz; no mesmo quarto está Ana (Milena Smit), uma adolescente também muito grávida. As duas têm bebês praticamente ao mesmo tempo, gerando duas meninas. Elas trocam telefones e prometem manter contato. Em uma trama paralela, Penélope Cruz procura por um arqueólogo forense para escavar uma vala comum em sua vila natal; lá estariam enterradas dez pessoas mortas durante a Guerra Civil Espanhola, entre elas seu bisavô. O responsável pela escavação é Arturo (Israel Elejalde), que é o pai da filha de Penélope Cruz.
Falar mais sobre a trama provavelmente revelará segredos que devem ser descobertos vendo o filme. Evite saber detalhes. O que vale, repito, é a maestria com que o veterano diretor espanhol desenrola seu melodrama, auxiliado por colaboradores tradicionais como Alberto Iglesias (indicado ao Oscar pela trilha sonora) e colorida fotografia de José Luis Alcaine. Penélope Cruz (indicada ao Oscar), que fez vários filmes com Almodóvar, está ótima. O roteiro faz paralelos interessantes entre as mães que perderam seus filhos na Guerra Civil com os problemas enfrentados pelas mães solteiras modernas. Repare como exames de DNA são usados para situações tão diversas. Belo filme. Tá na Netflix (assim como várias outras obras de Almodóvar, aproveite).