The Morning Show (primeira temporada, 2019). Apple TV+. Série em 10 capítulos que retrata a queda de um jornalista "estrela" de um programa matinal. O roteiro vem na esteira das acusações trazidas à tona pelo movimento "Me too", que revelou vários comportamentos inapropriados (para dizer o mínimo) de homens em posição de poder. É uma superprodução da Apple, com grande elenco e alto nível de produção. O roteiro, no entanto, ganharia com alguma sutileza, pois o assunto é delicado de lidar. O resultado é uma série às vezes mais engraçada do que deveria, apesar de um episódio bem pesado e um final meio perdido.
Mitch Kessler (Steve Carrell, que é tão bom interpretando canalhas quanto em comédias) está há 15 anos à frente do "The Morning Show", um programa matinal líder de audiência. Sua companheira de bancada, Alex (Jennifer Aniston, bem melhor do que eu esperava), acorda toda noite às 3h30 da manhã para se preparar para o programa; no dia que abre a série, todos na emissora são acordados com uma "bomba": Mitch havia sido demitido após ter sido acusado de assédio sexual por várias mulheres. A situação é claramente inspirada no caso de Matt Lauer, que foi "âncora" do Today Show, da NBC, por vários anos, até ser demitido pela mesma razão.
A série faz um bom trabalho em apresentar um monte de personagens diferentes e identificá-los na hierarquia de uma grande emissora de TV. Os cenários são muito bem feitos e a sala de controle do estúdio parece pronta para colocar um programa de verdade no ar. O ótimo elenco conta com Reese Witherspoon, Mark Duplass, Billy Crudup, Gugu Mbatha-Raw, Nestor Carbonell e dezenas de outros. O "problema" com o apresentador força a emissora a procurar por um substituto; eis que surge Bradley Jackson (Witherspoon, ótima), uma repórter do interior que teve um vídeo que viralizou e, em uma reviravolta (resumindo bastante) acaba parando na bancada do programa, ao lado de Jennifer Aniston.
Billy Crudup, como um executivo de entretenimento que assume o setor de jornalismo, está excelente. Seu personagem acredita que "o caos é a nova cocaína" e ele vê uma oportunidade de mudança (e ascensão na carreira) no escândalo. Isso justifica várias situações da série que, no mundo real, dificilmente aconteceriam.
O "coração" da série está no oitavo episódio, que mostra como um cara aparentemente gente boa como o personagem de Steve Carrell pode agir como um monstro. A cena em que ele leva uma produtora junior para o quarto do hotel é bastante desconfortável. O último capítulo, no entanto, achei uma confusão danada. As várias tramas, desenvolvidas por dez capítulos, parecem tentar ser resolvidas nos quinze minutos finais. É uma série com altos e baixos, mas que nunca perde o interesse. A segunda temporada está para terminar na Apple TV+
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