O Favorito (The Front Runner, 2018). Dir: Jason Reitman. Netflix. Filme político baseado na história real de um senador americano chamado Gary Hart (Hugh Jackman). Em 1988, Hart era o favorito para se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos. Ele tinha 46 anos, era trabalhador, íntegro, carismático. Então, o desastre: um jornal de Miami publica uma matéria sobre um suposto caso extra-conjugal de Hart com uma bela modelo. Repórteres acamparam em frente à casa dele e tiraram fotos da suposta amante, que estampou a capa dos jornais e mudou o foco da campanha.
A tese do filme é que este foi o primeiro (ou, no mínimo, um dos primeiros) casos em que os jornais ditos sérios americanos (como o The Washington Post) se tornaram meros tabloides de fofocas. O roteiro (co escrito por Jason Reiman e o autor de um livro sobre o caso, Matt Bai) levanta uma série de questões interessantes sobre ética jornalística, curiosidade do público e os limites entre ambos. O problema é que, apesar de boas interpretações do elenco e uma execução competente, o filme parece não chegar a nenhuma conclusão a respeito. Uma figura pública tem direito à privacidade? Em um mundo em que todos expõem suas vidas o tempo todo, como o nosso, esse tipo de pergunta ainda tem razão de ser?
Reitman filma com franca influência de cineastas como Robert Altman, com takes longos em que a câmera passeia pelo rosto de um grande número de personagens; os diálogos se misturam e se entrelaçam de forma natural, mas confusa, por grande parte do tempo. O bom elenco conta com Vera Farmiga, J.K. Simmons, Kevin Pollack, Bill Burr, Kaitlyn Dever, Alfred Molina e mais um monte de gente boa. Para quem gosta de dramas políticos e boas interpretações. Tá na Netflix.
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