segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Kate (2021)
Mary Elizabeth Winstead cresceu e não é mais (faz tempo) aquela adolescente de "Scott Pilgrim". Aqui ela é uma assassina profissional chamada Kate, que trabalha para uma espécie de figura paterna interpretada por Woody Harrelson, que a treinou desde criança. (Meio spoiler, mas é a premissa do filme>>) Kate acaba envenenada mortalmente após assassinar o membro de um clã da Yakuza. Com apenas alguma horas de vida, ela parte para se vingar pelas ruas de Tokyo, matando um bocado de gente mesmo com a saúde se deteriorando a olhos vistos.
Winstead está bem no papel. Ela é boa atriz e se garante tanto nas cenas dramáticas quanto nas de ação. Há bastante violência em cenas de tiroteio, lutas com facas e até katanas. Kate acaba formando uma parceria (meio forçada) com uma adolescente (Miku Martineau) que é a sobrinha do chefão que ela pretende matar. Eu acho que o filme poderia terminar uns 15 minutos antes (como sempre) mas há um clímax bem feito, com muita pancadaria e tiros em um arranha-céu. Bobagem clichê divertida. Tá na Netflix.
The White Lotus (2021)
O hotel é gerenciado por Armond (Murray Bartlett, excelente), um alcoólatra que está sóbrio há cinco anos. Ele é cortês e competente, mas está no limite da paciência. Nesta semana, ele vai ter que lidar com: a) um casal em lua de mel formado por Shane Patton (Jake Lacy) e a esposa, Rachel (Alexandra Daddario). Shane é o típico "filhinho da mamãe", milionário que está passando férias em um paraíso, mas não se conforma que o hotel errou e o colocou na SEGUNDA maior suíte do hotel. Ele não vai se esquecer desse erro, nem que, com isso, estrague a lua-de-mel e as férias. A esposa, Rachel, vem de uma família com menos dinheiro e, aos poucos, percebe que entrou em uma roubada (embora ela não saiba direito o que quer da vida).
b)a família Mossbacher é formada por uma executiva bem sucedida, Nicole (Connie Britton), o marido Mark (Steve Zahn), a filha insuportável Olivia (Sydney Sweeney) e o filho Quinn (Fred Hechinger). Olivia trouxe uma amiga, Paula (Brittany O'Grady), e as duas têm um estoque de remédios e drogas capaz de dopar um exército. Nicole é workaholic e passa as férias em chamadas com a China. O pai, Mark, é um coitado que tenta se aproximar dos filhos mimados das formas mais idiotas do mundo. Os adolescentes, quando não estão no celular, só sabem mostrar como estão revoltados com as injustiças do mundo (enquanto aproveitam as férias em um resort dez estrelas).
c) Jennifer Coolidge é Tanya, uma "perua" de meia idade que traz na bagagem as cinzas da mãe, que ela pretende jogar no oceano. Ela bebe muito e está sempre com dores; em uma visita ao spa do hotel ela recebe uma massagem "milagrosa" de Belinda (Natasha Rothwell). Tanya se "apaixona" por Belinda e a convida para jantares e passeios, além de prometer financiar uma clínica particular para a massagista, que realmente acredita na promessa.
Todos estes personagens se cruzam pelos corredores luxuosos do hotel e pelas praias paradisíacas do Havaí mas, pelo jeito, nunca estão felizes. A série tem um humor muito sarcástico e há algumas cenas bastante fortes, que contrastam com a direção de fotografia maravilhosa e a trilha sonora composta por canções tradicionais do Havaí. Disponível na HBO Max.
Voyagers (2020)
Neste filme, 30 crianças são criadas desde bebês para partir em uma viagem sem volta; eles vão embarcar em uma nave que vai viajar por 86 anos até chegar a um planeta distante, em uma "nave geracional". Se tudo correr bem, só seus netos, nascidos na nave, chegarão ao destino. Richard (um competente Colin Farrell) é o único adulto a bordo. Dez anos depois, a nave é mantida pelos 30 (agora) adolescentes e por Richard. Só que alguns problemas começam a acontecer; os adolescentes descobrem que uma bebida azul, que eles tomavam depois das refeições, era uma droga que inibia o desejo sexual, entre outras coisas (as futuras gerações seriam criadas em laboratório, se dependesse dos cientistas). Eles param de tomar a droga e, aos poucos, começam a agir de forma desinibida, o que gera conflitos, revoltas, ciúmes e atração sexual.
O elenco adolescente é bom (Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp, está no elenco) e o filme tem bom visual e efeitos especiais competentes. O roteiro é um tanto previsível (mesmo para quem não leu "O Senhor das Moscas") mas, como disse, não é um filme ruim. Ele poderia, sim, ser bem mais ousado. A impressão que dá é que o diretor não pode (ou não quis) chocar o público, então o filme fica no meio do caminho quando trata de sexualidade ou violência. Disponível na Amazon Prime.
Madame (2017)
A americana organiza um jantar de gala em que até o prefeito de Londres estará presente, mas há um problema: o filho de Harvey Keitel, Steven (Tom Hughes) aparece de surpresa, o que faz com que a mesa tenha 13 convidados. Para fazer um número par, a patroa pede que a empregada coloque um vestido e se sente à mesa ("fale pouco, beba pouco"). Só que um convidado, um vendedor de arte inglês (Michael Smiley), acaba se apaixonando pela espanhola (que ele acredita ser da realeza da Espanha).
Está armada uma comédia de erros em que o rico inglês começa a sair com a empregada espanhola, acreditando que ela é uma rica excêntrica, enquanto que a patroa americana não se conforma que a empregada tenha uma vida amorosa melhor do que a dela. Toni Collette está muito bem como uma mulher rica mas mal amada, que acha que a empregada deve voltar "ao seu lugar". O tom cômico se torna mais dramático conforme o ciúme da patroa aumenta e ela começa a interferir no romance da empregada. Harvey Keitel está divertido e Rossy de Palma está muito bem. É um filme bem europeu, com produção francesa mas falado em inglês. O tema poderia ter rendido mais, mas não é um filme ruim. Disponível na Amazon Prime.
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Quanto Vale (Worth, 2021)
Quanto Vale (Worth, 2021). Dir: Sara
Colangelo. Netflix. O filme vale pelas interpretações de Michael Keaton,
Stanley Tucci e Amy Ryan. Baseado na história de real dos acontecimentos após os
atentados de 11 de setembro de 2001, Keaton interpreta o advogado Ken Feinberg;
ele foi o responsável por chefiar uma comissão que iria determinar o valor das indenizações
que os sobreviventes e suas famílias receberiam do governo americano. A comissão
foi criada, também, para evitar que milhares de pessoas abrissem processo contra
as companhias aéreas usadas pelos terroristas para derrubar o World Trade
Center, em Nova York, e atacar o Pentágono, em Washington.
As melhores cenas envolvem o embate
entre Michael Keaton e Stanley Tucci (excelente), que interpreta Charles Wolf;
ele havia perdido a esposa no WTC e criado um grupo civil independente que não
concordava com os valores determinados pela comissão oficial. Quanto vale uma
vida? O valor da indenização deveria ser igual a todos ou variar dependendo da
riqueza (ou pobreza) da família da vítima? É possível colocar um valor
financeiro da perda de um pai, marido, esposa ou filho? O personagem de Michael
Keaton tenta ver tudo de forma racional e matemática enquanto que Stanley Tucci
quer que as vítimas sejam vistas como seres humanos, e não números.
O filme não chega a responder
direito a estas questões, mas, como disse, vale pelas interpretações. Amy Ryan
(sócia de Michael Keaton na firma de advocacia), entrevista pessoalmente dezenas
de vítimas e suas famílias e se envolve de forma mais pessoal com seus dramas. O
tema ainda é atual. Os atentados completam 20 anos este mês e centenas de
bombeiros ainda lutam para receber indenizações por doenças adquiridas durante
as operações de salvamento. Tá na Netflix.