Palavras que borbulham como refrigerante (Cider no yô ni kotoba ga wakiagaru, 2020). Dir: Kyohei Ishiguro. Netflix. Se você procurar pela definição de "Kawaii" no dicionário, vai achar este filme (na verdade, "Kawaii" pode ser traduzido como "fofo", "gracinha"). Coprodução japonesa com a Netflix, "Palavras que borbulham como refrigerante" pode, a princípio, assustar. Esqueça a calma filosófica de um Hayao Miyazaki (ou Makoto Shinkai); este é um anime do século XXI, passado em grande parte dentro de um shopping, com cores fortes e design exagerado. Eu quase desisti nos primeiros quinze minutos, confesso; o roteiro foi se revelando aos poucos e, então, fiquei com um sorriso bobo até o final dos curtos 87 minutos de duração.
A trama fala sobre um rapaz que gosta de fazer "haikais", aquela poesia japonesa composta por três linhas de 5, 7 e 5 sílabas. Como estamos no século XXI, ele publica seus poemas online, embora tenha poucos seguidores. Acompanhamos também uma garota chamada "Smile", que é uma "influencer" com milhares de seguidores. Apesar da fama, ela tem vergonha dos dentes da frente (estilo Mônica) e está sempre usando máscaras (e não é por causa de covid). O garoto e a garota, claro, acabam se conhecendo e se aproximando, embora daquele modo bem japonês (respeitoso e distante). Parece que você vai ver só um romancezinho adolescente mas, devagarinho, o roteiro se torna poético.
O rapaz trabalha em uma casa para idosos (dentro do shopping, veja você) e há um senhor que procura por um disco (um LP) antigo, porque ele "não quer se esquecer do passado". O anime moderno se torna uma busca pelo passado (e pelas tradições do passado). Os adolescentes se unem para procurar pelo disco perdido do velho. O shopping se prepara comemorar o aniversário com um tradicional festival japonês. O possível romance entre o garoto tímido e a garota popular está ameaçado por um segredo dele. Sim, é meio "novelinha", mas bem "kawaii". Tá na Netflix.
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