The Pacific (2010). Vários diretores. HBO Max. Assinar a HBO Max, para mim, tem mais a ver com explorar o acervo passado do canal do que o presente. "The Pacific" é um dos motivos. É uma minissérie irmã de "Band of Brothers" (2001), espetacular retrato da reconquista da Europa pelos soldados aliados na 2ª Guerra Mundial. Como diz o título, "The Pacific" foca nas batalhas travadas pelos americanos contra os japoneses nas centenas de ilhas do Oceano Pacífico. Não é tão boa quanto "Band of Brothers", mas chega perto. São dez capítulos com produção executiva de Tom Hanks e Steven Spielberg, o que garantiu um alto orçamento e cenas de batalhas quase tão espetaculares quanto "O Resgate do Soldado Ryan" (1998).
Baseada em relatos de combatentes reais, a série acompanha uma série de Fuzileiros Navais (os famosos "Marines") em ferozes lutas travadas no mar, nas praias e selvas de diversos arquipélagos dominados pelos japoneses. Spielberg estabeleceu um padrão de realismo (e violência) em "Soldado Ryan" que revolucionou o modo como o cinema retratou a 2ª Guerra, e "The Pacific" recria isso em violentas cenas de combates. Entre uma batalha e outra, porém, o roteiro trata do lado humano dos fuzileiros, focando em três personagens, Robert Leckie (James Badge Dale), Eugene Sledge (Joseph Mazzello) e John Basilone (Jon Seda). Curioso que Joseph Mazzello divida a tela com um jovem Rami Malek. Os dois trabalhariam juntos, anos depois, interpretando John Deacon e Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody".
Há mais episódios "parados" do que "Band of Brothers", creio; o combate no Pacífico estava mais para um guerrilha na selva do que a guerra na Europa. Por outro lado, "The Pacific" é mais ousada em cenas de nudez e sexo (o que, se não me engano, não havia em "Band of Brothers"). Há um episódio passado na Austrália em que vemos vários soldados americanos se envolvendo com as mulheres locais. É uma série americana, então claro que os americanos são vistos como heróis que salvaram o mundo, apesar de haver várias cenas em que o comportamento deles é questionável. Os japoneses pouco são vistos, a não ser como centenas de alvos, morrendo (e matando) às centenas. Os americanos se referem a eles com uma série de nomes racistas e preconceituosos (o que, provavelmente, é uma recriação realista de como se falava na época), embora seja aparente certo respeito como combatentes ferozes. O último episódio mostra a volta para casa dos soltados, a maioria com uma expressão de "e agora?" no rosto. PS: uma terceira série está sendo feita pelos mesmos produtores; aparentemente, vai tratar dos aviadores, mas não será veiculada pela HBO, mas pela Apple. Sinal dos tempos.