quinta-feira, 15 de abril de 2021

Força Maior (Force Majeure, 2014)

 

Força Maior (Force Majeure, 2014). Dir: Ruben Östlund. Amazon Prime. Comédia dramática desconfortável de se assistir, "Força Maior" é um estudo que trata principalmente da fragilidade masculina (embora também trate da fragilidade dos relacionamentos e da autoridade materna/paterna). Um casal sueco vai passar as férias em uma estação de esqui no Alpes Suíços. Eles levam junto os filhos (uma menina com uns 13 anos e um garoto de uns seis anos), para passar um "tempo em família". Eles parecem a família perfeita, sorrindo para fotos no topo da montanha. No segundo dia de férias, porém, eles estão em um restaurante na montanha e testemunham uma avalanche. O que começa como um belo espetáculo da natureza, no entanto, se transforma rapidamente em uma ameaça. A avalanche se aproxima rapidamente do restaurante onde a família está e parece que todos serão engolidos. As crianças gritam desesperadas e a mãe as abraça. O pai, assustado, sai correndo. Tudo acontece muito rápido mas, ao contrários das aparências, não havia perigo; a avalanche para e eles são apenas cobertos pelo vapor do gelo.

Apesar de tudo terminar "bem", o evento paira desconfortavelmente sobre a família. O pai teria realmente abandonado esposa e filhos e corrido para se salvar? É assim que a esposa, Ebba (Lisa Loven Kongsli) interpreta a situação; já o marido, Tomas (Johannes Kuhnke) não lembra desta forma. As férias continuam mas ninguém mais está se divertindo. O roteiro (do diretor) é muito bom em criar cenas desconfortáveis; o hotel é de luxo e as paisagens são deslumbrantes, mas o clima entre o casal se torna mais frio do que as pistas de esqui. Há um ótimo uso do som (e imagem) das explosões controladas que a estação de esqui faz para soltar a neve das montanhas. Vemos os clarões, à noite, enquanto o casal conversa sobre o ocorrido, e parece que estamos vendo uma cena de guerra. Há muitos sussurros e idas ao corredor do hotel para discussões do casal ("por causa das crianças"), mas o diretor faz questão de mostrar que as crianças sabem que o casamento vai mal e sofrem com isso.

É dramático mas, ao mesmo tempo, curiosamente engraçado. O modo como o marido se recusa a admitir o que fez revela sua fragilidade. A mulher, por outro lado, parece usar a situação para por o casamento em cheque (ela fica muito curiosa sobre a história de uma amiga casada que deixa marido e filhos em casa e sai em férias de vez em quando, acompanhada por outros homens). É um filme bem europeu, muito bem fotografado por Fredrik Wenzel. A última parte se alonga um pouco, com vários "falsos finais". Soube que cometeram uma versão americana com Will Ferrell (imagino que mataram toda a sutileza deste enredo). Disponível na Amazon Prime.

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