segunda-feira, 29 de novembro de 2021
Tokyo Trial (2016)
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Kate (2021)
Mary Elizabeth Winstead cresceu e não é mais (faz tempo) aquela adolescente de "Scott Pilgrim". Aqui ela é uma assassina profissional chamada Kate, que trabalha para uma espécie de figura paterna interpretada por Woody Harrelson, que a treinou desde criança. (Meio spoiler, mas é a premissa do filme>>) Kate acaba envenenada mortalmente após assassinar o membro de um clã da Yakuza. Com apenas alguma horas de vida, ela parte para se vingar pelas ruas de Tokyo, matando um bocado de gente mesmo com a saúde se deteriorando a olhos vistos.
Winstead está bem no papel. Ela é boa atriz e se garante tanto nas cenas dramáticas quanto nas de ação. Há bastante violência em cenas de tiroteio, lutas com facas e até katanas. Kate acaba formando uma parceria (meio forçada) com uma adolescente (Miku Martineau) que é a sobrinha do chefão que ela pretende matar. Eu acho que o filme poderia terminar uns 15 minutos antes (como sempre) mas há um clímax bem feito, com muita pancadaria e tiros em um arranha-céu. Bobagem clichê divertida. Tá na Netflix.
The White Lotus (2021)
O hotel é gerenciado por Armond (Murray Bartlett, excelente), um alcoólatra que está sóbrio há cinco anos. Ele é cortês e competente, mas está no limite da paciência. Nesta semana, ele vai ter que lidar com: a) um casal em lua de mel formado por Shane Patton (Jake Lacy) e a esposa, Rachel (Alexandra Daddario). Shane é o típico "filhinho da mamãe", milionário que está passando férias em um paraíso, mas não se conforma que o hotel errou e o colocou na SEGUNDA maior suíte do hotel. Ele não vai se esquecer desse erro, nem que, com isso, estrague a lua-de-mel e as férias. A esposa, Rachel, vem de uma família com menos dinheiro e, aos poucos, percebe que entrou em uma roubada (embora ela não saiba direito o que quer da vida).
b)a família Mossbacher é formada por uma executiva bem sucedida, Nicole (Connie Britton), o marido Mark (Steve Zahn), a filha insuportável Olivia (Sydney Sweeney) e o filho Quinn (Fred Hechinger). Olivia trouxe uma amiga, Paula (Brittany O'Grady), e as duas têm um estoque de remédios e drogas capaz de dopar um exército. Nicole é workaholic e passa as férias em chamadas com a China. O pai, Mark, é um coitado que tenta se aproximar dos filhos mimados das formas mais idiotas do mundo. Os adolescentes, quando não estão no celular, só sabem mostrar como estão revoltados com as injustiças do mundo (enquanto aproveitam as férias em um resort dez estrelas).
c) Jennifer Coolidge é Tanya, uma "perua" de meia idade que traz na bagagem as cinzas da mãe, que ela pretende jogar no oceano. Ela bebe muito e está sempre com dores; em uma visita ao spa do hotel ela recebe uma massagem "milagrosa" de Belinda (Natasha Rothwell). Tanya se "apaixona" por Belinda e a convida para jantares e passeios, além de prometer financiar uma clínica particular para a massagista, que realmente acredita na promessa.
Todos estes personagens se cruzam pelos corredores luxuosos do hotel e pelas praias paradisíacas do Havaí mas, pelo jeito, nunca estão felizes. A série tem um humor muito sarcástico e há algumas cenas bastante fortes, que contrastam com a direção de fotografia maravilhosa e a trilha sonora composta por canções tradicionais do Havaí. Disponível na HBO Max.
Voyagers (2020)
Neste filme, 30 crianças são criadas desde bebês para partir em uma viagem sem volta; eles vão embarcar em uma nave que vai viajar por 86 anos até chegar a um planeta distante, em uma "nave geracional". Se tudo correr bem, só seus netos, nascidos na nave, chegarão ao destino. Richard (um competente Colin Farrell) é o único adulto a bordo. Dez anos depois, a nave é mantida pelos 30 (agora) adolescentes e por Richard. Só que alguns problemas começam a acontecer; os adolescentes descobrem que uma bebida azul, que eles tomavam depois das refeições, era uma droga que inibia o desejo sexual, entre outras coisas (as futuras gerações seriam criadas em laboratório, se dependesse dos cientistas). Eles param de tomar a droga e, aos poucos, começam a agir de forma desinibida, o que gera conflitos, revoltas, ciúmes e atração sexual.
O elenco adolescente é bom (Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp, está no elenco) e o filme tem bom visual e efeitos especiais competentes. O roteiro é um tanto previsível (mesmo para quem não leu "O Senhor das Moscas") mas, como disse, não é um filme ruim. Ele poderia, sim, ser bem mais ousado. A impressão que dá é que o diretor não pode (ou não quis) chocar o público, então o filme fica no meio do caminho quando trata de sexualidade ou violência. Disponível na Amazon Prime.
Madame (2017)
A americana organiza um jantar de gala em que até o prefeito de Londres estará presente, mas há um problema: o filho de Harvey Keitel, Steven (Tom Hughes) aparece de surpresa, o que faz com que a mesa tenha 13 convidados. Para fazer um número par, a patroa pede que a empregada coloque um vestido e se sente à mesa ("fale pouco, beba pouco"). Só que um convidado, um vendedor de arte inglês (Michael Smiley), acaba se apaixonando pela espanhola (que ele acredita ser da realeza da Espanha).
Está armada uma comédia de erros em que o rico inglês começa a sair com a empregada espanhola, acreditando que ela é uma rica excêntrica, enquanto que a patroa americana não se conforma que a empregada tenha uma vida amorosa melhor do que a dela. Toni Collette está muito bem como uma mulher rica mas mal amada, que acha que a empregada deve voltar "ao seu lugar". O tom cômico se torna mais dramático conforme o ciúme da patroa aumenta e ela começa a interferir no romance da empregada. Harvey Keitel está divertido e Rossy de Palma está muito bem. É um filme bem europeu, com produção francesa mas falado em inglês. O tema poderia ter rendido mais, mas não é um filme ruim. Disponível na Amazon Prime.
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Quanto Vale (Worth, 2021)
Quanto Vale (Worth, 2021). Dir: Sara
Colangelo. Netflix. O filme vale pelas interpretações de Michael Keaton,
Stanley Tucci e Amy Ryan. Baseado na história de real dos acontecimentos após os
atentados de 11 de setembro de 2001, Keaton interpreta o advogado Ken Feinberg;
ele foi o responsável por chefiar uma comissão que iria determinar o valor das indenizações
que os sobreviventes e suas famílias receberiam do governo americano. A comissão
foi criada, também, para evitar que milhares de pessoas abrissem processo contra
as companhias aéreas usadas pelos terroristas para derrubar o World Trade
Center, em Nova York, e atacar o Pentágono, em Washington.
As melhores cenas envolvem o embate
entre Michael Keaton e Stanley Tucci (excelente), que interpreta Charles Wolf;
ele havia perdido a esposa no WTC e criado um grupo civil independente que não
concordava com os valores determinados pela comissão oficial. Quanto vale uma
vida? O valor da indenização deveria ser igual a todos ou variar dependendo da
riqueza (ou pobreza) da família da vítima? É possível colocar um valor
financeiro da perda de um pai, marido, esposa ou filho? O personagem de Michael
Keaton tenta ver tudo de forma racional e matemática enquanto que Stanley Tucci
quer que as vítimas sejam vistas como seres humanos, e não números.
O filme não chega a responder
direito a estas questões, mas, como disse, vale pelas interpretações. Amy Ryan
(sócia de Michael Keaton na firma de advocacia), entrevista pessoalmente dezenas
de vítimas e suas famílias e se envolve de forma mais pessoal com seus dramas. O
tema ainda é atual. Os atentados completam 20 anos este mês e centenas de
bombeiros ainda lutam para receber indenizações por doenças adquiridas durante
as operações de salvamento. Tá na Netflix.
Cowboys do Espaço (Space Cowboys, 2000)
20.000 Léguas Submarinas (20,000 Leagues Under the Sea, 1954)
Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, 1984)
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
The Pacific (2010)
domingo, 29 de agosto de 2021
Antebellum (2020)
sábado, 28 de agosto de 2021
Estranho Passageiro - Sputnik (2020)
E é basicamente isso. O resto do filme é um embate entre a cientista, que quer salvar a vida do astronauta, e do coronel, que quer transformar o alien em algum tipo de arma. Há alguns segredos desagradáveis que o coronel não contou à cientista, que rendem as cenas mais violentas do filme. Há também uma discussão leve sobre o papel de pais e filhos (o astronauta teria largado um filho ilegítimo em um orfanato) e sobre a ligação simbiótica entre o alien e o astronauta. O filme é escuro e passa o visual utilitário (e analógico) de uma base soviética na Guerra Fria. A primeira parte é melhor que a segunda, mas é um filme interessante. Tá na Netflix.
A Arte da Autodefesa (The Art of Self-Defense, 2019)
Curioso como o filme brinca com os clichês do gênero e até rouba inspiração de filmes como "Karate Kid" (Daniel Larusso leva uma surra de um grupo de ciclistas antes de virar aluno do Sr. Miyagui, por exemplo). Só que "A Arte da Autodefesa" está mais para um "Clube da Luta" do que para "Karate Kid". Casey se torna obcecado pela academia e quer andar o tempo todo com a faixa amarela na cintura. Ele começa a ouvir música pesada e a ser ríspido no trabalho. Ele até deixa de estudar Francês e passa a estudar Alemão, uma língua "mais máscula", segundo o Sensei.
Só não espere uma comédia escancarada. Pelo contrário, o roteiro se torna cada vez mais sério (embora ainda irônico) até chegar ao final. Jesse Eisenberg está muito bem, assim como Alessandro Nivola, que interpreta o Sensei como um homem manipulador. Imogen Poots é a única presença feminina, como uma aluna da academia que tenta chegar à faixa preta mas é mantida para trás pelo machismo do Sensei. Tá na Netflix.
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Raised by Wolves (2020)
No século 22, uma pequena nave pousa no planeta Kepler 22B. De dentro dela saem duas figuras humanoides, que tratam um ao outro como "Pai" (Abubakar Salim) e "Mãe" (Amanda Collin). São androides. Eles montam acampamento, preparam a terra e se fixam no local. É então que o "Pai" liga a "Mãe" a uma espécie de incubadora e, nove meses depois, ela gera seis bebês, de várias raças. Eles planejam começar uma nova civilização mas, com o passar dos anos, alguns dos filhos morrem por doenças. Para piorar a situação, uma outra nave chega ao planeta, com tripulantes de uma facção religiosa rival, e uma disputa se estabelece. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Ridley Scott e o primeiro, particularmente, é sensacional; com algumas modificações, poderia ter sido lançado como um filme independente.
A questão da maternidade é explorada tanto como uma benção quanto como uma maldição; isso já foi visto antes em filmes de Scott como "Prometheus" (lembram da cena de Noomi Rapace na mesa de operação robótica?). Falando em "Prometheus", há várias pistas de que esta série se passe no mesmo "universo compartilhado"... os androides têm o mesmo sangue branco, por exemplo, e (sem entrar em spoilers) há outras dicas espalhadas pela trama. A "Mãe", vivida pela excelente atriz holandesa Amanda Collin, é programada para cuidar de crianças, o que ela faz com uma dedicação praticamente humana (o que remete a "Blade Runner 2049"). O problema, como disse, é que a trama é esticada para dez episódios, e as discussões e temas se tornam repetitivos. Vários mistérios vão surgindo com o decorrer dos episódios e, como espectador, você espera por uma conclusão que não chega. Claro que a HBO tem interesse em séries que possam ser esticadas por várias temporadas, como "Game of Thrones" e "Westworld", mas "Raised by Wolves" chega ao final não com gosto de "quero mais", mas de "faltou alguma coisa". Ela nunca deixa, porém, de ser fascinante de se assistir. Disponível na HBO Max.
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
Palavras que borbulham como refrigerante (Cider no yô ni kotoba ga wakiagaru, 2020)
A trama fala sobre um rapaz que gosta de fazer "haikais", aquela poesia japonesa composta por três linhas de 5, 7 e 5 sílabas. Como estamos no século XXI, ele publica seus poemas online, embora tenha poucos seguidores. Acompanhamos também uma garota chamada "Smile", que é uma "influencer" com milhares de seguidores. Apesar da fama, ela tem vergonha dos dentes da frente (estilo Mônica) e está sempre usando máscaras (e não é por causa de covid). O garoto e a garota, claro, acabam se conhecendo e se aproximando, embora daquele modo bem japonês (respeitoso e distante). Parece que você vai ver só um romancezinho adolescente mas, devagarinho, o roteiro se torna poético.
O rapaz trabalha em uma casa para idosos (dentro do shopping, veja você) e há um senhor que procura por um disco (um LP) antigo, porque ele "não quer se esquecer do passado". O anime moderno se torna uma busca pelo passado (e pelas tradições do passado). Os adolescentes se unem para procurar pelo disco perdido do velho. O shopping se prepara comemorar o aniversário com um tradicional festival japonês. O possível romance entre o garoto tímido e a garota popular está ameaçado por um segredo dele. Sim, é meio "novelinha", mas bem "kawaii". Tá na Netflix.
Aqueles que me desejam a morte (Those who wish me dead, 2021)
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward, 2020)
A trama se passa em um mundo de fantasia em que a mágica se perdeu por causa das facilidades do mundo moderno, como lâmpadas elétricas, carros e outras comodidades. Ainda há elfos, centauros, dragões e coisas do tipo, mas estão todos "civilizados". O roteiro segue a vida de dois irmãos, Ian (voz de Tom Holland) e Barley (Chris Pratt); Ian, o mais novo, é tímido e inseguro. Barley, o mais velho, é confiante, falastrão e acredita piamente em magia e no poder dos velhos tempos. Os dois descobrem que o pai (que morreu quando Ian era bebê) deixou para eles um cajado mágico e um encantamento que permitiria que ele voltasse à vida por 24 horas. Só que a magia dá errado e apenas metade do pai (basicamente só as pernas) volta do além. Cabe aos irmãos partir em uma jornada atrás de uma pedra mágica que traria o pai, inteiro, de volta.
Como disse, o filme fica melhor conforme avança. A aventura dos irmãos é divertida e o filme, como todo produto Pixar, é tecnicamente muito bem feito. O bom trabalho de voz de Tom Holland e Chris Pratt é acompanhado por Julia Louis-Dreyfuss e Octavia Spencer, entre outros. Talvez não vire um clássico, mas é uma boa aventura. Disponível na Disney+.
Beckett (2021)
Há algo de Hitchcock nessa premissa; o mestre inglês do suspense adorava colocar pessoas comuns em situações extraordinárias (Intriga Internacional. O Homem que Sabia Demais, etc); o problema é que o roteiro de "Beckett" fica só na promessa. A situação em que ele se encontra é intrigante, mas depois de um tempo esperamos algo mais do que cenas repetitivas de encontros violentos com os perseguidores e fugas mirabolantes.
Vicky Krieps, de "Trama Fantasma" (de Paul Thomas Anderson) e do recente "Tempo" (de Shyamalan), interpreta uma ativista que o personagem de Washington encontra pelo caminho; Boyd Holbrook (de "Narcos" e "Logan"), é um funcionário da embaixada americana. O filme foi coproduzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features ("Frances Ha", "Me Chame pelo seu Nome") e tem trilha sonora do grande Ryuichi Sakamoto. John David Washington apanha um bocado e faz o que pode com o roteiro pouco desenvolvido.
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Val (2021)
Sem poder falar (a não ser tampando um buraco na garganta com os dedos), Val Kilmer resolveu contar a própria história, usando centenas de horas de filmagens feitas por ele mesmo desde criança. Sim, é um projeto cheio de vaidade, mas Kilmer é um ator, acostumado à própria imagem a vida inteira. Ele e os irmãos brincavam de fazer filmes amadores em um rancho na Califórnia e Kilmer continuou gravando a própria vida; bastidores de filmes, testes para diretores como Scorsese (ele tentou o papel de Ray Liotta em "Os Bons Companheiros") e Stanley Kubrick, ensaios, conversas com a família, etc. Há cenas curiosas dos bastidores de "Top Gun", "Batman", "The Doors", "Fogo contra Fogo", "Tombstone" e o caos que foram as filmagens de "A Ilha do Dr. Moreau", com Marlon Brando.
Todo o "glamour" do passado contrasta com a situação presente de Kilmer. Há uma sequência bem desconfortável em que o vemos assinando centenas de autógrafos para fãs em uma convenção qualquer; Kilmer passa mal e tem que interromper a sessão de autógrafos. Sem poder fazer mais filmes, ele agora depende de aparições públicas para ganhar algum dinheiro. O documentário é narrado pelo filho de Kilmer, Jack, que tem a voz bem parecida com a do pai. O trabalho de edição é muito bem feito, misturando centenas de imagens de várias décadas diferentes para contar a história de um grande ator. Disponível na Amazon Prime.
Mito e Magnata: John DeLorean (Myth & Mogul: John DeLorean, 2021)
Mito e Magnata: John DeLorean (Myth & Mogul: John DeLorean, 2021). Dir: Mike Connolly. Netflix. Documentário dividido em três partes (que foi concebido como um longa metragem de 2 horas) sobre John DeLorean, criador do carro que leva seu nome. Com design futurista e portas que abriam como uma espaçonave, o carro ficou famoso como a máquina do tempo do filme "De Volta para o Futuro", e provavelmente você vá ver o documentário por causa disso; a não ser por uma cena no início, porém, o filme não é mais citado.Quem foi John DeLorean? Um cara bastante complicado; executivo mais jovem da GM, DeLorean deixou um salário de 600 mil dólares por ano para criar a própria empresa, a DeLorean Motor Company. Seu sonho era fazer um carro "futurista", com design arrojado e motor econômico. Recebeu 100 milhões de dólares do governo da Irlanda do Norte para construir o carro em Belfast no final dos anos 1970; os empregos criados pela empresa eram muito bem-vindos pela população local. O problema é que Belfast era uma zona de guerra, com conflitos constantes entre católicos e protestantes, tanques de guerra nas ruas e explosões de bombas. Os trabalhadores não eram especializados mas, contra todas as expectativas, DeLorean conseguiu lançar o carro em apenas dois anos e meio.
Com vários problemas mecânicos, no entanto, o carro não vendeu. Apesar da empresa estar praticamente falida, John DeLorean mantinha o padrão de vida de um magnata, casado com uma modelo muito mais jovem e com gastos exorbitantes. DeLorean acabou envolvido em uma acusação séria de tráfico de drogas, problemas trabalhistas e familiares. A ex-esposa, em depoimento, diz que ele era um "narcisista maldoso". Um jornalista o acusa de roubar invenções e designs de outras pessoas. Há farto uso de imagens da época filmadas pelo lendário documentarista D. A. Pennebaker. Apesar disso, fiquei com a impressão de que o documentário não conseguiu, no final, pintar uma imagem melhor de John DeLorean. O filme parece indeciso se quer mostrá-lo como um gênio não reconhecido ou, na verdade, como um babaca. Tá na Netflix.
domingo, 1 de agosto de 2021
Os Pequenos Vestígios (The Little Things, 2021)
O que não significa que o filme seja ruim. Quem gosta de um suspense policial bem feito, mesmo que clichê, pode assistir sem medo. O melhor de "Os Pequenos Vestígios", claro, é Denzel Washington. Ele já fez filmes do tipo antes (como "O Colecionador de Ossos", 1999, com Angelina Jolie) e é meio surpreendente que tenham conseguido contratá-lo para este filme, mas ele está muito bem. Denzel interpreta um xerife de uma cidade do interior que vai até Los Angeles buscar umas provas para um caso. Ao chegar lá, é reconhecido por vários outros policiais e ficamos sabendo que ele já havia trabalhado como detetive em Los Angeles. Rami Malek é o detetive que substituiu Denzel quando ele saiu da cidade, há cinco anos. Malek, ao contrário de Denzel Washington, está muito estranho. Ele não me convenceu em nenhum momento como um detetive "estrela" de homicídios. A bem da verdade, em vários momentos ele ainda parece estar interpretando Freddie Mercury, rs. Malek está investigando uma série de mortes de mulheres em Los Angeles e (coincidência) o caso pode ter ligação com uma investigação antiga de Denzel. E então entra Jared Leto, interpretando o louco de sempre, que pode (ou não) ser o principal suspeito do caso.
Como disse, não há nada de novo. David Fincher (Seven, Garota Exemplar, Zodíaco) teria feito um trabalho bem melhor. Nas mãos de John Lee Hancock, "Os Pequenos Vestígios" é intrigante e atmosférico o suficiente para prender a atenção. A crítica, em geral, falou muito mal do filme. Em cartaz na HBO Max.
Nem um Passo em Falso (No Sudden Move, 2021)
Soderbergh está à vontade como diretor, editor e diretor de fotografia (sob pseudônimos) do filme. Para representar a desorientação dos personagens, Soderbergh uma uma lente grande angular que distorce os cantos da imagem, aumentando alguns personagens e diminuindo outros. A direção de arte recria muito bem os anos 1950 e o elenco é cheio de figuras conhecidas, como Jon Hamm, Ray Liotta e Bill Duke (além de uma surpresa não creditada).
Apesar de não ser exatamente um "filme de assalto" como a série "Onze Homens e um Segredo" (também de Soderbergh), a trama envolve uma série de golpes e traições envolvendo o tal "documento secreto". O roteiro fica bastante confuso conforme avança e o final poderia ser melhor, mas não importa. É bem dirigido, tem bom elenco e vale ser visto. Na HBO Max.
domingo, 25 de julho de 2021
Boy Erased: Uma Verdade Anulada (Boy Erased, 2018)
O tema da "terapia de conversão" é polêmico e o filme mostra como os chamados "especialistas" no assunto, no fundo, são apenas gays enrustidos. O filme estica uma meia hora a mais, o que achei desnecessário. Ao contrário de filmes como "Um Estranho no Ninho" ou "Garota Interrompida", a "prisão" do personagem é mais mental do que propriamente física (há apenas uma cena angustiante em que Jared é impedido de sair por alguns minutos). Há uma boa cena entre o rapaz e a mãe (bem interpretada por Nicole Kidman). Já a relação com o pai é mais complicada e Crowe poderia ter sido melhor aproveitado. Tá na Netflix.
Jolt: Fúria Fatal (Jolt, 2021)
O psiquiatra dela (interpretado por Stanley Tucci) sugere que ela saia com alguém, namore, tente ser "normal" por um tempo. Entra então Justin (Jai Courtnay), um contador por quem ela se apaixona loucamente depois de apenas uma noite juntos. Só que o cara aparece morto no dia seguinte, o que faz com que Lindy jure vingança. Bocejos.
O filme é todo estilizado, com cores fortes e visual de história em quadrinhos. Lindy é uma espécie de John Wick feminino, dando porrada em todos que aparecem pela frente. Os vilões (obviamente envolvidos com a máfia russa, ou algum clichê do tipo) poderiam simplesmente dar um tiro na cabeça dela, mas aí não teria filme, então há várias cenas em que eles ameaçam torturá-la, etc. Bobby Cannavale e Laverne Cox interpretam dois policiais incompetentes. Cenas violentas são intercaladas com sequências ridículas, como uma em que Lindy pega bebês recém nascidos e fica jogando em direção a uma policial. Sério. Disponível na Amazon Prime.
A Testemunha Ocular (The Public Eye, 1992)
O filme é escrito e dirigido por Howard Franklin (que tem o roteiro de "O Nome da Rosa" no currículo) e produzido por Robert Zemeckis ("De Volta para o Futuro", "Forrest Gump"). Joe Pesci está ótimo como "o grande Bernzini", um fotógrafo obcecado pelo seu trabalho; o personagem foi baseado em uma pessoa real chamada Arthur Fellig (conhecido como Weegee). É curioso encontrar, entre os coadjuvantes, atores como um jovem Jared Harris (das séries "Chernobyl", "The Crown" e "Mad Men"), interpretando o porteiro da casa noturna. Richard Schiff (de "The West Wing" e "The Good Doctor") tem uma aparição rápida como um fotógrafo concorrente. Stanley Tucci interpreta um mafioso, assim como Jerry Adler e Dominic Chianese (ambos da série "The Sopranos").
A recriação de época é bem feita e o filme tem boa direção de fotografia. Há várias cenas em preto e branco, filmadas do ponto de vista do fotógrafo, mostrando como ele enquadra as imagens conforme anda pelas ruas de Nova York. Mark Isham compôs a boa trilha sonora. Não é nenhum clássico do gênero mas é bem feito e vale uma olhada. Tá na Netflix.
Bosch - 1ª Temporada (Bosch, 2015)
Titus Welliver é Harry Bosch, um detetive veterano da polícia de Los Angeles. Ele mora em uma casa com uma bela vista e está sempre escutando discos de jazz. Bosch não chega a ser violento como o Dirty Harry de Clint Eastwood, mas é encrenqueiro e, aparentemente, responsável por investigar todos os casos "quentes" de Los Angeles. A temporada (de 10 capítulos) tem várias tramas, todas envolvendo Bosch de uma forma ou outra. Há o caso dos ossos de um garoto encontrados em uma ravina de Los Angeles. Há o caso de um serial killer chamado Raynard Waits (Jason Gedric), que mata garotos de programa. Há um julgamento envolvendo Bosch, que teria (ou não) matado um homem desarmado. Há também espaço para a vida pessoal dele, como uma ex-mulher e uma filha que ele não vê há anos. E há um romance conturbado com uma policial principiante, Julia (Annie Wersching), que não tem paciência para a rotina das ruas.
Há vários clichês do gênero e nada é muito novo, mas a produção é de primeira classe e os atores são bons. O visual lembra filmes de Michael Mann como "Fogo contra Fogo" ou "Colateral" (as imagens digitais noturnas lembram particularmente este último). Titus Welliver é ótimo como Harry Bosch e se sobressai mesmo quando o roteiro dá umas derrapadas. Ouvi dizer que a série é ainda melhor nas próximas temporadas. Veremos. Disponível na Amazon Prime.