Há um curioso ar analógico em "Kong: Ilha da Caveira". Passado nos anos 1970, o filme está cheio de imagens de discos de vinil, gravadores de rolo, câmeras de 16mm, Super-8 e filmes fotográficos de 35mm. Estas imagens contrastam com os monstrões criados digitalmente pelos mágicos dos efeitos especiais e são bem-vindas.
"Kong: A Ilha da Caveira" é uma divertida (e completamente sem noção) volta de King Kong aos cinemas. O personagem surgiu pela primeira vez na década de 1930, subindo em uma miniatura do Empire State nos ótimos efeitos especiais em stop motion de Willis O´Brien. O macacão apareceu em alguns filmes japoneses de monstro nos anos 1960, em desenhos animados, em superprodução de Dino de Laurentis na década de 1970 e em um longo épico de três horas de Peter Jackson em 2005.
Esta versão de Kong é parte de um plano da Warner de fazer uma série de filmes de monstros culminando com um duelo entre King Kong e Godzilla. Assim, esta versão de Kong é gigantesca. Esqueça aquele gorila que subia em edifícios de Nova York; este é do tamanho de um prédio, o que é ao mesmo tempo majestoso e ridículo. O diretor Jordan Vogt-Roberts não perde tempo em revelar o monstrão quando um grupo de cientistas e soldados chega à Ilha da Caveira. Em termos de elenco, é um time e tanto: John Goodman, Samuel L. Jackson, Tom Riddleston, Brie Larson, John C. Reilly e uma dezena de coadjuvantes destinados a virar purê estão no filme, levando tudo divertidamente a sério. Não dá para falar mal de um filme que tem John Goodman e Samuel L. Jackson. O primeiro é um cientista que acredita em uma teoria da "Terra Oca", onde monstros mitológicos vivem. O segundo é um coronel que acabou de perder a Guerra do Vietnã e está com sede de vingança. John C. Reilly, ótimo, é um tenente do exército americano que está na ilha desde a 2ª Guerra Mundial (o que rende boas piadas, como ele não saber o que é rock ´n roll ou que o homem chegou à Lua em 1969).
A inspiração direta para Kong, curiosamente, é o clássico "Apocalypse Now" (1979), de Francis Ford Coppola. Quando dezenas de helicópteros (que, sinceramente, ainda não entendi de onde partiram) chegam à Ilha da Caveira, Vogt-Roberts recria a genial sequência de Coppola do ataque de helicópteros no Vietnã; a única diferença é que Wagner foi trocado por clássicos de rock. Em poucos minutos estes helicópteros estão sendo derrubados como moscas pelo gigantesco Kong, que não gosta de ver sua ilha invadida. Os sobreviventes são divididos em diversos grupos pela ilha e logo são alvo de outros monstros, como aranhas gigantes e lagartos que parecem ter saído de uma produção de J.J. Abrams.
"Kong: A Ilha da Caveira", obviamente, não pode ser levado a sério, mas é bastante divertido como "filme B de luxo" e rende algumas ótimas sequência de luta entre monstros do tamanho de montanhas.
PS: claro que, estilo Marvel, há cenas depois dos créditos, esteja avisado.
PS: claro que, estilo Marvel, há cenas depois dos créditos, esteja avisado.
João Solimeo
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