Em 15 de janeiro de 2009, um Airbus 320 partiu do aeroporto de LaGuardia, em Nova York, carregando 155 passageiros e tripulantes. Apenas 208 segundos depois, com as duas turbinas destruídas por pássaros em voo, o avião pousou gentilmente sobre as águas geladas do Rio Hudson. Helicópteros e barcos da guarda costeira conseguiram resgatar todos com vida. A cidade de Nova York, ainda sofrendo os efeitos dos ataques ao World Trade Center em 2001, transformou o caso em uma grande celebração. O capitão do avião, Chesley "Sully" Sullenberger, foi transformado em herói nacional, fez inúmeras entrevistas e era abraçado por estranhos na rua; mas será que ele, ao pousar na água, teria tomado a decisão certa?
É esta questão que "Sully", o mais novo filme do veterano diretor Clint Eastwood, tenta responder. Sully é interpretado por ninguém menos que Tom Hanks, que aos 60 anos é, provavelmente, o ator mais amado desta geração (há vinte anos, provavelmente, o próprio Eastwood teria interpretado o papel). Hanks, desnecessário dizer, está ótimo e a produção é mais do que competente como entretenimento adulto. Falta, no entanto, um pouco mais de garra ao filme.
Clint Eastwood está com 86 anos e já fez desde obras primas (Os Imperdoáveis, Sobre Meninos e Lobos) a filmes divertidos, mas descartáveis (Cowboys do Espaço) até bobagens (Além da Vida). "Sully" se agarra às costas de Tom Hanks para se manter, literalmente, acima da água. Há alguns vícios antigos que chamam a atenção, como o fato dos burocratas que estão analisando o incidente terem todos cara de "mau" e agirem de forma desagradável. Laura Linney, brilhante em "Sobre Meninos e Lobos", está aqui reduzida à mulher "do lar" que fica apenas chorando no telefone com Tom Hanks ou falando sobre problemas financeiros. Uma trilha sonora açucarada é ouvida cada vez que testemunhamos um ato heroico ou tocante.
Por outro lado, fica claro que estamos diante de um diretor que, em grande parte do tempo, sabe o que está fazendo. Eastwood usa de efeitos criados em computação gráfica de forma discreta e muito eficiente. A direção de atores (a não ser com os "vilões") é boa e Aaron Ekhart, particularmente, está ótimo como Jeff Skyles, o espirituoso co-piloto de Sully. Os 208 segundos do voo são recriados de forma precisa e repetidos por diversas vezes durante o filme, de diferentes pontos de vista. Eastwood optou por contar a história de forma não linear, começando após o acidente e retornando a ele de tempos em tempos, durante o transcorrer da investigação.
A sequência final se passa em uma daquelas "cenas de tribunal" que, se não fossem os talentos envolvidos, caberiam melhor em um telefilme de sábado à noite. O que fica de Sully é que pessoas são mais importantes do que simulações de computador, e bons atores como Tom Hanks, por enquanto, ainda batem qualquer computação gráfica. O produto final é um filme que merece ser visto, mas está longe de ser memorável.
João Solimeo
Um comentário:
Muito boa recomendação, João Solimeo. Eu gostei do filme de Clint Eastwood. Sully superou as minhas expectativas. Definitivamente o personagem de Sully é uma das azoes pelas quais o filme teve resumos positivos. Os filmes com Tom Hanks sempre são incríveis. O papel que o ator realizo em a Sully, O Herói do Rio Hudson é uma das suas melhores atuações, a forma em que vão metendo os personagens e contando suas historias é única. Acho que este é um dos seus melhores filmes de drama porque tem uma boa história e bons efeitos especiais.
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