sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Último Amor de Mr. Morgan

Para um filme que passa quase duas horas falando sobre como enfrentar a depressão, passar por cima do passado e voltar a viver, "O Último Amor de Mr. Morgan" tem um final completamente incoerente e inacreditável. É uma pena, porque durante a primeira hora assistimos a um filme charmoso e interessante.

Michael Caine, sempre ótimo, é Matthew Morgan, um professor aposentado de Filosofia que mora em Paris. Desde a morte da esposa Joan (a veterana Jane Alexander), que ele venerava, ele vagueia pela cidade imaginando a mulher ao seu lado, tendo conversas imaginárias com ela ou passeando de mãos dadas. Um dia, no ônibus, ele conhece uma jovem e doce francesa chamada Pauline (Clémence Poésy), que imediatamente simpatiza com ele. Os dois engatam uma amizade que é uma mistura de companheirismo, amor paternal e, talvez, algo mais. É interessante o modo como nenhum dos dois questiona ou discute o que está acontecendo; eles apenas gostam de estar juntos e passear por paisagens idílicas de Paris e arredores, acompanhados por uma trilha suave de Hans Zimmer. (leia mais abaixo)


É então que o personagem de Michael Caine acha que é hora de "voltar para casa", e ele tenta se suicidar tomando uma overdose de pílulas para dormir. Ele falha, e é visitado no hospital não apenas por Pauline (que lhe diz que "tomou uma decisão") mas pelos filhos que voaram dos Estados Unidos para a França para ver o pai. Eles são Miles (Justin Kirk), um rapaz extremamente ressentido (e chato) com o pai e Karen (uma surpreendente Gillian Anderson, a eterna Dana Scully da série "Arquivo X"). De repente, o filme sai totalmente dos trilhos. O que começou como uma bonita história de amor e redenção entre um viúvo e uma jovem se torna uma discussão interminável entre Matthew e seus filhos (principalmente Miles) que não têm motivos para achá-lo um grande pai. Pauline, colocada no meio de uma discussão de família, perde qualquer traço da personalidade que tinha até então. O tal "último amor do Sr. Morgan" dá lugar a cenas intermináveis em que Miles acusa o pai de tê-lo castrado quando criança,  discussões sobre quem vai herdar o dinheiro de uma casa de campo, problemas no casamento de Miles e outras coisas que, francamente, o espectador não está interessado.

O final, repito, vai contra tudo o que se construiu durante a narrativa. "O Último Amor de Mr. Morgan" é escrito e dirigido por Sandra Nettelbeck; o filme vale pela interpretação de Michael Caine e por algumas belas cenas durante a primeira hora. Quando os filhos entram em cena, porém, se torna um filme enfadonho e sem direção. Em cartaz no Topázio Cinemas, em Campinas.

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