quinta-feira, 5 de junho de 2014

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

O novo filme dos "X-Men" tem um pouquinho de tudo: um futuro distópico e sombrio que lembra "O Exterminador do Futuro" e a série "Matrix"; viagens no tempo para tentar mudar a História; robôs gigantes em batalhas apocalípticas e muitas referências à cultura pop, como uma TV exibindo um episódio da série clássica "Jornada nas Estrelas" ou um mutante usando uma camiseta do Pink Floyd. É recomendável que o espectador faça uma retrospectiva da série "X-Men" e os filmes do Wolverine antes de entrar no cinema, com o risco de se perder tentando lembrar como é que o Professor Xavier (o grande ator britânico Patrick Stewart, quando velho, e James McAvoy quando novo) está vivo ou em que estágio de evolução estão as garras de Logan (Hugh Jackman, cada vez mais musculoso).

"X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" traz de volta à  série o diretor Bryan Singer, que fez os primeiros dois filmes e saiu para fazer uma versão de Superman que foi desprezada pelos fãs ("Superman: O Retorno", 2006). "X-Men 3: O Confronto Final", dirigido por Brett Ratner, também não agradou muito, o que não impediu que a franquia continuasse lucrativa. "Dias de um Futuro Esquecido" é, ao mesmo tempo, empolgante e uma bagunça, juntando o elenco da série original com os atores novos vistos em "X-Men: Primeira Classe" (2011). A premissa: em um futuro indeterminado, humanos e mutantes se tornaram escravos dos Sentinelas, robôs gigantes que foram criados originalmente para destruir os mutantes, mas acabaram atacando toda a humanidade. O Professor Xavier (Patrick Stewart) se une ao vilão Magneto (Ian McKellen, de "O Hobbit") e, com a ajuda de uma mutante interpretada por Ellen Page, envia a mente de Wolverine para o ano de 1973; a missão dele é impedir que Mística (Jennifer Lawrence, de "Trapaça") mate o futuro criador dos sentinelas, Trask, interpretado por Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de "Game of Thrones". Se você se lembrou da trama de "O Exterminador do Futuro", não foi o único. (leia mais abaixo)


Singer se diverte em recriar o início dos anos 1970, com sua moda cafona, músicas de "paz e amor", Richard Nixon, a Guerra do Vietnã, etc. O jovem Magneto (Michael Fassbender, de "12 Anos de Escravidão", "Shame"), acredite se quiser, está preso no subsolo do Pentágono por supostamente ter matado o presidente John Kennedy (de que outra maneira se poderia explicar aquela bala em ziguezague que matou o presidente?). Esta mistura entre fatos históricos e ficção funcionam melhor neste filme do que em "Primeira Classe", que lidava com a Guerra Fria e a crise dos mísseis em Cuba. Hugh Jackman, o único elo de ligação entre passado e futuro, tem que tentar lidar com um desiludido Charles Xavier (McAvoy), viciado em uma droga que permite que ele volte a andar, mas fique sem os poderes telepáticos. Fassbender está muito bem (como sempre) no papel do megalomaníaco Magneto, capaz de levantar até um estádio de beisebol com seus poderes.

O mote da viagem no tempo quase sempre gera boas histórias. É fascinante imaginar se seria possível mudar o passado ou a própria história (ou a História). O problema são os paradoxos temporais (um homem poderia voltar no tempo e impedir seu nascimento? Se sim, quem voltou ao passado para fazê-lo?), mas este filme não está tão preocupado com eles. O que fica claro é que Bryan Singer usou do artifício das mudanças temporais para, de forma não muito sutil, dizer que "X-Men 3" não aconteceu (o que é boa notícia para a maioria dos fãs). Não chega a ser um reboot, mas "Dias de um Futuro Esquecido", assim como os "Star Trek" de J.J. Abrams, cria uma linha do tempo alternativa em que tudo é possível (inclusive dizer que todos os outros filmes da série, exceto "Primeira Classe", não aconteceram). Há boas sequências que fazem um diálogo entre as duas épocas (como um ataque dos Sentinelas); outras, como o ataque no início do filme, são editadas de forma confusa. "Dias de um Futuro Esquecido" foi bem recebido nas bilheterias, o que significa que a série tem futuro garantido no cinema.

Câmera Escura

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