O que a Marvel tem feito nos últimos anos, com esta longa série de filmes baseados em seus super-heróis, é aplicar uma mentalidade de quadrinhos em um meio cinematográfico. É bem comum no mundo das HQs que personagens vivam múltiplas linhas do tempo, com trajetórias diferentes, mortes, novos começos, realidades paralelas, etc. Os filmes de Sam Raimi sobre o Homem-Aranha nem haviam esfriado e o estúdio lançou um reboot há dois anos, substituindo o "chorão" Tobey Maguire por Andrew Garfield ("A Rede Social") e iniciando uma nova franquia. O filme não era ruim, mas era redundante, contando novamente a já batida história da origem do Homem-Aranha.
A continuação lançada agora, livre de ter que estabelecer novamente a origem do herói, começa com a ação em pleno vapor. Os efeitos especiais transformaram o aracnídeo em um verdadeiro acrobata, que voa por entre os prédios de Nova York fazendo piruetas, contando piadinhas para os pedestres e batendo papo com o vilão (um desperdiçado Paul Giamatti), ocupado em roubar uma carga de plutônio de um caminhão em movimento. Peter Parker chega atrasado à própria formatura (apesar de Garfield já ter 31 anos e aparentar a idade), onde é aguardado pela bela namorada Gwen Stacy (Emma Stone). Garfield e Stone são a melhor coisa nestes novos filmes dirigidos por Marc Webb ("500 Dias com Ela"). O casal é bem melhor do que a indecisa dupla Parker/MJ de Tobey Maguire e Kirsten Dunst dos filmes de Raimi. O problema é que os altos e baixos da relação entre os dois são muito abruptos e os problemas deles parecem mais uma invenção dos roteiristas do que algo a ser levado a sério. De qualquer forma, há cenas genuinamente tocantes entre Parker e Stacey, principalmente em um final surpreendente (para quem, como eu, não conhece a mitologia dos quadrinhos) e tocante. (leia mais abaixo)
E, claro, há os vilões. Jamie Foxx ("Django Live") é "Electro", um homem-elétrico criado (assim como o Aranha) acidentalmente pela maligna empresa "Oscorp". Foxx passa metade do filme com um penteado ridículo e a outra metade como um efeito especial, mas consegue fazer um bom trabalho. Quem está melhor é Dane DeHaan, que interpreta Harry Osborn, um rapaz de 20 anos que herdou do pai (uma aparição rápida de Chris Cooper) tanto as empresas "Oscorp" quanto uma doença degenerativa que pode ser fatal. Osborn acredita que sua cura pode ser encontrada no sangue do Homem-Aranha, que não está muito interessado em doá-lo. O filme tem pelo menos 30 minutos a mais que o necessário (o que aconteceu com os filmes de 90 a 120 minutos de antigamente?), tempo dedicado a vilões aleatórios e cenas criadas apenas para fazerem sentido nos próximos capítulos da "saga".
Confesso que esperava um filme muito pior e, talvez por isso, o tenha apreciado mais do que ele mereça. O fato é que há um filme muito melhor dentro deste, esperando a chance de aparecer mas enterrado em cenas descartáveis de ação e efeitos especiais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário