Antes de começar, o aviso obrigatório: esta crítica se baseia exclusivamente no filme "A Menina que Roubava Livros", e não no bestseller escrito por Markus Zusak. Não li o livro do Zusak, o que é uma vantagem e uma desvantagem. Por um lado, problemas de roteiro provavelmente seriam menos percebidos se tivesse a bagagem do livro. Por outro, o filme foi visto sem qualquer expectativa quanto a ser fiel ao original ou não.
Isto posto, "A Menina que Roubava Livros", como filme, é apenas razoável. Como pontos positivos, em primeiro lugar está o elenco, seguido por uma boa qualidade técnica, com destaque para a direção de fotografia de Florian Balhaus. O grande mestre John Williams recebeu sua 49ª indicação ao Oscar pela trilha sonora, que infelizmente é bem banal.
Em 1938, na Alemanha nazista, a jovem garota Liesel (Sophie Nélisse), filha de uma mulher comunista, é adotada por um casal alemão, Hans e Rosa Hubermann (Geoffrey Rush, de "O Discurso do Rei", e Emily Watson, de "Cavalo de Guerra"). O irmãozinho de Liesel morrera no caminho para a Alemanha, no trem. O motivo pelo qual ela é adotada pelos Hubermann é um dos vários detalhes que, provavelmente, é melhor explicado no livro. No filme, há uma breve menção a uma "ajuda de custo" que a família receberia pela adoção, mas não fica claro. Liesel, a princípio, não se dá muito bem com a mãe adotiva, Rosa, mas é bem recebida pelo carinhoso Hans, o sempre competente Geoffrey Rush. Liesel também é "adotada" por um garoto vizinho chamado Rudy (Nico Liersch), que gosta dela e passa a segui-la por todos os lados. A garota é analfabeta, mas aprende rapidamente (de forma não muito realista) com o pai adotivo. O primeiro livro que ela lê é um manual funerário que ela roubou do homem que enterrou o irmãozinho dela. Ela se apaixona pela leitura e (após uma hora e dez minutos de filme) começa a roubar alguns livros da biblioteca do prefeito da cidade. Ela rouba os livros para ler para Max (Ben Schnetzer), um rapaz judeu que os Hubermann estão escondendo dos nazistas no porão da casa. (leia mais abaixo)
Apesar de aspectos técnicos como figurino e fotografia serem bem feitos, a rua em que moram os Hubermann é claramente um cenário. Os anos vão se passando, a II Guerra Mundial avança mas, na rua "Paraíso", nada muda muito. A ameaça representada pelos nazistas é mais mencionada do que realmente sentida. Algumas boas cenas se perdem em meio a outras conduzidas sem brilho pelo diretor Brian Percival (da série Downtown Abbey). O pior detalhe do filme, porém, é uma narração monótona feita pela "Morte", que recita as frases com a animação de um GPS. Para complicar, a voz da Morte, feita por Roger Allam, lembra muito a voz de Geoffrey Rush, o que confunde ainda mais o espectador.
Assim, "A Menina que Roubava Livros" resulta em um filme que nunca empolga de verdade e, talvez, só interesse aos fãs do livro original.
3 comentários:
João,
Li o livro e acabei de assistir ao filme. Realmente sua posição é interessante. Cenas estranhas e confusas, além disso uma narração esquisita e totalmente sem emoção da Morte. Que é a base e o algo a mais do livro - que começa muito monótono e termina de maneira espetacular.
Impossível não comparar ao livro, que é de uma leveza e ironia sem igual na narração.
Abraços
Pois é, Suelyn, não li o livro, então achei algumas partes meio soltas. Faltou uma direção melhor, o filme é "agradável", mas não emocionante. Obrigado pela visita.
Como citou, o filme nos prende pelos atores, fotografia e trilha sonora. Não sou nenhuma manteiga derretida, mas me emocionei ao ler o livro. Mas, no filme fiquei totalmente fria aos acontecimentos, pior do que a querida e impetuosa morte.rss Imagina! Abs
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