"Frozen" foi entusiasticamente recebido pelo público americano, o que fez os estúdios Disney soltarem não só um grito de alegria como de alívio. Desde a fusão com os estúdios Pixar a Disney anda com problemas de identidade. A empresa tem um longo e tradicional passado por trás mas, ao mesmo tempo, tenta ser moderna e revolucionária como a irmã mais nova. Não ajuda muito o fato de que John Lasseter, o gênio por trás de sucessos como "Toy Story", na Pixar, hoje comande as duas companhias. O sucesso inesperado de "Frozen" parece ter trazido novo fôlego ao estúdio. (O filme venceu o Globo de Ouro de Melhor Animação no último domingo, em uma manobra que colocou o principal concorrente, a animação japonesa "The Wind Rises", na categoria de "filme estrangeiro")
"Frozen" é colorido, muito bem feito e divertido, mas o roteiro está longe da inovação e ousadia de produções anteriores da própria Disney e da Pixar, como "Valente" ou "Enrolados". Seguindo a tradição dos "filmes de princesas", a trama é levemente inspirada em uma história infantil do dinamarquês Hans Christian Andersen, "A Rainha da Neve". "Frozen" apresenta duas princesas, a sonhadora Anna e a irmã Elsa, que tem poderes mágicos. Ela é capaz de congelar as coisas com as mãos e, em uma brincadeira com Anna, quando crianças, quase congela a irmã. Isso faz com que elas sejam isoladas uma da outra no grande castelo e acabem crescendo em separado. Anos depois, já crescidas, o castelo é aberto ao povo para a coroação de Elsa. Ela sempre usa luvas para evitar congelar as coisas, mas ela perde o controle quando descobre que Anna se apaixonou à primeira vista pelo Príncipe Hans. Elsa assusta a todos os convidados e, desesperada, parte para as montanhas para viver isolada, deixando todo o reino em um inverno perpétuo. Resta a Anna ir atrás da irmã para tentar trazê-la de volta e salvar o reino. (mais abaixo)
A animação é tecnicamente bem feita. Já há alguns anos a computação gráfica atingiu um nível em que quase não é mais possível distinguir personagens feitos no computador dos tradicionais desenhos feitos à mão dos antigos longas da Disney. É também um filme feito para garotas do século XXI, com muitas canções modernas que os personagens cantam de dez em dez minutos (o filme foi claramente pensado para se tornar um musical da Broadway). Muito se escreveu sobre a ousadia do roteiro mas, repetindo, havia muito mais vontade própria e determinação em Merida, a protagonista de "Valente", do que nas duas princesas de "Frozen". Elsa e Anna, aliás, poderiam render muito mais se o roteiro lhes desse mais espaço. O humor está garantido na presença de um boneco de neve chamado Olaf, que foi protagonista de um curta-metragem exibido recentemente nos cinemas. Falando em curta-metragem, antes da exibição de "Frozen" o público assiste a um ótimo curta estrelado por ninguém menos que Mickey Mouse, com um "design" que presta homenagem aos primeiros desenhos animados feitos por Walt Disney. Quanto a "Frozen", é diversão garantida para crianças, principalmente meninas. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
Câmera Escura
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