Ambientado nas belas paisagens da Riviera Francesa, em 1915, "Renoir" mostra o ocaso de um grande artista e o nascimento de outro. O pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir (Michel Bouquet, muito bem no papel) estava com 74 anos e sofria com uma artrite aguda que quase o impedia de usar as mãos para pintar. O pintor é visto sendo carregado alegremente de um lado a outro de sua grande propriedade por um grupo de mulheres que, ao instalá-lo em uma paisagem, acabavam também posando para ele. Eram todas, na verdade, ex-modelos que foram ficando e terminaram como suas empregadas (há também a sugestão de que muitas tenham sido suas amantes). Na mesma época, chega da guerra (a I Guerra Mundial) o filho de Pierre-Auguste, Jean, que viria a se tornar o grande cineasta Jean Renoir (Vincent Rottiers). No momento, porém, ele só está interessado em se curar das feridas sofridas no campo de batalha e voltar para o front.
A vida de pai e filho é sacudida com a chegada de uma nova modelo chamada Andrée (Christa Theret). A garota diz que veio posar para o grande pintor, que fica impressionado com ela e volta a pintar todos os dias, apesar das dores provocadas pela artrite. A beleza da moça acaba também mexendo com o jovem Jean Renoir, mas o roteiro não se desenrola da maneira como se espera. Esta sinopse (e o trailer do filme) podem dar a entender que "Renoir" se trata da disputa entre pai e filho pelo amor de uma mesma mulher, mas não. Dirigido por Gilles Bourdos, o filme está mais interessado em mostrar como a beleza influencia a arte, e vice-versa. A ótima direção de fotografia de Mark Ping Bing Lee enche a tela de cores fortes e quentes, como os vermelhos dos pimentões sobre a mesa da cozinha, ou os cabelos ruivos de Andrée ou o amarelo das flores dos campos. Tudo regado pela trilha sonora de Alexandre Desplat.
Filmes sobre artistas costumam seguir algumas convenções, e "Renoir" não é exceção. A obsessão do pintor é retratada em diversas cenas que mostram a dor do artista ao querer pintar debilitado pela artrite, ou então nos problemas familiares causados por seu amor à arte. Por diversas vezes os personagens citam uma esposa que teria morrido recentemente, mas por vezes fica difícil entender quando (ou se) ela morreu. Quando a garota chega à casa de Renoir, por exemplo, ela diz que foi enviada pela esposa dele. "Uma desconhecida enviada por uma morta", diz o velho, filosoficamente. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
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