segunda-feira, 8 de julho de 2013

Truque de Mestre

Filmes sobre assaltos têm muito em comum com truques de mágica. "Onze homens e um segredo" e suas continuações, por exemplo, seguem sempre a mesma fórmula, um plano elaborado para enganar não só os policiais mas (principalmente) a platéia. O dinheiro some magicamente do cofre, os alarmes de segurança não funcionam, e assim por diante. "Truque de Mestre" tem uma premissa bastante interessante. Que tal misturar a fórmula consagrada dos filmes de assalto com truques de mágica? Melhor ainda, que tal acrescentar um elenco de primeira classe, com nomes como Michael Caine e Morgan Freeman, para tornar tudo mais atraente? Premissa boa, elenco afinado, faltava um roteiro à altura, e é aí que os problemas de "Truque de Mestre" começam.


Imagine um Jesse Eisenberg (de "A Rede Social") ainda mais arrogante do que Mark Zuckerberg. Ele é um mágico chamado J. Daniel Atlas, especialista em truques com cartas, que um dia recebe uma mensagem para estar em um endereço de Nova York em determinado dia e hora. Lá ele se encontra com outros três ilusionistas, também chamados ao local por pessoa desconhecida. São eles Merritt McKinney (Woody Harrelson, de "Jogos Vorazes"), Jack Wilder (Dave Franco, irmão de James Franco) e Henley Reeves (Isla Fischer, "Rango"). Os quatro mágicos entram em um apartamento vazio e, em meio a muita fumaça e luzes, surgem os planos de um truque espetacular. Um ano depois, os quatro estão se apresentando para uma casa lotada em Las Vegas, aparentemente muito famosos e bem sucedidos. Naquela noite eles resolvem apresentar o truque do século: um voluntário é sorteado na platéia e, magicamente, é teletransportado para a caixa forte de um banco em Paris. Durante o truque, os mágicos conseguem fazer sumir milhões de Euros do banco francês e lançá-los sobre a platéia delirante em Vegas. Entra em ação o agente Dylan Rhodes (Mark Ruffalo, de "Os Vingadores"), encarregado da tarefa de descobrir como os mágicos fizeram o truque. Foi um roubo real? Ou apenas ilusão?

Morgan Freeman ("Invictus") interpreta uma espécie de "Mister M" e sua função é explicar a Ruffalo, e à platéia, cada um dos golpes feitos pelo grupo de Eisenberg e cia, e à cada explicação mirabolante o espectador fica coçando a cabeça: então eles foram à Paris, arriscaram a própria vida, conseguiram roubar milhões de Euros de um banco francês só para jogá-los sobre a platéia nos Estados Unidos? O filme ainda conta com Mélanie Laurent (de "Bastardos Inglórios"), como uma agente da Interpol enviada para auxiliar Mark Ruffalo (o que rende várias daquelas cenas clichês do policial que não quer trabalhar com um novo parceiro) e com Michael Caine ("Batman"), como um empresário que, no início, investe nos mágicos. O filme tem um bom começo e algumas cenas interessantes, como a do interrogatório após o primeiro truque de mágica. Woody Harrelson é quem se sai melhor, provavelmente por ser o único que não leva o filme muito a sério. As câmeras do diretor francês Louis Leterrier (do remake de "Fúria de Titãs") não param de se mover um segundo, girando constantemente em redor dos personagens, o que se torna irritante. E o final é do tipo bem genérico, tirado de alguma cartola. Para quem quer duas horas de diversão superficial, sem esquentar a cabeça, este é o filme.

Nenhum comentário: