Passado quase um mês da exibição do capítulo final da terceira temporada de "Game of Thrones", imagino que quem estava interessado na série já a assistiu. Para quem não viu ainda, fica o aviso de que o texto a seguir contém vários SPOILERS, ou seja, detalhes sobre o enredo e o destino dos personagens.
A terceira temporada de "Game of Thrones", ao contrário das duas anteriores, não segue inteiramente um livro de George R. R. Martin, autor da série "As Crônicas de Gelo e Fogo". O terceiro livro da saga, "A Tormenta de Espadas" ("A Storm of Swords"), foi considerado muito longo pelos produtores D.B. Weiss e David Benioff e dividido em duas temporadas. São dez episódios com quase uma hora de duração, em uma superprodução da HBO ao custo aproximado de 50 milhões de dólares. Há muito a HBO é reconhecida por ser um reduto de filmes e séries adultas na televisão americana. Enquanto os filmes de Hollywood sofrem por terem que atingir um público cada vez maior (o que resulta em uma infantilização crescente), a HBO ousa em produtos que abusam na quantidade de cenas de violência, nudez e sexo. E poucas séries têm tanta violência, nudez e sexo como "Game of Thrones".
A terceira temporada representa também um grande avanço em termos visuais. É visível
a qualidade das cenas com efeitos especiais, principalmente na construção de grandes paisagens e cenários virtuais. O dragões de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) estão maiores e mais integrados às cenas em que aparecem, assim como há várias cenas em que os efeitos foram usados para gerar multidões. Quanto ao roteiro (adaptado pelos produtores Weiss e Benioff, entre outros), a série consegue a façanha de manter uma grande quantidade de personagens e linhas de tempo acontecendo simultaneamente. É verdade que há vários momentos em que nada parece acontecer, principalmente nas longas cenas passadas na corte em Porto Real. O personagem mais interessante ainda é o anão Tyrion Lannister (o excelente Peter Dinklage), que se ressente do fato de não ter recebido os devidos créditos por ter salvo a cidade na batalha contra Stannis Baratheon (Stephen Dillane), no final da Segunda Temporada. O jovem rei Joffrey (Jack Gleeson) ainda é apenas um garoto detestável que não mudou nada desde que subiu ao trono. Igualmente detestável é a Rainha regente, Cercei Lannister (Lena Headey), que acaba vítima dos próprios esquemas ao ser obrigada pelo pai a se casar com Loras Tyrell. Falando em casamentos, a temporada surpreende ao mostrar o casamento da jovem (e boba) Sansa Stark (Sophie Turner) com Tyrion, para fúria da amante dele, a ex-prostituta Shae (a boa atriz alemã Sibel Kekilli).
Os dois personagens que mais avançam em termos de "arco de personagem" (mudanças pelos quais passam dentro da trama) nesta temporada foram Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) e sua captora, Brienne de Tarth (Gwendoline Christie). É uma velha fórmula do drama juntar duas pessoas que se odeiam e fazê-las passar por vários apuros juntos, e é exatamente o que acontece nesta temporada. O resultado, porém, é bastante satisfatório. Em uma série conhecida pelo fato de que a beleza das atrizes é tão grande quanto sua falta de talento, a gigante Gwendoline Christie dá um show como a igualmente forte Brienne, que foi encarregada por Catelyn Stark (Michelle Fairley, também boa atriz) a levar Jaime de volta a Porto Real. O normalmente arrogante Jaime Lannister passa por uma provação terrível ao final do terceiro episódio, justamente depois de ter feito um ato nobre, ao impedir que um grupo estuprasse Brienne. O espectador, que já o odiou por jogar o jovem Brandon Stark (Isaac Hempstead-Wright) de uma torre na Primeira Temporada, chega a sentir pena de Jaime quando este tem a mão direita decepada ao final do episódio, em uma das surpresas da temporada. O roteiro vai mais longe em humanizá-lo, ao explicar o ponto de vista dele no episódio que o apelidou de "Regicida" (assassino do rei), quando ele explica para uma Brienne surpresa que fez aquilo para salvar Porto Real de ser destruída pelo fogo.
Nada, porém, prepara o espectador para a surpresa (e choque) que acontece no nono episódio. O nono episódio das duas temporadas anteriores, aliás, também havia sido o mais chocante (morte de Ned Stark na primeira temporada) ou espetacular (a Batalha da Água Negra na segunda). Nesta temporada, o episódio ficou conhecido como o "Casamento Vermelho". Por um lado, é extremamente ousado um autor conseguir criar um personagem (ou vários) que cative o espectador e, de repente, simplesmente matá-lo diante de seus olhos. Isso já havia acontecido na Primeira Temporada, com Ned Stark (Sean Bean). Outra forma de encarar o episódio, mais cínica ou talvez mais realista, é que George R. R. Martin e os produtores da série são extremamente espertos e, como um autor de novela, sabem como manipular as emoções dos espectadores. De qualquer maneira, o fato é que desde a segunda temporada o personagem de Robb Stark (Richard Madden) estava sendo desenvolvido para ser um herói. Depois da morte do rei Robert (Mark Addy) e de Ned Stark, Robb se declara "Rei do Norte" e vence todas as batalhas que trava contra os Lannisters. Há também grande carinho em seu romance com Talisa (Oona Chaplin), com quem se casa e está esperando um filho. Mas Martin faz jus à sua fama de "assassino de personagens" e simplesmente chacina Robb, Talisa e até mesmo Catelyn Stark na sequência mais violenta das três temporadas, quando são traídos por Walder Frey (David Bradley), que não perdoou Robb por ter quebrado sua promessa de se casar com uma de suas filhas.
Correndo por fora, Daenerys Targaryen continua sua ascensão ao posto de Rainha, "Mãe de Dragões" e (se não for assassinada por Martin antes) está chegando às portas de Westeros. Há muitas outras coisas acontecendo por toda a série e, apesar de alguns percalços, ainda é um programa muito interessante de se assistir. A fantástica trilha de abertura (de Ramin Djawadi) ainda provoca arrepios e, agora, só resta ao espectador aguardar as próximas temporadas.
Primeira Temporada Completa
Segunda Temporada Completa
Câmera Escura
A terceira temporada representa também um grande avanço em termos visuais. É visível
a qualidade das cenas com efeitos especiais, principalmente na construção de grandes paisagens e cenários virtuais. O dragões de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) estão maiores e mais integrados às cenas em que aparecem, assim como há várias cenas em que os efeitos foram usados para gerar multidões. Quanto ao roteiro (adaptado pelos produtores Weiss e Benioff, entre outros), a série consegue a façanha de manter uma grande quantidade de personagens e linhas de tempo acontecendo simultaneamente. É verdade que há vários momentos em que nada parece acontecer, principalmente nas longas cenas passadas na corte em Porto Real. O personagem mais interessante ainda é o anão Tyrion Lannister (o excelente Peter Dinklage), que se ressente do fato de não ter recebido os devidos créditos por ter salvo a cidade na batalha contra Stannis Baratheon (Stephen Dillane), no final da Segunda Temporada. O jovem rei Joffrey (Jack Gleeson) ainda é apenas um garoto detestável que não mudou nada desde que subiu ao trono. Igualmente detestável é a Rainha regente, Cercei Lannister (Lena Headey), que acaba vítima dos próprios esquemas ao ser obrigada pelo pai a se casar com Loras Tyrell. Falando em casamentos, a temporada surpreende ao mostrar o casamento da jovem (e boba) Sansa Stark (Sophie Turner) com Tyrion, para fúria da amante dele, a ex-prostituta Shae (a boa atriz alemã Sibel Kekilli).
Os dois personagens que mais avançam em termos de "arco de personagem" (mudanças pelos quais passam dentro da trama) nesta temporada foram Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) e sua captora, Brienne de Tarth (Gwendoline Christie). É uma velha fórmula do drama juntar duas pessoas que se odeiam e fazê-las passar por vários apuros juntos, e é exatamente o que acontece nesta temporada. O resultado, porém, é bastante satisfatório. Em uma série conhecida pelo fato de que a beleza das atrizes é tão grande quanto sua falta de talento, a gigante Gwendoline Christie dá um show como a igualmente forte Brienne, que foi encarregada por Catelyn Stark (Michelle Fairley, também boa atriz) a levar Jaime de volta a Porto Real. O normalmente arrogante Jaime Lannister passa por uma provação terrível ao final do terceiro episódio, justamente depois de ter feito um ato nobre, ao impedir que um grupo estuprasse Brienne. O espectador, que já o odiou por jogar o jovem Brandon Stark (Isaac Hempstead-Wright) de uma torre na Primeira Temporada, chega a sentir pena de Jaime quando este tem a mão direita decepada ao final do episódio, em uma das surpresas da temporada. O roteiro vai mais longe em humanizá-lo, ao explicar o ponto de vista dele no episódio que o apelidou de "Regicida" (assassino do rei), quando ele explica para uma Brienne surpresa que fez aquilo para salvar Porto Real de ser destruída pelo fogo.
Nada, porém, prepara o espectador para a surpresa (e choque) que acontece no nono episódio. O nono episódio das duas temporadas anteriores, aliás, também havia sido o mais chocante (morte de Ned Stark na primeira temporada) ou espetacular (a Batalha da Água Negra na segunda). Nesta temporada, o episódio ficou conhecido como o "Casamento Vermelho". Por um lado, é extremamente ousado um autor conseguir criar um personagem (ou vários) que cative o espectador e, de repente, simplesmente matá-lo diante de seus olhos. Isso já havia acontecido na Primeira Temporada, com Ned Stark (Sean Bean). Outra forma de encarar o episódio, mais cínica ou talvez mais realista, é que George R. R. Martin e os produtores da série são extremamente espertos e, como um autor de novela, sabem como manipular as emoções dos espectadores. De qualquer maneira, o fato é que desde a segunda temporada o personagem de Robb Stark (Richard Madden) estava sendo desenvolvido para ser um herói. Depois da morte do rei Robert (Mark Addy) e de Ned Stark, Robb se declara "Rei do Norte" e vence todas as batalhas que trava contra os Lannisters. Há também grande carinho em seu romance com Talisa (Oona Chaplin), com quem se casa e está esperando um filho. Mas Martin faz jus à sua fama de "assassino de personagens" e simplesmente chacina Robb, Talisa e até mesmo Catelyn Stark na sequência mais violenta das três temporadas, quando são traídos por Walder Frey (David Bradley), que não perdoou Robb por ter quebrado sua promessa de se casar com uma de suas filhas.
Correndo por fora, Daenerys Targaryen continua sua ascensão ao posto de Rainha, "Mãe de Dragões" e (se não for assassinada por Martin antes) está chegando às portas de Westeros. Há muitas outras coisas acontecendo por toda a série e, apesar de alguns percalços, ainda é um programa muito interessante de se assistir. A fantástica trilha de abertura (de Ramin Djawadi) ainda provoca arrepios e, agora, só resta ao espectador aguardar as próximas temporadas.
Primeira Temporada Completa
Segunda Temporada Completa
Câmera Escura
5 comentários:
Boa análise. A série está muito bacana. Interessante sua observação sobre as atrizes, mas o anão rouba a cena. E não tem como sair ileso após ver o Casamento Vermelho. Foda é pouco. Bom texto, cara.
Parabéns.
Valeu, Roniel! A série é extremamente bem feita, não? Orçamento gigantesco, locações, um exército de atores...muito bom. Abraço!
Dica: procure por Sibel Kekilli no Xvideos
Sim, estou ciente do passado da moça. Mas ela é uma atriz muito boa. Já assistiu "Contra a parede"? O filme é pesado, mas muito bom.
gosto muito da trama mas fiquei meio que chateada com o casamento vermelho não achei que o altor foce tão longe a praticamente acabar com uma família inteira, bom oque nos resta agora é meio que uma garota sem rumo, um aleijado sonhador, um menino mimado, e um bastardo deserto, agora é só esperar pra ver se se altor prende a atenção do publico como da 1e2 temporada.
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