domingo, 30 de junho de 2013

Guerra Mundial Z

Os zumbis definitivamente estão na moda. A série "The Walking Dead" faz um sucesso enorme na televisão há alguns anos. Mundo afora, são organizadas "marchas zumbis" em que pessoas normais (se é que alguém que sai em uma marcha zumbi possa ser chamada de normal) se fantasiam a caráter e saem às ruas. Vira e mexe o Facebook é infestado por notícias falsas de que o chamado "Apocalipse Zumbi" começou. Nada disso, porém, é novo. O cineasta George A. Romero tem uma legião de fãs de seus filmes de zumbis, que começaram a ser feitos na longínqua década de 1960, com "A noite dos mortos vivos" (1968), seguidos de incontáveis imitações. Em 2002, Danny Boyle (de "Quem quer ser um milionário") fez sua versão do gênero com o interessante "Extermínio" ("28 Days Later"), com Cillian Murphy, com um roteiro bastante similar (embora com centenas de milhões de dólares de diferença no orçamento) do filme com Brad Pitt que chega agora às telas.



"Guerra Mundial Z" é o filme de zumbi elevado à centésima potência. Os "mortos vivos", ao contrário de seus companheiros originais, não são seres que se arrastam lentamente pela tela. Pelo contrário, os zumbis de "Z" são "turbinados" e agem como uma colônia de insetos, movendo-se com velocidade espantosa e usando seus corpos para formar escadas gigantes que sobem paredes, prédios, derrubam helicópteros e tudo o que os efeitos especiais digitais assim desejarem. E há Brad Pitt, com seu ar de superastro ligeiramente entediado mas representando todos os valores da família americana. Ele é Gerry Lane, um ex-agente de campo da ONU que se afastou do trabalho para ficar com a esposa e fazer panquecas para as duas filhas pequenas. A epidemia zumbi o pega no trânsito, em uma das melhores cenas do filme, logo no início. A "doença" se espalha como fogo, transmitida pela mordida dos infectados, que perseguem suas vítimas incansavelmente. Brad Pitt e família são resgatados por helicópteros da ONU e levados para um porta-aviões na região das Bermudas. O presidente americano está morto, não há mais governo e os remanescentes da ONU e do exército americano estão tentando descobrir um meio de salvar os poucos sobreviventes. Pitt, claro, é convocado para salvar o mundo e parte para uma série de sequências de ação na Coréia, em Israel e no Reino Unido. As cenas em Israel são as mais impressionantes, em termos de efeitos especiais, que mostram milhares de zumbis escalando um muro gigantesco que foi construído em torno de Jerusalém. O personagem de Brad Pitt é tão indestrutível quanto qualquer zumbi na tela. Ele sobrevive a acidentes de carro, ataques de zumbis, explosões e acidentes aéreos; além de tudo isso, ainda sobra tempo para, de tantas em tantas horas, ligar para a fiel esposa que o aguarda com as filhas.

A produção de "Guera Mundial Z" foi conturbada, com troca de produtores, brigas entre Pitt e o diretor Marc Forster e com um roteiro que, segundo o crítico Matt Seitz (do Rogerebert.com), foi escrito por todo mundo em Hollywood (os créditos oficiais são de Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard e Damon Lindelof). Apesar disso, ele funciona como um filme de ação competente, ao menos até a parte passada em um prédio de pesquisas médicas em Cardiff. No terço final, a velocidade do filme cai drasticamente e os zumbis são vistos em mais detalhes e com um comportamento bem diferente do resto da trama, o que gerou risos involuntários de grande parte da platéia. O final, em aberto, abre caminho para as supostas duas continuações que virão, para completar uma trilogia. É esperar para ver.

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