Mil anos depois que a Terra foi abandonada, os últimos seres humanos estão vivendo na colônia de Nova Prime. A Humanidade teve de abandonar o lar original depois de ter exaurido todos os recursos naturais. A vida em Nova Prime tambén não é fácil, já que uma raça alienígena começou a atacar os seres humanos com animais assassinos geneticamente fabricados chamados "Ursa" que, apesar de serem cegos à luz, podem sentir a presença de feromônios do medo no ar. Só um soldado incapaz de sentir medo poderia se tornar um "fantasma" e não ser visto pela "Ursa". Ele é o general Cypher Raige (Will Smith, "Eu sou a Lenda", "Eu, Robô"), um "Ranger" exemplar, mas péssimo pai. Seu filho Kitai (Jaden Smith, "Karate Kid"), sofre com a indiferença paterna e com o trauma de ter visto a irmã ser morta por uma "Ursa". O destino faz com que um dia, em uma viagem interplanetária, a nave em que pai e filho se encontram sofra um acidente, caindo no esquecido planeta Terra, mil anos depois de ter sido abandonado.
"Depois da Terra" é uma ficção-científica bastante interessante dirigida e co-escrita pelo indo-americano M. Night Shyamalan; há pouco mais de dez anos, Shyamalan era considerado o "novo gênio de Hollywood", o "novo Spielberg", mas sua carreira decaiu drasticamente depois de alguns filmes ruins. Isso não justifica, porém, a surra que o filme recebeu da crítica (o site Rotten Tomatoes registra 133 críticas negativas contra apenas 17 positivas) e a indiferença demonstrada pelo público. "Depois da Terra" pode não ser genial e tem alguns problemas de ritmo, mas merece uma chance. No mínimo, é bem mais interessante que "Oblivion", filme recente de ficção-científica estrelado por Tom Cruise. A presença de Will Smith (assim como a de Cruise no filme citado) pode ser uma das explicações para o fracasso da produção. Smith é um dos produtores, o criador da ideia original e, de quebra, divide a tela com o filho Jaden, assim como fez em "À Procura da Felicidade", em 2006. O caso é que, neste filme, Smith deixa o papel principal para o filho, agora um adolescente de 15 anos, e crítica e público estão malhando a interpretação do rapaz. Após a queda da nave no planeta Terra, o personagem de Will Smith está com as pernas quebradas, o que o força a enviar o garoto em busca do sinalizador de emergência, que se encontra a 100 quilômetros de distância, na parte traseira da espaçonave. O pai irá monitorar cada passo do filho durante a jornada, mas é o rapaz quem vai enfrentar todos os perigos, enquanto Will Smith se limita a ficar sentado em uma poltrona, orientando e dando ordens ao filho. Os fãs torceram o nariz.
A relação entre pais e filhos, porém, sempre esteve presente na obra de Shyamalan, e neste está em evidência. Tanto em "Corpo Fechado" (2000) quanto em "Sinais" (2002) havia uma tensão muito grande entre os personagens do Pai e do Filho (e em "O Sexto Sentido" havia uma relação bastante paternal entre Bruce Willis e Haley Joel Osment). É por insistência do filho que Bruce Willis aceita seus "poderes" em "Corpo Fechado"; em "Sinais", Mel Gibson recupera a coragem, e a Fé, também influenciado pela vontade de seu filho. "Depois da Terra" tem muito desta dinâmica. O frio e durão General Raige, de pernas atadas, tem que aprender a confiar no filho Kitai e guiar seus passos (outra menção religiosa, também forte em Shyamalan). O visual da Terra, mil anos livre da influência humana, é espetacular. A natureza retomou o planeta e há animais, aves e peixes em abundância. Assim como perigos. O ritmo é bastante lento, talvez demais, e Jaden Smith, de fato, não tem muito carisma para carregar o filme nas costas. Mas há cenas muito bem conduzidas por Shyamalan, que lembra seus bons tempos. A sequência da queda da aeronave é assustadora, sendo visível o terror de Kitai, contrastando com a frieza de seu pai. Há também um plano bastante interessante em que o garoto, sofrendo de muito frio, cai no chão e vemos, de seu ponto de vista, que ele está sendo arrastado por alguma coisa para uma área segura, mas não podemos ver o que é. Há algumas metáforas um pouco óbvias demais (Shyamalan nunca foi muito sutil), como a cena em que Kitai se revolta contra o pai e "ganha asas", deixando o ninho em um voo espetacular. O confronto final é um tanto irreal e pretensioso, mas não deixa de ser coerente com o resto da trama.
"Depois da Terra", apesar de alguns defeitos, tem qualidades suficientes para render uma boa sessão de cinema, e merece ser visto.
Câmera Escura
"Depois da Terra" é uma ficção-científica bastante interessante dirigida e co-escrita pelo indo-americano M. Night Shyamalan; há pouco mais de dez anos, Shyamalan era considerado o "novo gênio de Hollywood", o "novo Spielberg", mas sua carreira decaiu drasticamente depois de alguns filmes ruins. Isso não justifica, porém, a surra que o filme recebeu da crítica (o site Rotten Tomatoes registra 133 críticas negativas contra apenas 17 positivas) e a indiferença demonstrada pelo público. "Depois da Terra" pode não ser genial e tem alguns problemas de ritmo, mas merece uma chance. No mínimo, é bem mais interessante que "Oblivion", filme recente de ficção-científica estrelado por Tom Cruise. A presença de Will Smith (assim como a de Cruise no filme citado) pode ser uma das explicações para o fracasso da produção. Smith é um dos produtores, o criador da ideia original e, de quebra, divide a tela com o filho Jaden, assim como fez em "À Procura da Felicidade", em 2006. O caso é que, neste filme, Smith deixa o papel principal para o filho, agora um adolescente de 15 anos, e crítica e público estão malhando a interpretação do rapaz. Após a queda da nave no planeta Terra, o personagem de Will Smith está com as pernas quebradas, o que o força a enviar o garoto em busca do sinalizador de emergência, que se encontra a 100 quilômetros de distância, na parte traseira da espaçonave. O pai irá monitorar cada passo do filho durante a jornada, mas é o rapaz quem vai enfrentar todos os perigos, enquanto Will Smith se limita a ficar sentado em uma poltrona, orientando e dando ordens ao filho. Os fãs torceram o nariz.
A relação entre pais e filhos, porém, sempre esteve presente na obra de Shyamalan, e neste está em evidência. Tanto em "Corpo Fechado" (2000) quanto em "Sinais" (2002) havia uma tensão muito grande entre os personagens do Pai e do Filho (e em "O Sexto Sentido" havia uma relação bastante paternal entre Bruce Willis e Haley Joel Osment). É por insistência do filho que Bruce Willis aceita seus "poderes" em "Corpo Fechado"; em "Sinais", Mel Gibson recupera a coragem, e a Fé, também influenciado pela vontade de seu filho. "Depois da Terra" tem muito desta dinâmica. O frio e durão General Raige, de pernas atadas, tem que aprender a confiar no filho Kitai e guiar seus passos (outra menção religiosa, também forte em Shyamalan). O visual da Terra, mil anos livre da influência humana, é espetacular. A natureza retomou o planeta e há animais, aves e peixes em abundância. Assim como perigos. O ritmo é bastante lento, talvez demais, e Jaden Smith, de fato, não tem muito carisma para carregar o filme nas costas. Mas há cenas muito bem conduzidas por Shyamalan, que lembra seus bons tempos. A sequência da queda da aeronave é assustadora, sendo visível o terror de Kitai, contrastando com a frieza de seu pai. Há também um plano bastante interessante em que o garoto, sofrendo de muito frio, cai no chão e vemos, de seu ponto de vista, que ele está sendo arrastado por alguma coisa para uma área segura, mas não podemos ver o que é. Há algumas metáforas um pouco óbvias demais (Shyamalan nunca foi muito sutil), como a cena em que Kitai se revolta contra o pai e "ganha asas", deixando o ninho em um voo espetacular. O confronto final é um tanto irreal e pretensioso, mas não deixa de ser coerente com o resto da trama.
"Depois da Terra", apesar de alguns defeitos, tem qualidades suficientes para render uma boa sessão de cinema, e merece ser visto.
Câmera Escura
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