No final do século 18 fervilhavam pela Europa as idéias iluministas de Rousseau, Voltaire, entre outros, provocando o medo das cortes e esperança entre o povo. A Dinamarca era governada pelo Rei Christian VII (Mikkel Boe Følsgaard), um jovem com inclinações artísticas, mas claramente problemático (ele teria problemas mentais). Chega então da Inglaterra a jovem Caroline Mathilde (Alicia Vikander), que estava prometida em casamento ao rei em um acordo entre a Inglaterra e a Dinamarca. Caroline era talentosa, tocava instrumentos e gostava de literatura, mas teve que se submeter aos maus tratos do rei Christian e às obrigações matrimoniais, como gerar herdeiros.
É então que entra em cena o Doutor Johan Struensee (o ótimo Mads Mikkelsen, de "Coco Chanel & Igor Stravinsky"), um médico alemão contratado para tomar conta do rei. A princípio não ficam claros os motivos que levaram Struensee, um homem culto e com ideias iluministas, a aceitar o posto (ele era apenas um oportunista?). Mas a riqueza de seu personagem está nesta ambiguidade. O Rei Christian, que age como uma criança grande, gosta de trocar citações de Shakespeare com o médico, que lhe faz todas as vontades (como levá-lo a bordéis). Com o tempo, porém, Struensee começa a usar de sua influência com o rei para introduzir algumas modificações sociais importantes na Dinamarca, como a liberdade de imprensa, o fim da censura e a implantação de uma campanha de vacinação contra a rubéola. O poder crescente do médico causa a revolta da corte dinamarquesa, que começa a planejar um meio de expulsá-lo do país. Como se não bastassem os problemas políticos, Struensee se apaixona (e é correspondido) pela Rainha Caroline, com quem passa junto quase todas as noites (ela havia proibido o Rei de vê-la desde o nascimento do herdeiro). O caso entre os dois gera uma filha ilegítima, que Christian pensa ser sua filha.
Seguindo o ditado de que "todo poder corrompe", o Doutor Struensee, apesar das boas intenções, se torna cada vez mais poderoso na corte da Dinamarca, tornando-se, na prática, o verdadeiro governante do país. Enquanto isso, o clero e outro herdeiro ao trono começam uma campanha de difamação contra a Rainha e sobre seu caso com o médico alemão. O filme tem direção de Nikolaj Arcel (da versão original de "Os Homens que não Amavam as Mulheres") e tem todos os ingredientes de um bom filme histórico. A trama peca um pouco por sua previsibilidade; afinal, a partir do momento em que a rainha e o médico começam o romance, fica claro que esta história não vai terminar bem. Mikkelsen é um grande ator e tem um grande momento quando, ao final do filme, ele percebe que a situação em que se encontra é pior do que imaginava. Há alguns ecos de "Danton - O Processo da Revolução" (1982), filme de Andrzej Wajda sobre a Revolução Francesa, passado no mesmo período. Visto no Topázio Cinemas, em Campinas.
Câmera Escura
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