É bom ver o diretor Robert Zemeckis de volta ao cinema com atores de carne e osso. Desde o ano 2000, quando lançou "O Náufrago" e "Revelação", Zemeckis trabalhou apenas com animações ("O Expressso Polar", "A Lenda de Beowulf" e "Os Fantasmas de Scrooge"). Diretor da série "De Volta para o Futuro" e de filmes como "Forrest Gump", Zemeckis sempre esteve envolvido com produções que lidavam com muitos efeitos especiais ou novas tecnologias. "O Voo", apesar de uma sequencia espetacular de desastre aéreo, mostra um cinema mais humano de Zemeckis, principalmente pela escolha de Denzel Washington para interpretar o papel principal.
Washington é William Whitaker, um piloto de avião que é alcoolatra e também usa drogas. Na noite anterior a um voo para Atlanta, Whitaker passa a noite com uma comissária de bordo e aparece no avião com claros sinais de embriaguez, assustando o co-piloto. Apesar do estado, Whitaker é bom piloto e, após uma falha mecânica na aeronave, consegue evitar um desastre maior realizando uma manobra ousada e pousando em um campo aberto. Quatro passageiros e dois tripulantes morrem no acidente, mas Whitaker consegue salvar mais de 90 passageiros da morte e, normalmente, seria considerado um herói. O problema é que seu exame de sangue revela alta quantidade de alcool e drogas e o advogado do sindicato dos pilotos tenta, a todo custo, proteger a companhia aérea da má publicidade e, ainda por cima, impedir que Whitaker seja condenado a prisão perpétua por homicídio. A sequência do acidente aéreo é muito bem feita, apesar da manobra absurda utilizada por Whitaker para estabilizar a aeronave (ele coloca o avião para voar de cabeça para baixo a poucos metros do solo). O cena do acidente é tão forte que causa um problema de ritmo ao resto do filme que, em comparação, fica muito lento. A ação dá lugar a várias cenas em que o alcoolismo do personagem de Washington o coloca em situações cada vez piores. Ele se junta a uma outra viciada chamada Nicole (Kelly Reilly) que tenta levá-lo a reuniões do AA, sem sucesso. Enquanto isso, Don Cheadle e Bruce Greenwood tentam mantê-lo longe da bebida até que a investigação criminal chegue ao fim. John Goodman faz uma participação especial muito engraçada como o traficante que fornece drogas ao piloto.
Denzel Washington mantém o filme nos eixos, apesar de algumas turbulências no roteiro. Washington consegue transmitir os problemas causados pelo alcoolismo e o dilema moral pelo qual tem que passar no final, quando tem que decidir se assume sua doença ou não. O roteiro de John Gatins está concorrendo ao Oscar, assim como Denzel Washington. É o filme mais adulto feito por Robert Zemeckis, com cenas de nudez, consumo de drogas e álcool.
Câmera Escura
Obs: O trailer abaixo revela praticamente o filme todo. Esteja avisado.
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