Mark O´Brien (John Hawkes, de "Inverno da Alma" e "Lincoln") é poeta, jornalista, tem 38 anos e está paralisado do pescoço para baixo desde criança. Ele usa do bom humor para enfrentar a rotina de ter que dormir dentro de um "pulmão de aço", uma geringonça enorme que o mantem respirando durante a noite, e é dependente dos outros em quase tudo. É católico devoto e frequenta as missas do Padre Brendan (William H. Macy), que é seu confessor e amigo.
A revista onde trabalha lhe telefona e pede que escreva um artigo sobre a vida sexual das pessoas com deficiência, o que o força a encarar os próprios medos . A paralisia e anos de educação católica fizeram com que ele ainda fosse virgem aos 38 anos. É então que ele descobre que existem terapeutas chamados de "substitutos sexuais" ("sex surrogates", no original) e pensa em experimentar. Como todo bom católico, Mark é cheio de neuras e carrega muita culpa, o que faz com que discuta sua situação com o Padre Brendan, que também fica confuso; afinal, como um padre pode aceitar o sexo fora do casamento? William H. Macy, como sempre, apresenta uma interpretação ótima e seu padre é humano o suficiente para entender a situação de O´Brien. Após a "benção" do padre, O´Brien entra em contato com a terapeuta Cheryl (Helen Hunt) que, com muita paciência, inicia uma série de sessões de "terapia sexual" com Mark. Ela explica que não é uma prostituta. Há um limite de seis sessões, no máximo, com o paciente e ela é muito reservada e profissional. Acontece que Mark é um poeta e, inevitavelmente, surge uma atração entre os dois. O roteiro do diretor Ben Lewin é sensível e trata de um assunto delicado de forma nada vulgar. Helen Hunt foi indicada ao Oscar por sua interpretação e, de fato, ela está muito bem. Cheryl é uma mulher adulta, é casada com um filósofo e tem um filho adolescente. Hunt passa grande parte do filme nua, mas o apelo erótico é muito pequeno dada a situação. Curioso que Helen Hunt já interpretou cenas de sexo com uma pessoa com deficiência no filme "O Despertar para a Vida" ("The Waterdance", 1992). John Hawkes também está ótimo como Mark O´Brien, tendo que atuar usando apenas a cabeça e as expressões do rosto (lamentavelmente, não foi indicado ao Oscar).
As cenas entre Hunt e Hawkes, apesar de não exibirem nada de forma explícita, ocorrem sem pudores. A terapeuta vai explicando o que está fazendo e o que pretende de forma clara e direta ("no próximo encontro vamos tentar a penetração") e compartilhamos as ansiedades e embaraços de Mark. O roteiro é baseado no artigo que o verdadeiro Mark O´Brien escreveu em maio de 1990, que pode ser lido aqui. Várias frases podem ser reconhecidas nos diálogos do filme.
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