O espião 007 completa 50 anos de vida nos cinemas e volta em um filme que faz um mergulho na história do personagem. Daniel Craig, o sexto ator a encarnar o espião, está mais maduro e à vontade com o papel que já interpretou em "Cassino Royale" (2006) e em "Quantum of Solace" (2008). "Operação Skyfall" é dirigido pelo competente Sam Mendes (de "Beleza Americana", de 1999) e tem os ingredientes comuns à franquia, como locações exóticas, mulheres bonitas e muita ação.
Como o filme pretende explorar mais o caráter de James Bond, nada melhor do que "matá-lo". Após uma grande cena de ação pelos prédios de Istambul, Bond é alvejado acidentalmente pelo tiro de uma agente que seguia as ordens de M (Judy Dench, ótima como sempre). Ele é dado como morto e tem até o obituário publicado. Na verdade, Bond, abalado pela suposta traição de M, resolveu tirar umas férias (em cenas que, a bem da verdade, lembram muito "A Identidade Bourne"; estaria o criador seguindo os passos da criatura?). Enquanto isso, na Inglaterra, a organização MI-6 é alvo de um atentado terrorista engendrado por um hacker internacional chamado Silva, interpretado por Javier Bardem (de "Onde os fracos não têm vez" e "Mar Adentro"). Silva tem um passado em comum com Bond e, principalmente, com M, de quem quer se vingar. Bond volta do exílio um homem diferente, cheio de dúvidas quanto a seu papel e desconfiado que M esteja escondendo alguma coisa.
Roger Deakins é o diretor de fotografia de "Operação Skyfall" e, visualmente, o filme é um dos mais belos da série. Deakins é um mestre da luz e há uma sequência passada em Shangai que impressiona. Logo em seguida, as lentes de Deakins e a direção de arte de Dennis Gasner criam um cassino flutuante em Macau, com centenas de lanternas vermelhas iluminando a noite que é de encher os olhos. Falando em beleza, Bond tem seus tradicionais affairs com duas mulheres neste filme; Eve (Naomie Harris) é uma companheira de trabalho e Severine (a francesa Bérénice Marlohe) é a namorada do vilão, Bardem. Ralph Fiennes também está no elenco, como o novo diretor da MI-6 e Albert Finney é um antigo empregado da família de Bond. O filme homenageia a série com citações aos outros filmes de 007, que inclusive usa um dos carros antigos do espião. Javier Bardem faz um vilão que, desta vez, não quer conquistar (ou destruir) o mundo, mas sim resolver pendências pessoais. Há sequências difíceis de acreditar, como esperado, e o final é um tanto anticlimático. "Operação Skyfall", no entanto, é um bom episódio para comemorar os 50 anos da série que começou com "O Satânico Dr. No", em 1962, em que Bond era interpretado pelo eterno Sean Connery. Visto no Kinoplex Campinas.