segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Toda Prova

Steven Soderbergh brinca com os gêneros ação e espionagem nesta obra mista; "A Toda Prova" tem explosões, artes marciais e uma heroína típicos de um filme de ação. Ao mesmo tempo, carrega as origens do cinema independente que Soderbergh tem nas veias e, por vezes, soa como uma bem feita paródia do diretor aos filmes da série "Bourne". A começar que o papel principal é da ex-lutadora de MMA Gia Carano. Ela é Mallory Kane, soldado contratada de uma firma particular americana que presta serviços ao governo (e também faz serviços sujos por conta própria). Mallory é bonita, atlética e incansável, capaz de correr atrás de um bandido por quarteirões ou vencer uma luta corpo a corpo com tropas de elite europeias. Após um serviço de resgate em Barcelona, Mallory é traída pelo seu chefe, Kenneth (Ewan McGregor), que a coloca em uma armadilha. Ela é enviada à Irlanda para fazer par com um agente britânico interpretado por Michael Fassbender, e descobre que havia sido usada em Barcelona para entregar um refém a um grupo rival (liderado pelo ator francês Mathieu Kassovitz). No quarto de hotel, Fassbender tenta matá-la. "Nunca pense nela como uma mulher", prevenira McGregor.

Pode-se notar nesta sinopse duas coisas: o elenco excepcional e a trama confusa. Soderbergh usa de seu prestígio para colocar em papéis coadjuvantes atores do calibre de Fassbender, Michael Douglas, Antonio Banderas, Bill Paxton, Kassovitz, entre outros. Eles servem também para ajudar na interpretação de Gia Carano, que apesar de bonita e lutar muito bem, não é grande atriz. Mas não é ruim, dentro das limitações do papel. A trama usa de todos os clichês de filmes de espionagem, como as locações internacionais (Barcelona, Dublin, Londres, Nova York) e as reviravoltas do gênero. Soderbergh, no entanto, coloca uma pitada de filme independente e autoral na obra, assim como fez com as série "Onze Homens e um Segredo". Ele assina não só a direção, mas a direção de fotografia e a edição (sob pseudônimos), coisa que fez até em filmes de grande orçamento como "Traffic" (2000), pelo qual ganhou o Oscar de melhor diretor. A sequencia passada em Barcelona, quando Mallory e equipe resgatam um refém, subverte os clichês na montagem e principalmente na trilha sonora de David Holmes.

O roteiro de Lem Dobbs tenta humanizar a personagem através da figura de seu pai (Bill Paxton) e em uma cena (vergonhosa, é verdade) em que Mallory chora a morte de um colega de trabalho. No resto do tempo, no entanto, Mallory Kane é implacável como Jason Bourne e distribui socos e chutes em cenas de luta muito bem coreografadas. "A Toda Prova" não traz nada de novo, mas entretém e é bem feito, e Soderbergh coloca seu toque pessoal na obra.


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