Marilyn Monroe e Sir Laurence Olivier. Ele era um dos atores mais venerados da Inglaterra, um mestre da interpretação, um dos responsáveis pela popularização de Shakespeare no cinema. Ela era a maior sex symbol de Hollywood, a garota aparentemente frágil e ignorante que derretia o coração dos homens e provocava a inveja nas mulheres. Olivier, apaixonado por ela como todo mundo, a convidou para atuar a seu lado em "O Principe Encantado", filme de 1957 que seria produzido, dirigido e interpretado por ele. Em poucos dias de filmagem, porém, o mestre inglês iria se arrepender da escolha. Marilyn era insegura, instável, chegava atrasada ao set de filmagem (ou simplesmente não aparecia) e, insulto maior a Olivier, tinha sua própria consultora de interpretação, Paula Strasberg, esposa do lendário Lee Strasberg, do Actor´s Studio de Nova York.
Os bastidores das filmagens de "O Príncipe Encantado" ganharam a forma de um livro escrito pelo terceiro assistente de direção de Olivier, um novato chamado Colin Clark; dedicado e inocente, Clarke teria tido uma relação próxima com Monroe, a maior diva do cinema. "Sete dias com Marilyn" é um filme bastante convencional, que só escapa de parecer um telefilme pela qualidade do elenco. O diretor Simon Curtis acertou ao escalar Michelle Williams para o papel de Monroe. Poucos conseguiriam imaginar que uma atriz baixa, magra e pouco memorável como Williams pudesse encarnar a sex symbol de forma tão eficiente. A Marilyn de Williams não é mera imitação e ela compensa a falta do físico de Monroe com uma interpretação que traz a fragilidade e insegurança da loira. Laurence Olivier é interpretado pelo que muitos consideram ser seu herdeiro nos filmes shakespearianos, Kenneth Branagh, que como ator e diretor já levou várias obras do poeta inglês ao cinema (como "Henrique V", "Muito Barulho por Nada", "Otello", "Hamlet", entre outros). Branagh está perfeito no papel, mas é fato que Michelle Williams, assim como a personagem que interpreta, rouba todas as cenas.
Eddie Redmayne interpreta Colin Clark, um rapaz fanático por cinema que, após muita insistência, consegue um emprego na produtora de Laurence Olivier. Quando os ânimos começam a esquentar no set de filmagem e fica claro que Olivier e Monroe não conseguem trabalhar juntos, os bons modos do rapaz atraem o interesse de Marilyn, que começa a requisitar sua presença. Clark, no início, serve apenas como um ombro amigo mas, nas mãos de Monroe, logo se transforma em algo mais. A atriz era paparicada (e cobrada) por todos e vivia à base de pílulas para dormir (que acabariam por levá-la à morte cinco anos depois, em 1962). Colin, que era sete anos mais novo que Marilyn, obviamente se apaixona por ela, apesar do aviso de todos de que o romance não iria durar. O retrato de Marilyn feito pelo filme não é ruim, mas fica claro que ela era uma mulher que usava de seus encantos para manter alguns homens interessados por algum tempo. Pelo tempo que dura, o flerte entre o rapaz e a atriz é mostrado em cenas idílicas em que ambos andam pelos campos ingleses ou nadam em riachos gelados. O filme é competente ao evocar os figurinos de época e o set de filmagens em que Olivier tenta, a todo custo, terminar seu trabalho. Tanto Michelle Williams quanto Kenneth Branagh receberam indicações ao Oscar por suas interpretações, e "Sete dias com Marilyn" é um filme agradável de se assistir, embora nada memorável.
Câmera Escura
Nenhum comentário:
Postar um comentário