terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tão Forte e Tão Perto

Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto de nove anos que perdeu o pai no atentado de 11 de setembro de 2001. Naquela manhã, Oskar chegou mais cedo da escola e encontrou algumas mensagens gravadas pelo pai na secretária eletrônica, seus últimos registros com vida. A mãe (Sandra Bullock) realizou um enterro simbólico com um caixão vazio, coisa que o pequeno Oskar não consegue aceitar. Ele não é um garoto comum. Extremamente inteligente mas pouco sociável (com suspeita de que seja portador da Síndrome de Asperger), Oskar não consegue digerir a ideia da morte do pai, de quem era muito próximo. Thomas Schell (Tom Hanks, visto em flashbacks) também não era um pai comum. Joalheiro de profissão, ele queria ter sido um cientista e gostava de desafiar o filho com missões estranhas como encontrar provas da existência de um sexto bairro de Nova York, que teria desaparecido.

Um ano após os atentados, Oskar encontra no quarto do pai um misterioso envelope em que está escrita a palavra "Black". Dentro do envelope há uma chave. Acreditando ser um desafio deixado pelo pai, o garoto cria um método para visitar as 472 pessoas com sobrenome "Black" da cidade de Nova York, para descobrir que porta aquela chave abre. "Tão Forte e Tão Perto" é baseado no livro "Extremely Loud & Incredibly Close", de Jonathan Safran Foer. Dirigido por Stephen Daldry ("O Leitor"), com roteiro de Eric Roth ("Forrest Gump") e trilha de Alexander Desplat, o filme tem uma premissa interessante, mas peca pela falta de bom senso. Por mais brilhante que seja o garoto, é necessária uma boa dose de fé para acreditar que Oskar, com nove anos de idade, consiga se virar sozinho pelas ruas de uma cidade como Nova York. E mais, Oskar sofre de vários tipos de fobias (ele se recusa a andar de metrô, por exemplo), o que torna sua missão ainda mais inacreditável. A interpretação do garoto e a boa qualidade técnica em geral, no entanto, conseguem criar suspense suficiente para, ao menos no princípio, tornar o filme interessante. Tom Hanks (e mesmo Sandra Bullock) estão muito bem e o elenco é complementado pela participação especial de Max von Sidow, que aos 82 anos interpreta um senhor que se torna parceiro de Oskar em parte de sua jornada.

O "espectro" do 11 de setembro paira sobre toda a obra e há certa verdade nas acusações de que tanto livro quanto filme explorem a tragédia para arrancar lágrimas da platéia. A parte final, quando se descobre que a mãe de Oskar sabia mais do que aparentava, torna a trama ainda mais absurda e até cruel. O que o garoto precisava é de uma boa terapia para lidar com a morte violenta do pai e não de uma aventura improvável, sozinho, em uma das cidades mais perigosas do mundo. O filme foi feito a toque de caixa para coincidir com o aniversário de dez anos dos atentados, mas foi lançado só no final de 2011 nos Estados Unidos e chega ao Brasil dia 24 de fevereiro. O veterano Max von Sidow recebeu uma indicação (merecida) ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, mas "Tão Forte e Tão Perto" surpreendeu a todos com a indicação a Melhor Filme, sem nenhuma outra indicação a prêmios importantes como direção ou roteiro. Se ganhar, vai ser uma das maiores zebras do Oscar.


Um comentário:

Carolina Cristina disse...

Ainda bem que não ganhou... Filme chato!!!