terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tudo pelo Poder

Falta pouco mais de dois meses para o próximo Oscar, o prêmio mais importante do cinema americano. É nessa época que os filmes do circuito comercial apresentam uma qualidade maior do que os tradicionais filmes de ação, efeitos especiais ou comédias românticas. "Tudo pelo Poder" chega como candidato sério a vários prêmios. George Clooney dirige, atua, produz e co-escreve o roteiro desta intriga política; ele interpreta Mike Morris, um dos finalistas à indicação de candidato oficial do Partido Democrata à presidência da república. Clooney é bom diretor, já tendo mostrado seu valor no ótimo "Boa noite e boa sorte" (2005) e em "Confissões de uma mente perigosa" (2002). Ele é abertamente liberal e simpatizante do Partido Democrata, o que não significa que "Tudo pelo Poder" seja um filme enaltecendo o partido. Pelo contrário, é um retrato cínico sobre os bastidores de uma campanha presidencial, em que não basta ser a "melhor pessoa" para ser o melhor candidato.

Ryan Gosling (de "Amor a toda prova") é Steve Meyers, um dos coordenadores da campanha de Morris ao lado do veterano Paul Zara (Philip Seymour Hoffman). Steve é competente mas tem uma característica que, no mundo da política, pode ser um ponto fraco; ele acredita que seu cliente seja não só o melhor candidato, mas um homem íntegro e honesto. "Ele é um político", lhe diz a jornalista interpretada por Marisa Tomei. "Ele vai decepcioná-lo". Morris está concorrendo à indicação democrata contra o Senador Pullman (Michael Mantell), mas seus inimigos verdadeiros estão entre os coordenadores da campanha do adversário, chefiados por Tom Duffy (Paul Giamatti). Como se pode ver, a produção tem um elenco acima da média; Gosling mostra a cada filme que é um ator de primeira e encara de frente feras como Clooney, Hoffman e Giamatti. Este último, como Tom Duffy, representa o tipo de assessor de imprensa que acredita que os fins justificam os meios.

Baseado em uma peça de Beau Willimon, o roteiro foi co-escrito pelo autor com Clooney e Grant Heslov, e é inevitável a comparação com os roteiros que Aaron Sorkin (Oscar de roteiro por "A Rede Social") escreveu para a série política de TV "The West Wing". Os diálogos são inteligentes e revelam o tortuoso processo democrático norte-americano, em que às vezes valem mais os votos dos delegados do que o voto direto da população (deve-se lembrar que George W. Bush chegou à Casa Branca mesmo tendo perdido no voto popular). Para dar mais tempero ao roteiro, Steve se envolve com uma bela estagiária (Evan Rachel Wood, de "O Lutador"), que carrega um segredo que, se revelado, pode se tornar uma "bomba" nas mãos da mídia. Contar mais seria estragar a trama. É curioso como Clooney tenta mostrar que talvez seja possível ser íntegro nas intenções mas podre na vida pessoal. Qual é o limite ético? É válido quebrar as próprias convicções para que o melhor programa de governo chegue ao poder?


2 comentários:

Simone Campos disse...

Poxa fico triste que primeiro parágrafo = introdução

segundo = sinopse

só no terceiro que vc comenta, e bem rapidamente :(

João Solimeo disse...

Tudo bom, Simone? O problema em comentar um filme como "Tudo pelo Poder" é que não quero entregar as surpresas do enredo. Há muito o que se falar sobre o que acontece no filme, mas como ele acabou de estreiar não fica bem estragar a diversão de quem vai ver o filme ainda. É um dilema complicado quando se escreve uma crítica...analisar o filme como um todo ou só o que você pode contar?
Obrigado pela visita.