
Corte para o Século XXI. Um diretor "nerd" chamado J.J. Abrams (de "Lost" e "Star Trek") propôs ao diretor Steven Spielberg uma parceria. O resultado, "Super 8", é uma bem intencionada homenagem não só ao formato de filmes caseiros mas, antes de tudo, ao cinema de Steven Spielberg. Há várias citações ao "mestre da fantasia" (como já foi chamado Spielberg), como o roteiro passado em uma cidade pequena, garotos andando de bicicleta, raios de luz cruzando a tela e um mistério que pode, ou não, ter vindo do espaço. Vale dizer que, por mais bem intencionada que seja a produção, a obra fica um pouco aquém do esperado.
Em 1979, com a chegada das férias de verão, o garoto Joe Lamb (Joel Courtney) e um grupo de amigos resolvem fazer um filme de zumbis. Joe está animado com a perspectiva de trabalhar com a bela Alice Dainard (a precoce Elle Fanning, de 13 anos), que aceitou fazer um papel. Uma noite todos vão à estação de trem da cidade para filmar uma cena e então (em clara citação a Steven Spielberg) testemunham um espetacular acidente entre um trem e uma caminhonete. A cena, diga-se de passagem, é a melhor do filme, e os efeitos sonoros foram feitos por Ben Burtt (antigo colaborador de Lucas e Spielberg). Nos destroços do trem os garotos encontram centenas de estranhos cubos brancos, e Joe vê que "alguma coisa" foge de um dos vagões. Os garotos pegam a câmera de Super-8 (que havia filmado o acidente) e desaparecem do local logo antes da chegada de um grupo do exército. O acidente e a presença do exército mudam a rotina da pequena cidade de Lilian, Ohio. Coisas estranhas começam a acontecer; os cachorros fogem; motores e aparelhos elétricos desaparecem misteriosamente; a eletricidade falha. De tantos em tantos minutos, em cenas coreografadas para que o espectador não veja o que está acontecendo, pessoas são atacadas por "algo". O que está acontecendo?
J.J. Abrams é bom diretor ("Star Trek" é impecável) mas está longe de ser um Spielberg na hora de lidar com cenas de ação ou emoção. "Super 8" flui bem quando foca nos garotos fazendo seu filme de zumbis ou vagando pela cidade, mas certas nuances escapam às mãos do diretor. A relação entre Alice e Joe poderia render muito mais, até porque falta ao jovem ator o que sobra de talento em Fanning. Em uma cena em que os dois estão vendo imagens em Super-8 da mãe de Joe, por exemplo, Alice se emociona e chora de verdade enquanto o garoto não demonstra nada. E por que será que Abrams é obcecado por monstros escondidos? Assim como em "Lost" e em "Cloverfield" (produzidos por ele), a criatura em "Super 8" permanece invisível por quase todo o filme. Isso é interessante para criar suspense, sim, mas após certo tempo o recurso acaba cansando (e, assim como em "Cloverfield", quando é revelado, o monstro parece mais feio do que realista).
Com citações a "Tubarão", "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Os Goonies", "E.T. O Extraterrestre", entre outros, sobram homenagens mas falta um pouco de talento ao filme de Abrams. "Super-8" está pronto para uma boa "Sessão da Tarde", mas nada além. Imperdível: durante os créditos, o filme de zumbis que os garotos estavam fazendo é exibido na íntegra.
Amblin' é em 35mm.
ResponderExcluirDe fato, já corrigido. Abraço.
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