Este belo documentário de nome difícil foi exibido ontem no 4º Festival de Cinema de Paulínia. O título se refere à uma região de Minas Gerais, a Serra de Ibitipoca, em que o tempo parece ter parado. Com bela fotografia de Felipe Scaldini (também diretor do longa), o filme mostra de forma poética depoimentos de vários moradores dos pequenos povoados da região. Há diversas sequencias feitas em "time lapse" (cenas fotografadas com intervalo longo entre os frames, acelerando o tempo) que mostram desde imagens prosaicas, como uma criação de galinhas, até belas paisagens serranas, em que as nuvens se formam e desfilam pelo céu, acompanhadas por uma música estilo "new age" composta por Francisco Franco.
Os depoimentos são diversos. Há senhores e senhoras bastante vividos que, aparentemente, não conhecem outro lugar na Terra. "Só saio daqui para aquele cemitério lá", diz um deles. Há contrastes estranhos, como a imagem de um senhor falando sobre sua rotina diária de levantar cedo e trabalhar a terra, vestindo uma camiseta toda escrita em inglês. Há a velha senhora que diz que a única coisa que a mantém viva é a fé em Deus, pois já enfrentou muitos "barrancos", como a morte do marido. Há um músico que, em um relato que levou a platéia às gargalhadas, contou sobre algumas lendas da região, como a de uma luz muito forte que desce do céu como uma estrela cadente; o lugar onde ela desce mostraria onde encontrar ouro. Conforme o documentário se aproxima do final, os povoados vão se tornando maiores, as pessoas mais articuladas e as marcas do "progresso" mais presentes. É levantado um debate sobre os benefícios e malefícios que o turismo trouxe à região. Por um lado, o dinheiro deles é bem vindo. Por outro, as paisagens e o ecossistema podem estar ameaçados.
Bom documentário que alterna imagens muito belas com depoimentos engraçados, dramáticos, tristes ou poéticos.
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