
Todo tipo de clichê de filme americano possível pode ser encontrado nesta produção da Globo Filmes. Há o "cérebro" por trás da operação, um bandido que se veste de forma impecável, tem a fala macia e, para deixar a mensagem mais clara ainda, é frequentemente visto em frente a um tabuleiro de xadrez. Ele é o Barão (Milhem Cortaz, muito bem nos dois "Tropa de Elite", mas sem carisma para ser o vilão "sofisticado" deste filme). Há a mulher fatal, Carla (Hermila Guedes), usando salto alto e saias curtíssimas até dentro de um túnel cheio de barro; ela é mulher do Barão, mas flerta abertamente com "o ladrão boa pinta", Mineiro (Eriberto Leão), o segundo em comando. Há o policial das antigas, prestes a se aposentar, o Delegado Amorim (Lima Duarte), que desconfia da tecnologia e prefere seguir seu "faro". Há a policial feminina, Telma (Giulia Gam) que admira a técnica e tem uma relação paternal com Amorim (lembrando a dupla Rachel Ticotin e Robert Duvall de "Um Dia de Fúria"). Há até um personagem que é uma mistura de dois clichês; Devanildo (Vinícius de Oliveira, o eterno garoto de "Central do Brasil") é, ao mesmo tempo, o personagem gay típico, cheio de chiliques, e o rapaz evangélico, seguidor de Jesus.
O roteiro de Renê Belmonte é baseado no famoso roubo ocorrido no Banco Central da cidade de Fortaleza, em 2005, em que bandidos cavaram um túnel de mais de oitenta metros e levaram 164 milhões de reais. A história real era mais do que propícia para um bom filme de assalto, e o de Marcos Paulo tem bons momentos. Uma montagem equivocada, no entanto, mais atrapalha do que ajuda a trama. O filme, que começa do ponto de vista dos bandidos e da preparação para o roubo, muda de repente (e sem uma boa justificativa) para uma montagem paralela em que vemos o ocorrido após o roubo e a prisão de grande parte dos envolvidos. Se esta era a linha a ser seguida, por que não fazê-lo desde o início? Há um momento em que as linhas se cruzam e fica difícil entender a cronologia de certas sequências.
Tonico Pereira, como o "Doutor" (o engenheiro responsável pela construção do túnel), Gero Camilo como "Tatu" (que cava o túnel) e Antonio Abujamra como Moacir (o contato da segurança que passa as plantas do banco para os bandidos) fazem boas participações especiais, o que contrasta ainda mais com a má atuação de grande parte do elenco. O filme foi apresentado no 4º Festival de Cinema de Paulínia e o final, em aberto, deu margem a discussões sobre uma possível continuação. Será?
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