
Deneuve é Suzanne Pujol, fiel dona de casa e esposa exemplar de Robert Pujol (Fabrice Luchini), um homem machista que a trata da mesma forma que os 300 empregados da empresa de guarda-chuvas que comanda: mal. Robert é daqueles homens "à moda antiga" que acha que ser um bom marido é manter a esposa em uma casa grande e cheia de eletrodomésticos, enquanto frequenta o prostíbulo na cidade e tem um caso com a secretária. Suzanne também é um retrato do seu tempo, a esposa que cozinha, lava, passa e faz vista grossa às infidelidades do marido (e, secretamente, não é tão fiel assim). Eles têm dois filhos; Joelle (Judith Godrèche) é a queridinha do papai e tão reacionária quanto ele. Ela desfila com um cigarro na mão e um penteado ao estilo de Farrah Fawcett, de "As Panteras", dizendo que vai se divorciar do marido que está sempre viajando. Já Laurent (Jérémie Renier) se interessa por arte e diz que não gosta de política, embora tenha tendências para a esquerda.
Uma greve na fábrica de guarda-chuvas provoca um ataque de fúria em Robert Pujol que, se recusando a negociar com os empregados, é sequestrado e preso no escritório. Cabe a Suzanne pedir ajuda ao comunista Maurice Babin (Gérard Depardieu), e quando os dois se encontram fica claro que alguma coisa aconteceu no passado deles. Em flashbacks coloridos e teatrais, Ozon mostra como os dois tiveram um caso tórrido em uma tarde, há muitos anos. Os diálogos são muito engraçados; o roteiro, do próprio Ozon, é baseado na peça de Pierre Barillet e Jean-Pierre Gredy e, além de bem humorado, é uma sátira ao modo de vida e às mudanças sociais e políticas que sacudiram o mundo nas décadas finais do século XX. Com Robert liberto e enviado em uma viagem de recuperação de três meses, Suzanne Pujol toma o comando da empresa e, negociando com os empregados, recupera as finanças, emprega os filhos e dá vida nova ao negócio de guarda-chuvas. Ao mesmo tempo, Suzanne deixa de ser uma "esposa troféu" e se descobre como mulher.
Aos 67 anos, Catherine Deneuve continua bela e ótima atriz. Observe com que elegância ela cruza a tela e como suas expressões revelam, sutilmente, as nuances de sua personagem. Depardieu, igualmente, continua um tremendo ator e todas as suas cenas com Deneuve valem o filme. Há uma ótima sequencia em que os dois vão a uma boate típica dos anos 70, com bolas de espelho girando e luzes coloridas no chão, e fazem um número de dança que é ao mesmo tempo engraçado e nostálgico. O filme explora com humor as mudanças de papel entre os sexos, com as mulheres saindo de casa e começando a trabalhar. Há uma cena que mostra depoimentos reais da época, na televisão, de homens e mulheres falando sobre o trabalho feminino. O trabalho de recriação de época é muito bom, principalmente o figurino e a fotografia, que emula os filmes dos anos 70. Em algum lugar, sem dúvida, Truffaut deve estar sorrindo. Visto como cortesia no Topázio Cinemas de Campinas.
Rapaz, gostei não. Claro que vale pela divina Deneuve, mas achei boring que só. Fançois Ozon pode mais. O anterior RICKY é bem melhor. Ainda do Varilux, digo o mesmo de COPACABANA, vale pela sempre ótima Isabelle Huppert, mas é muito fraco.
ResponderExcluirAcho que como a safra Hollywoodiana está cada vez mais composta por super heróis de histórias em quadrinhos, monstros e personagens em 3D, quando aparecem filmes sobre "gente" como estes, reconheço, a tendência é gostar mais do que eles realmente valem.
ResponderExcluirSe for para julgar o cinema francês pelos três filmes que vi ontem (além da animação), diria que é um cinema com estilo cada vez mais leve, destinado a uma diversão com qualidade mas não muita profundidade. E bastante baseado no talento das atrizes, seja "medalhões" como Deneuve e Huppert, seja na de jovens como Tautou.