
A situação financeira, com o tempo, acaba se revelando o menor dos problemas de Lope de Vega. Conquistador, ele se envolve com a controladora filha de Velázquez, Elena (Pilar Lopez de Ayala) e com Isabel (Leonor Watling), que está de casamento marcado com o Marquês de Navas (Selton Mello, interpretando um personagem português). A produção de época é muito bem feita, em especial a maquiagem, os figurinos e a maravilhosa direção de fotografia do brasileiro Ricardo Della Rosa, que compõe verdadeiros quadros com seus planos. O roteiro deixa um pouco a desejar, principalmente na primeira parte. O filme se arrasta em exposição desnecessária, principalmente na morte da mãe de Lope. O próprio personagem do poeta demora a se definir e Waddington se alonga em cenas que mostram Lope "descobrindo" o teatro e se maravilhando com os bastidores.
Cinebiografias de escritores e dramaturgos são bastante semelhantes, e Lope tem vários momentos que lembram "Shakespeare Apaixonado" (nas cenas passadas no teatro) e "Cyrano de Bergerac" (Lope serve de poeta contratado para o Marquês de Navas, que tenta usar como suas as palavras de Vega). Há algumas cenas de ação, inclusive duelos de esgrima, que destoam um pouco da teatralidade presente em quase todo resto do filme. Há passagens plasticamente muito belas, principalmente as que mostram a fuga de Lope da Espanha para Portugal, onde ele pretende embarcar nas caravelas para "as Américas". Segundo o filme, Vega foi chamado por Miguel de Cervantes (autor de Dom Quixote) de "monstro da natureza", pelo enorme volume de seu trabalho. Vega teria revolucionado o teatro espanhol com sua mistura de comédia e drama. Como quase todo artista, sua vida era tão atribulada quanto sua obra apreciada.
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